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sábado, 16 de julho de 2011

DE FILHO PARA PAI OU DE PAI PARA FILHO

DE FILHO PARA PAI OU DE PAI PARA FILHO

Quando dei baixa do exército e voltei a trabalhar no hospital do Dr. Kit, andava muito preocupado com os meus pais que estavam morando em Passo Fundo no Rio Grande do Sul. Meu pai tinha um pequeno armazém. Numa sexta-feira o armazém foi assaltado e os ladrões levaram todo o estoque em um caminhão e desapareceram. Meu pai foi à falência. Meu irmão Orlando arrumou um serviço para meu pai na construção de uma barragem no Salto Lili no rio Jangada, onde mais tarde construíram uma fábrica de papel da firma Níquel Forte com sede em Porto União.
Fui visitar meus pais e aproveitei para ver onde ele trabalhava e como era o seu trabalho. Ao chegar à pedreira, vi meu pai com sessenta anos carregando uma padiola cheia de pedras tendo como companheiro um homem escuro, forte e bem jovem. Ambos subiam e desciam andaimes para jogar as pedras no concreto para a barragem que ia represar as águas, vendo meu pai com o rosto e a camisa molhados de suor debaixo de um sol quente, eu não me contive e chorei.
Sem que ele me visse, fui para casa e no mesmo dia fui procurar o Sr. Ari, encarregado da obra e falei-¬lhe que queria trabalhar lá. Como estava faltando gente, ele contratou-me. Só que fiz um pedido a ele: queria ser companheiro de meu pai no transporte de pedras e ele concordou. Voltei a Francisco Beltrão, acertei minhas contas no’ hospital e fui assumir meu novo emprego. Com esta atitude, fiquei mais aliviado. Não teria paz de espírito, sabendo que meu pai estava trabalhando no pesado e eu no serviço leve.
Ele não aprovou minha idéia, mas acabou concordando, pois não havia outra solução e eu já havia decidido. Na obra havia um armazém que fornecia alimentos para os funcionários e todos os meses antes que meus pais fizessem o rancho, eu ia ao armazém e comprava tudo o que eles precisavam. Não deixava meus pais gastarem nada. E meu pai com seu salário compraram uma pequena colônia de terra a qual pagava um pouco por mês. Nosso trabalho era muito pesado, até hoje trago uma cicatriz na mão de um calo que inflamou e tive que operar em Porto União onde fiquei quinze dias internado. Quase perdi a mão.
Depois de um ano trabalhando com meu pai, vendo que ele já estava numa situação de vida melhor, voltei a trabalhar em Francisco Beltrão. Ele ainda trabalhou lá por sete anos, ajudou a construir a represa e depois foi trabalhar numa fábrica, onde se aposentou. Aí vendeu a colônia de terra e comprou uma casa em Curitiba perto dos outros filhos, pois o seu sonho era morar lá. Um sonho que eu indiretamente ajudei-o a realizar e me sinto feliz com isso.

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