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segunda-feira, 26 de abril de 2010

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GENTE DE NOSSA TERRA


Historias que o povo conta:


“Se você, viajante, vendedor ou, turista um dia passar numa certa cidade de nome de Francisco Beltão no sudoeste do Paraná, a 450 km, verá uma placa de madeira, já corrompida pelo tempo, mas aonde ainda dá para se ler:” bem-vindo a “Francisco Beltão. Indo um pouco mais adiante dependendo do lado que entra, há outra placa, também de madeira e tão castigada quanto a outra, Bem vindo a “Marmeleiro”: a uma beiçada de Francisco Beltrão, como diz o meu cunhado Nelson Valcanaia morador em Camapuã Mato Grosso do Sul. E ai, Você pode estar perguntando, porque o meu interesse em falar desta cidade? Francisco Beltrão foi à cidade que escolhi para começar a minha vida profissional por muito tempo trabalhei com o médico Dr. Kit Abdala dono do Hospital Casa de Saúde Dr. Kit Abdala, hoje Hospital São Francisco, ali me casei, com Zelinda. Posteriormente estalei uma farmácia no bairro da Cango, lá pelos anos de 1969. Percorri o tempo me dedicando em conhecer as historias da cidade do que as atividades profissionais fizeram muitas entrevistas com moradores antigos da região, e foi na época que prestei serviço militar no Exército de Francisco Beltrão que mais soube através das pessoas o drama que viveu esta população. Aí que me surpreendi e anotei em um rascunho as historias desta idade, que hoje depois da minha aposentadoria resolvi escrever um livro. Francisco Beltrão também tem historias, historias que muitos não gostariam de se lembrar, preferiam apagar da memória e da história da região. Como não tem maneira de se apagar devido às profundas chagas que assinalaram a memória dos habitantes da época, mas para continuar viva estes acontecimentos é necessário relembrar com o intuito de homenagear o povo valente que defenderam com heroísmo os filhos deste pedaço de chão brasileiro. Meus amigos amantes das historias contada pelo povo, Guerra dos Canudos, Contestado, Farropilha e outra podem ser comparada com o levante dos colonos no sudoeste. Chegando ao local onde outrora Em 1912 ocorreram grandes batalhas de colonos e desordeiro assassinos sanguinários, o movimento dos colonos afastou as companhias que queria tomar a força o que pertencia aos colonos assentados da região do sudoeste do Paraná. Fanáticos, os quais atacaram sem piedade a Vila de Marreca e no ano de 1967 os colonos se revoltaram e expulsaram os malfeitores da região do sudoeste do Paraná, bem antes das expulsões ocorreram muitas mortes de muita gente, em tocaia planejada pelos fanáticos grileiros. O levante dos
Posseiros de Francisco Beltrão, em outros tempos chamavam-se marrecas. Para homenagear o engenheiro civil Francisco Trevizan Beltrão que na qualidade de diretor do departamento no Oeste, foi iniciador do povoamento do atual município.
Francisco Beltrão originou-se em 14/11/1951 de Clevelândia que se emancipou em 28/06/1892 de Palmas que se desmembrou em 1304. 1877 de Guarapuava, que se originou em 1707. De 1852 de Castro, que se emancipou em 24/09/1788 de Curitiba, que em 29/03/1693 se originou de Paranaguá, que foi criado por carta régia em29/07/1648. Teve como seus primeiros habitantes umas populações indígenas que habitavam as extensas matas, os guapuas, cheripas, chavas e caiurucrês estas raças indígenas usufruíram da natureza existente nessa região. Depois vieram os exploradores de erva mate os primeiros exploradores tiveram desabores com tribos indígenas.
Nesta época foi movimentado por conta dos ciclos ervateiro e madeireiro, sendo este último, responsável pelo movimento de legalização das terras, que foi conduzido te tal modo que criou grande instabilidade social na região sudoeste do estado do Paraná.
O povoamento de Francisco Beltrão iniciou-se no ano de 1922, mas somente na década de quarenta foi efetivado.
Em 1944 surgiu a maior imigração de pessoas na região, estimulada por integrantes do departamento de terra do estado, muito incentivou a colonização das terras fazendo intensa propaganda da fertilidade das terras do sudoeste, atraída também pela abundancia e facilidade da aquisição de terras.
No ano que a revolta dos colonos completa 50 anos, nos faz lembrar um pouco da historia de um tempo, em que a briga pelas terras do sudoeste, não somente o poder político, mas o homem de bem, mulheres e até crianças, isto durou até a expulsão das Companhias de terras em 1957.
As pessoas do sudoeste viveram momentos de agonia e de pânico, lamentações das percas trágicas de seus familiares, assassinados barbaramente por sanguinários jagunços.
A Cango (Colônia Agrícola Nacional General Osório) criado pelo presidente Getúlio Vargas em 1943 isto no governo de Eurico Gaspar Dutra (1945-1950). A Cango foi de certa forma esquecida, o presidente Getulio Vargas era a favor da internacionalização do Estado, contrario a vontade do povo.
Conseqüentemente abandona a região, incentivada pelo governador do Paraná Moisés Cupion. A revolta só foi possível, pelo processo de intervenção do estado. Na região do sudoeste, o poder político interferiu muito nos conflitos da região, as facções políticas do P.T.B. e do U.D.N. lideravam os meios ideológicos da população do sudoeste do Paraná.
A função da Cango, foi muito importante no lugar onde a Cango foi estrelada, teve inicio um povoado, a que denominava Santa Rosa; Em 1944 chegaram às primeiras famílias.
Os colonos recebiam tratamento medico, ganhavam ferramentas e sementes, além de todo o material para a construção de suas casas.
A única coisa que a Cango não ofereceu para os milhares de pessoas que conseguiram se fixar na região foi à documentação definitiva das terras, o que geraria problemas futuros.
A Cango foi muito importante na região, até a chegada das companhias de terras vinda de fora.
Na época diversas companhias colonizadoras se embrenharam na imensa mata da região do sudoeste, objetivando medir e demarcar terras a revelia da lei, não respeitando os antigos posseiros das terras, estas empresas se valeram de negociatas políticas para conseguirem a concessão de algumas glebas. Na época os meios de comunicação vinham de uma radio de Pato Branco, radio Colméia, que na voz do brilhante radialista Ivo Tomazzoni, orientava e transmitias aos posseiros. Que não caísse no golpe das companhias.
Nesta época não tinha estradas não tinha energia elétrica e também não tinha telefone, o único meio de comunicação era a radio colméia, os jornais chegavam na região com uma semana de atraso, as noticias era só aquelas que o radialista Ivo tomazoni anunciava retransmitindo o que o jornal nacional comunicava, as os rádios eram a válvulas a energia que fazia a rádio funcionar era a bateria.
A região de Francisco Beltrão era a mais afetada, e desejada pelos especuladores da SITRA, a SITRA tornou-se uma empresa com ramificações em diversos municípios do sudoeste, proprietária da extensa área de terras adquirida sem transação imobiliárias no fim do governo de Marechal Eurico Gaspar Dutra. Os colonos tinham informações que a companhia SITRA, umas das colonizadoras tinham adquirido uma área de 500 mil hectares mais de 20 municípios hoje habitado.
A SITRA vendia as terras, mas não fornecia documentos.
Esta empresa provocou também problemas fundiários que via de regras, eram resolvida a bala. Sucessivas questões de terras envolvendo diversas companhias colonizadoras ocasionaram o levante dos posseiros, em 1957 com tristes desdobramentos.
Mariopolis tornou-se a sede da SITRA e foi beneficiada com algumas concessões.
Um dos sócios da SITRA tinha idéia de instalar no sudoeste do Paraná uma indústria de papel, e celulose, a maior da América Latina, porque existiam na região de Francisco Beltrão, de 8 a 10 milhões de pinheiros em situações de corte. Muitas famílias de colonos tiveram dissabores, sofrimentos, massacres, mortes, torturas, perseguições era um tempo de terra de ninguém. Os colonos sofreram agruras nas mãos de jagunços, por questões de litígio agrárias, patrocinadas pelas companhias. O levante dos colonos teve como ponto culminante a cidade de Francisco Beltrão no dia 10 de outubro de 1957 data que marcou a expulsão das companhias de terras, até então as pessoas viviam em situação de insegurança, pois o governo reagia contra o povo, muitas vezes de maneira violenta. No dia 26 de junho de 1963 os agricultores reuniram-se novamente em Francisco Beltrão para receber o grupo executivo de terra do sudoeste do Paraná a “GETSOP” e os primeiros títulos de terra transformando enfim, os chamados posseiros em verdadeiros proprietários.
Foi um movimento justo. Dizem que há processos tramitando na justiça até hoje. Uma passagem que deveria ter até hoje, repercussão nacional, pois se trata de um dos três grandes conflitos agrários do país, junto com canudos e o contestado. No período de 31 de março de 1959 o 1º do 13º companhia de infantaria foi instalado em Francisco Beltrão para recrutar combatentes para segurança da população. Um dos motivos do ministério da guerra, instalar esta guarnição militar em Francisco Beltrão, foi primeiro pelos conflitos regionais, segundo por se tratar de faixa de fronteira.
A partir de 2000 a 1ª do 13º companhia de infantaria mudou para 16º escalão de cavalaria mecanizada. No período de 1957 até 1962 verificou-se espetacular destruição da mata de araucária e para regulamentar a situação, foi criada a GETSOP Grupo executivo de terra pra o sudoeste, através do decreto nº. 51.431 do dia 19 de março de 1962 com o objetivo específico de titular as terras da região do sudoeste do Paraná.
Graças a esta providencia, a região de Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná poderá festejar seus aniversários com paz e prosperidade.
Com a revolta dos posseiros de Francisco Beltrão em 1957, os jagunços guilheros de terras expulsos pelos colonos e pelas autoridades militares e civis, se embrenharam nas matas, para não serem mortos pelos legitimos proprietários de terras.
Estes sanguinários guilheiros alguns deles atravessaram o Rio Iguaçu, e se acamparam



nas terras de Campo Novo hoje Quedas do Iguaçu, Três Barras do Paraná, Catanduvas, Dois Visinhos São Jorge, Verê e demais municípios do Paraná. Em alguns municípios
Tão logo instalados colocaram o seu instito assasino em prática.
Entre os anos de 196 até 1967 muitos ataques e mortes aconteceram na região, os colonos principalmente de Mirim, Flor da Serra, Fazendinha, Tapui, em Quedas do Iguaçu forão os locais que mais aconteceram ataques aos colonos pelos jagunços.
Os pioneiros mais atingidos de Quedas do Iguaçu vivenciaram estes acontecimentos trágicos.
O pioneiro senhor Stanislau Vieczdrek morador de Quedas do Iguaçu com 66 anos de idade me relatou com sinal de tristeza o abuso dos jagunços com ele e com os seus vizinhos.
Mas os colonos foram mais valentes, defenderam as suas terras, mandando os
Sanguinários jagunços para outro espaço.
Em meados de 1969, época que eu e a minha esposa morávamos em Campo Novo hoje Quedas do Iguaçu no Paraná, curioso como sempre e como sempre escutando os mais velhos, sempre com a intenção de tirar algum proveito para o enriquecimento de minhas historias, que das quais a intenção era fazer um livro.
Marculino Silveira era um senhor de 70 anos, cabelos e barba branca, que conheci em uma viajem que fiz na região do sudoeste do Paraná, Marculino era possuidor de uma memória fantástica e de muita inteligência;
Com seus olhos cheio de lágrimas me contou a triste tragédia quando perdeu toda a sua família degolada e queimada pelos fanáticos e sanguinários jagunços donos de companhias colonizadoura do sudoeste, em meado de 1967. Marculino á tempo falecido passou a vagar pelo mundo sem destino, a cada tempo ele descançava em um velho casarão de sua família nas imediações linha Mirim na cidade de Quedas do Iguaçu. E foi em uma das visitas que eu fiz a este sábio homem que ele me passou a contar algumas historias que vou comentar neste texto:
Com a construção da estrada de ferro São Paulo Rio Grande concluída em 1908, provocou e facilitou a vinda de novos colonizadores em várias regiões do Paraná e Santa Catarina e não foi diferente onde o Velho Sábio morava. A localidade até então, distrito de Porto União, emancipou-se em 23 de abril de 1962, recebendo o nome de Matos Costa, em homenagem ao capitão João Teixeira de Matos Costa. Conta o velho sábio que a cidade de Matos Costa, antes se chamava Vila São João dos Pobres. A vila era bem pequena, Tão pequena que nem constava no mapa do Brasil. São João dos Pobres nem era uma cidade e sim, um povoado, uma vila. A comunidade era formada por apenas 300 almas, entre homens, mulheres e crianças.Portanto, lá todos se conheciam.A igreja católica bem pequena mas assim mesmoopov deSãoJoão dos Pobres era muito religioso.
A biblioteca da vila tinha apenas uns poucos livros. Entre eles, a Bíblia e um livro ensebado, já até sem capa, que versava sobre as antigas civilizações. Havia também um livro que narrava a Guerra do Contestado, um livro da História do Brasil e um catálogo da lista telefônica do Paraná. Além destes cinco, considerados pela comunidade como os mais importantes, o restante do acervo da biblioteca era formado por umas duas ou três revistas O Cruzeiro a Bíblia Como o livro sagrado e outros livros e revistas que havia chegado a São João dos pobres , ninguém sabia destes livros, era um mistério. Mas havia os livros, as revistas e a lista telefônica de Santa Catarina, e era através deles que a comunidade de São João dos Pobres eram educadas, advindo daí a cultura e religiosidade do povo, além da mania de misturar nomes de santos, que eles achavam nos ditos livros e na lista telefônica, e colocar esses nomes nos filhos. Por causa disso, mesmo se não houvesse grau de parentesco, todos os moradores de São João dos Pobres cuaze todos os habitantes tinha os seus nomes bem brasileiros, carreado pelos migrantes caboclos vindos de Porto Amazonas, no Paraná, que se instalaram no local, o qual denominou São João dos Pobres.
Além do mais, já que era um pequeno povoado, lá não havia prefeito e, conseqüentemente, não havia Prefeitura e, não havendo Prefeitura, todos se locomoviam a Porto União ou União da Vitória no que tange a recursos de sobrevivência, medicamentos médico e alimentação. E ninguém era dono de nada ao mesmo tempo, pois não havia cartório de registro de imóveis. Assim, ninguém em São João dos Pobres pagava impostos e, dessa maneira, já que a Vila desconhecia políticos, todos trabalhavam para sua própria sobrevivência.
Marculino Silveira um homem com muita idade, sábio nascido em Passo das Galinhas hoje General Carneiro, morou muito tempo nas barrancas do Rio Jangada, onde foi construída em 1963 a barragem de Salto Lili de propriedade de Miguel Forte, atualmente desativada.
Marculino era o morador mais antigo da Linha Tapui, a medida que o velho sábio narrava a sua historia eu me interessava cada vez mais e me procedia diante daquele homem com os ouvidos aberto anotando tudo o que ele falava, o mais surpreendente que me deixou de boca aberta foi quando o velho sábio comentou da Guerra de 1932 que o seu pai testemunhou e passou a contar com muitos detalhes para todos os seus filhos. Algum trecho merece ser comentado neste meu relato: O velho sábio com os seus olhos penetrantes porem acesas orgulhosamente detalhou que as tropas da polícia militar do Paraná se estalaram no Tapui Para completar a historia contada pelo velho sábio Marculino Silveira, eu fui consultar os arquivos da policia militar com autorização do comandante o qual me forneceu um livro escrito por um escritor. No decorrer deste relato nomearei todos os envolvidos desta batalha. E conclui a historia contada pelo Sr. Marculino


MÊS DE DEZEMBRO DE 1924

Dia nove de dezembro de 1924 A Marcha dos militares rumo a cidades de Catanduvas continuava mais para o interior da mata. Nesse dia, atingimos Lajeado Liso de São Roque. Foi aí que o sargento Higino e o cabo Malan foram atacados em uma emboscada preparada pelos rebeldes.
No dia seguinte, conseguimos descobrir o corpo do sargento, enterrado, nos fundos de um paiol, ao lado de um chiqueiro de porcos. Procedemos à exumação e vimos, horrorizados, o corpo mutilado a facão e quase nu.
Á margem do trilho principal abrimos uma sepultura decente e, novamente ajoelhada, fizemos nossas preces. A assinalar mais essa vítima, ficou ali plantada outra cruz tosca feita de cedro.
A noite, recolhido ao silêncio das nossas barracas, dorme, confiantes na vigilância das guardas e sentinelas, atentas à escuridão das picadas.
Repentinamente, rompe de uma das guardas um cerrado tiroteio e, incontinente, o batalhão toma posição para combate. Porém, para nossa tranqüilidade, o alarme durou apenas alguns minutos. Um soldado de sentinela perdida, ouvindo ruídos estranhos nas picadas e não recebendo a senha regulamentar, disparou o fuzil acompanhado por toda a guarda avançada. Mais tarde tudo serenou, o acampamento voltou à calma e nós dormimos novamente, despreocupados.
Dezembro. 10. O Batalhão se deslocou para o lugar denominado Campo Novo Hoje Quedas do Iguaçu, onde deveríamos permanecer por 3 longas semanas. Provavelmente, ficaríamos como guardas vigilantes do franco esquerdo das tropas em operações ao longo do eixo da estrada a caminho a foz do Iguaçu.
Durante esses longos dias de inatividade enervante, passamos matando o tempo nos serviços obrigatórios de patrulha, reconhecimentos, guardas e sentinelas Diárias. A vigilância á tanto mais necessária porque cada estreita passagem das florestas pode trazer-nos uma bala do inimigo, oculto em emboscada.
Os dias chuvosos nos prendiam durante intermináveis horas dentro da pequenina barraca de campanha. Triste e absortos ficávamos sentados ou de cócoras, vendo os fios dáguas escorrerem e ouvindo incessantemente a chuva tamborilar na lona da barraca.
Aproxima-se o Natal. A tristeza nos invade mais profundamente o coração. Desde o oficial ao mais modesto soldado, todos sentem apossar-se de si uma angustiosa saudade dos lares distantes. Revêem, imaginariamente, os dias felizes das festas de Natal, no aconchego carinhoso da esposa, filhos, pais, irmãos...
VÉSPERA DE NATA: Polícia Militar do Estado do Paraná
Dia 24 surgem um novo dia radiante de sole a natureza parece exalar uma alegria festiva. A passarada silvestre anuncia o alvorecer, trinando alegremente.
Os soldados resolvem comemorar esse dia, erguendo o tradicional pinherinho que nos nossos lares alegra o coração meigo das crianças. Assim o fizemos, e mais tarde, o vimos condignamente enfeitados de frutos multicolores, bolachas, caixinhas fazias. A simbolizar a neve, o serviço de saúde nos forneceu o algodão necessário. Depois vimos soldados contemplarem ingenuamente a pitoresca e exótica árvore de Natal, símbolo da nossa homenagem e devoção ao nascimento do menino Jesus, Redentor da humanidade, que se propaga eternamente, ao seu redor não vimos, nem ouvimos o riso inocente e a alegre das crianças.
Erigimos esse altar de fé cristã entre as duas peças de artilharia da coluna. Viam-se em derredor, espalhadas, peças de metralhadouras nossa secção. Tudo isso forma um contraste chocante e inédito para nós.
Quando o crepúsculo vem descendo, cai um aguaceiro inoportuno que quase desfaz por completo o nosso pinherinho.
À noite, sentado nos velhos pinheiros caídos, meditamos entristecidos e contreplamos o céu estrelado, angustiados de saudades. O pinherinho, como que solidário com a nossa dor, parece tristes também, e com seus galhos alçados para o firmamento, deixa cair de quando em vez uma gota cristalina de chuva, simbolizando, talvez, lágrimas de piedade que rolam ao chão; lágrimas implorando perdão a Deus por nós. Lágrimas de saudades das mãos, esposas e filhos ausentes.
Ainda nessa noite, uma notícia vinda da frente informa que um grupo de rebeldes depôs as armas.
Dia 27. A coluna se move novamente depois de longos dias em campo Novo Hoje Quedas do Iguaçu, some outra vez na escuridão verde das selvas, rumo ao próximo lugarejo da localidade do Tapui conhecido por Tapui dos índios.
Tapui é apenas uma pequena clareira na mata, com uma única choça indígena. Ao seu derredor armamos nossas barracas de lona cáqui.
É interessante observar a original arquitetura da cabana construída pelos silvícolas. Ramos e galhos habilidosdamente trançados e estocados de barro; como cobertura um compacto entrelaçado de folhas de taquara, impermeabilizados internamente pela ação contínua da fumaça de nó de pinho, dando-lhe um verniz preto e resistente. A cabana, que tem uma única porta, sem janelas, foi escolhida para o armazém de víveres e munição da tropa.
Em todos os trilhos e carreiros da mata, encontramos, infalivelmente, uma sentinela vigilante, ao redor da clareira, nos protege um denso e impenetrável taquaral.
Dia 31. O fim do ano nos encontra ainda na localidade do Tapui. A vida é normal no acampamento. O comandante Sarmento anuncia que, em regozijo á passagem do ano, mandará servir, à meia noite, um café com bolacha à tropa. Isso constitui uma concessão especial, dada se circunstância da extrema exigüidade de víveres dispõe a coluna.
Novas recordações nos açodam à memória novamente, ao lembrarmo-no de que, nas cidades onde moramos, essa hora tem uma especial significação para todos e é anunciada com festivos repiques de sinos, prolongados apitos e foguetes em profusão.
No acampamento, é tudo triste silêncio, ainda porque isso se torna indispenável à nossa própria segurança. O comandante consentiu apenas que acendêssemos uma grande. Fogueira. À meia noite, recebemos o café prometido. Os oficiais brindam-se mutuamente, e como por encanto surgem não se sabe de onde, umas misteriosas garrafas que tem a importante faculdade de alegrar o estado-maior da coluna. Aqui e ali, ouvem-se cantos em surdina, declamações, recitativos, e, aos poucos, finaliza-se a comemoração.
De fogueira quase apagada desprendem-se fagulhas que desaparecem entre as altaneiras árvores da floresta. Ao apagar-se, fazem desvanecer em nossos corações as ilusões e vaidades humanas, lembrando a fragilidade dos nossos destinos que, como as fagulhas, podem apagar-se a qualquer momento.
É fantástico escrever uma história tão rica de detalhes, confundindo-se entre o homem simples e o intelectual e a veracidade dos acontecimentos as enciclopédias.
A minha curiosidade foi tanta em saber mais sobre este acontecimento histórico, que não fiquei satisfeito, fui atrás de mais informações, e foi nestas procuras que encontrei o Sr. Sebastião S. Barreto. Ele me contou esta historia no ano de 2005 em sua casa em Quedas do Iguaçu. Um Relato impressionante, narrado pelo pioneiro Sebastião Barreto, residente há 70 anos nesta cidade. Nesta entrevista, o pioneiro Sebastião, contou com detalhes importantes, da revolta de 1924, onde cominou com muitas mortes durante os combates armado das frentes legalistas e revoltosos. Apesar de seus já avançados anos, a sua memória narrou com riqueza de detalhes a triste tragédia presenciada pelos moradores da região de Catanduvas precisamente em Medeiros onde o seu avô tinha propiedades e morava com toda a sua família. Talvez seja a conversa que ele teve com o avô, e com o seu pai senhor João Maria Barreto, na época o pai do Sr. Barreto tinha 9 (nove) anos de idade, ambos conviveram este trágico confronte armado que deflagrou chamas ardentes entre os povos, muito deles nada tinha haver com a situação. O avô do Sebastião Barreto Sr. Antonio Quirino de Sousa, não se cansava de contar para o seu pai e seus netos, as bravuras dos soldados que compunha o pelotão da polícia Militar do Paraná. Em números aproximadamente de 500 homens, contra tacados pelos revoltados sanguinários das colunas, composto por militares e civis, e que também, não faltava à presença de estrangeiros paraguaios no movimento. O Sr. Sebastião com firmeza detalhava a estratégia que a força militar usou, para atacar os revoltosos pela retaguarda, usando o poste amento da rede de Telégrafo, que saia de regiões distantes, e cortava as matas da região de Laranjeiras do Sul, conseguintemente, inclui a nossa região de Quedas do Iguaçu. Seguindo os traços da rede para não se perder no matagal serrado da nossa região foi á maneira mais inteligente dos nossos heróis, surpreender os adversários pela retaguarda. Com os postes da rede telegráfica atravessou o Rio Guarani, seguindo até Catanduvas, onde se encontrava um posto de comunicação telegráfico, com esta estratégia usada pelos militares, deu condições para derrotar os revoltosos. Méritos do Comandante Antonio de Morais Sarmento hoje Patrono da polícia militar do Paraná, e de seus brilhantes combatentes.
Ao entrevistar o Sr. Sebastião Barreto, ele fez questão de dizer, que o seu avô, e todos os filhos dele, encluía também, o pai do Sr. Sebastião e sua mãe, por muitas ocasiões ficavam no meio do fogo cruzado, entre militares e revoltosos. Era bala de metralhadouras, mosquetões e de canhões, que rasgava os céus e roçava as matas de sua propiedade. A Revolta de 1924, muito comentada no Brasil e no mundo, acabou em frente às terras da família Barreto em Catanduvas. Mais precisamente na região de Medeiros. A bandeira da polícia Militar do Estado do Paraná tremulava nas mãos dos soldados, orgulhosos do dever comprido, liberdade para estarem novamente reunidos com os seus familiares, recebendo um abraço agora como heróis, título esse insignificante comparado pelo respeito à Constituição brasileira. Resolvido uma situação de grande repercussão em todo o território Nacional. Comentou ainda o Sr. Sebastião que o seu avô morreu com 104 anos e está sepultado no cemitério que do qual está enterrado alguns dos valentes Herói que defenderam a Pátria das garras dos maus intencionados malfeitores. Por este ato de brasilerismo foi devolvido a tranqüilidade e o respeito á Constituição brasileira e os bons costumes do povo e da corporação Militar.
Vamos continuar contando a historia do velho sábio Marculino que ficou lá atraz.
Nem mesmo os mais antigos moradores da região de Matos Costa sabiam a idade do velho guru, naquela época São João dos Pobres não tinha cartório de registro de nascimento. O povo em geral concordava que o velho Masculino tinha mais de 150 anos de idade. Ele era o único que sabia diferenciar, por exemplo, o sexo dos sapos. Quando alguém tinha dúvidas, era só levar o batráquio até o velho Masculino, que ele, com a longa barba branca e com um dos olhos fechados, em atitude de concentração, logo dizia se era sapo ou perereca. O sábio Masculino viu de perto a revolta do Contestado e da fama do Monge João Maria contar historia era o seu passa tempo.
Na falta de médico o sábio Marculino virava curandeiro, benzia, fazia simpatia, previa chuva ou seca, o velho Marculino, tinha um hábito de fazer as suas xaropadas sobre o luar das luas cheias segredo que não revelava para ninguém. Com um vasto palheiro no canto da boca prezo entre dois dentes alias os únicos que sobraram. Com seus sesurrados chinelos caminhavam pelas estradas da vila, empoeirada a única Rua de São João dos Pobres, ele tinha há bem uns 150 anos, calculavam os moradores mais antigos.
Marculino era parteiro também, benzedeiro e curandeira da cidade. Marculino tinha tanta prática em partos, que mal uma mocinha acabava de casar, ele só olhando as ancas da jovem mulher já dizia quantos filhos ia ter, e olha? Ser parteiro naquela época era raro, somente mulheres bem idosas tinha a preferência para tal atendimento conhecia mulheres parteiras com bastante idade, conhecimento muito usada pelas pessoas antigas. E passando seus olhinhos pequenos e já sem brilho pelo corpo do marido da ex-virgem, como lá chamavam as mocinhas recém-casadas, o velho já dizia se a tendência do casal seria de ter filhos ou filhas.
Assim era São João dos Pobres, uma feliz comunidade que foi palco de uma grande batalha conhecida como a guerra do Contestado. Depois que acabou a revolta do Contestado, surgiu na redondeza um homem que escolheu salto Lili, para morar na época tinha outro nome, Cordeiro, sempre usava uma capa encobrindo todo o seu corpo, não importava se esta frio, calor tempo ensolarado ou chuvoso nunca dispensava a capa de pura lã de carneiro, com isso escondia dois revolve totalmente municiado em sua cintura depois do velho Marculino, era a pessoa mais respeitada da vila pelos seus conhecimentos gerais, só que um para o bem e o outro para o mal, Marculino informava e orientava todos, quando algum visitante passava por lá – coisa que acontecia de década em década, já o Carneiro pelo que as más boca comentava era remanescente da Guerra do Contestado só que ninguém nem mesmo ele dizia de que lado estava. São João dos Pobres escrevia nos anais de sua história a revolta do Contestado.
São João dos Pobres viveu tempos bons das vacas gordas, apesar do nome nada tinha haver com a vasta região agrícola, glórias e fartura a seu povo, mas nunca perdeu sua majestade continua apesar da crise, crescendo não somente no lado financeiro, mas político e cultural.
Marculino nunca pôs os pés numa escola, de onde veio não havia escolas por perto. Mas como ele era o sujeito esforçado acabou aprendendo a ler com a ajuda de um neto, lia tudo o que aparecia só faltava comer os livros que encontrava pelo caminho. Ele mesmo se auto-proclamou “professor” das crianças da comunidade. De São João dos Pobres, Marculino lia e relia os poucos livros da biblioteca, estalada em uma antiga casa na rua principal a uns 300 metros da estação ferroviária e o fazia tantas vezes que o pessoal da vila tinha medo que ele devorasse os livros da pequena biblioteca. Mas o temor era infundado. Marculino realmente “comia” livros, mas não como alimento e sim pelos olhos e mente. Ele já havia decorado até as vírgulas dos livros e revistas da biblioteca, de tanto lê-los e relê-los. Ele só não se interessava pela lista telefônica, pois de acordo com ele, era um livro cansativo, com muitos personagens, mas sem nenhuma história. Marculino um dia descobriu num dos livros sobre um Monge italiano chamado João Maria de Jesus.
Apesar de serem três os monges segundo a historia contada e vivenciada por Marculino, o povo, através de suas lendas e folclore, uniu-os em um único, popularmente conhecido como São João Maria de Deus, que era considerado, na época, o “monge dos excluídos” e que tinha muito haver com sua comunidade. Os três Monges estão historicamente unidos de tal forma, que muitas vezes se torna difícil separar os feitos e a vida de cada um. Guardada as devidas proporções, pois surgiu tal de José Maria na região de Laranjeiras do Sul, que colocou em dúvida a sua verdadeira intenção, o que conhecemos através de depoimento e o que aconteceu na região do Contestado não combina com a sua trajetória cristã.
Os três tinham em comum o fato de terem vivido em épocas de grandes mudanças sociais, em que a assistência médica e o conhecimento tinham pouca penetração no interior do país, em que o aconselhamento embasado na religião, a cura através de ervas e águas, e os milagres eram os únicos recursos acessíveis a uma população carente e pouco assistida. A população humilde encontrava neles apoio e soluções para enfrentar a penúria e a desesperança.
Ainda que seja improvável que se tratava de mesma pessoa, devido à questão temporal e geográfica, no caso particular do estado do Rio Grande do Sul existe a tese que de sobreviventes fugitivos, e em especial, seus descendentes, foram divulgando e adequando suas crenças e reivindicações. Assim, encontramos o monge João Maria, do movimento do Monges do Pinheirinho (cidade de Encantado), assim também o monge José Maria que se envolveu também na Guerra do Contestado, este vindo da cidade de Laranjeiras do Sul, e para fins de inlutração, me permitam em contar como o Monge José Maria veio para em Santa Catarina. Assim diz a história:
JOSÉ MARIA, CHARLATÃO O PROFÉTA?

A guerra do contestado por pouco não aconteceu na região de Campo Novo hoje Quedas do Iguaçu. O religioso, pregador e curandeiro José Maria na época percorreu extensas regiões nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Nessas caminhadas passou por Laranjeiras do Sul, na qual Quedas do Iguaçu pertencia, cidade esta que eu morei por 40 anos, e tive a felicidade de entrevistar o sábio Marculino, José Maria tinha costume de estar entre humildes, à rezar próxima a olhos d’água constantemente eram usados por ele, os antigos ainda é lembrado como olho d’água São João Maria.
Em 1910, surgiu em Laranjeiras do Sul um homem, seu nome era Miguel Lucena que aproveitando a fama deixada por João Maria assumiu o nome de José Maria.
José Maria dono de um carisma alucinante reuniu os sertanejos e anunciou que averia uma guerra do qual muito pouco escapariam e para se salvar era necessário se esconder no matagal e assim o fizeram, como nada aconteceu, anunciou que viria o fim do mundo, e para salvação de suas almas tinham que atravessar 50 vezes o Rio Iguaçu nadando como pinitência. Este fato aconteceu no dia 22 de Outubro de 1910. Muitos como a maioria acreditou. Famílias carregando seus filhos às vezes nas costas e sobre lombos de cavalos cruzando o Rio Xagu e chegando ao Pinhal Ralo, de onde levavam dias para chegar ao Rio Iguaçu.
Pinhal Ralo era uma região que a Baronesa de Limeira possuía uma área de 6000 hectares de terras, hoje pertence à Araupel Quedas do Iguaçu.
Os sertanejos acamparam na margem do Rio das Cobras entre Salto Osório e salto Santiago. Aos poucos os sertanejos suspeitaram que o monge fosse um charlatão, os homens se revoltaram e decidiram acabar com ele.
José Maria sentindo o perigo resolveu abandonar o acampamento e fugiu para Santa Catarina.
Após um ano de permanência no sertão, os sertanejos voltaram, nem todos, muitos morreram de fome e picadas de cobras, muitas crianças desnutridas morreram.
Miguel Lucena, que de nominava como José Maria, apareceu em Campos Novos, pregando e anunciado curas. Jose Maria atraiu nessa região, grande número de sertanejos, pois os mesmos estavam sendo escorraçados por jagunços armados da empresa Southern Brasil, com serrarias de grande porte, as maiores da América Latina.
Jose Maria liderava milhares de sertanejos, na região central do contestado
(disputado pelo Paraná e Santa Catarina).
Numa batalha entre jagunços, soldados e fanáticos de Jose Maria constam a historia como Guerra do Contestado.
Guardada as proporções, uma espécie de Guerra dos Canudos em 1897.
Alguns dados desta história foram fornecidos pelo senhor Miguel Beira Gonçalves, morador em Pindorama, na cidade de Quedas do Iguaçu Paraná, quando entrevistei contava com 80 anos, hoje falecido o seu pai Sr. João Gonçalves da Costa, natural de Laranjeiras do Sul participou da guerra do Paraguai, de 1870 acompanhou de perto a trajetórias do religioso José Maria.
Com as mesmas características (do qual inclusive existe registro fotográfico outros dois João Maria e com o mesmo nome, na luta dos Monges Barbudos (Soledade, RS). Ele seria um discípulo de Jacobina Mentz Maurer, dos Muckers, cujos descendentes teriam se localizado no município de Estrela. Historiadores mostram no mapa do Rio Grande do Sul a região dos três acontecimentos, unindo um caminho provável que teriam percorrido os Muckers sobreviventes para influir nos acontecimentos do interior de Encantado (1902) e Soledade (1935-1938). João Maria D’Agustine O primeiro deles, o monge João Maria d’Agostinho, era imigrante italiano, e residiu um tempo em Sorocaba (SP), mudando-se em seguida para o Rio Grande do Sul, onde viveu entre os anos de 1844 e 1848, nas cidades de Candelária, no morro do Botucaraí, e Santa Maria, no Campestre. Introduziu nessa região o culto a Santo Antão, que é considerado o “pai de todos os monges”, cuja festa continua até os dias atuais, comemorada em 17 de janeiro. A região do Campestre passou a ser chamada, desde então, de Campestre de Santo Antão. Sua prisão foi decretada em 1848, pelo General Francisco José d’Andréa (Barão de Caçapava), mediante o temor de levantes e concentrações populares que começavam a ser comuns naquela região, e o monge foi proibido de voltar ao Rio Grande do Sul. Refugiou-se na Ilha do Arvoredo (SC), depois na Lapa (PR), na serra do Monge, e em Lages (SC), desaparecendo em seguida, misteriosamente. Os historiadores defendem que o monge João Maria morreu em Sorocaba, em 1870. Mas em Santa Catarina há histórias que ele morreu no Morro do taio, no município de Santa Terezinha, contam pessoas da região, que João Maria dizia que o Morro do taio era um lugar santo "o Paraíso "e que lá não perenizava trabalhar. João Maria andava sempre com duas panelinhas, que tinham seu nome escrito em baixo, há pessoas que digam que ele alimentou outras 20.000. João Maria dizia que queria morrer no morro do taio, comunidade perto a Itaió Grande, falam até hoje na região que ele subiu o morro do taio e sumiram, alguns dizem que ele entrou numa caverna e desapareceu, os vizinhos que moravam por muito tempo perto do morro não sabem onde fica essa caverna, mas acreditamos na historia.
João Maria de Jesus o segundo monge, João Maria de Jesus, surgiu também misteriosamente, no Paraná e Santa Catarina, tendo vivido entre os anos de 1886 e 1908, havendo, na ocasião, uma identificação com o primeiro, de quem utilizava os mesmos métodos, com curas através de ervas, conselhos e águas de fontes. Acredita-se que seu verdadeiro nome seria Atanás Marcaf, diria: "Eu nasci no mar, criei-me em Buenos Aires, e faz onze anos que tive um sonho, percebendo nele claramente que devia caminhar pelo mundo durante quatorze anos, sem comer carne nas quartas-feiras, sextas-feiras e sábados, e sem pousar na casa de ninguém. Vi-o claramente". Há controvérsias sobre seu desaparecimento, segundo alguns historiadores por volta de 1900, e segundo outros por volta de 1907 ou 1908. A semelhança entre os dois primeiros monges é tão grande, que o povo os considerava um só. Num dos retratos da época, considerado como sendo do santo, há a legenda “João Maria de Jesus, profeta com 188 anos” José Maria O terceiro monge, José Maria, surgiu em 1911, em Campos Novos (SC), e foi segundo alguns historiadores, um ex-militar. Segundo um laudo da polícia de Vila de Palmas, no Paraná, seu verdadeiro nome era Miguel Lucena de Boaventura, e era um soldado desertor condenado por estupro. Dizia ser irmão do primeiro monge e adotou o nome de João Maria de Santo Agostinho. Utilizava, também, os mesmos métodos de cura dos primeiros, com ervas e água, mas, ao contrário do isolamento de seus antecessores, organizava agrupamentos, fundando o “Quadros Santo”, acampamentos com vida própria, e os “Pares de França”, uma guarda especial formada por 24 homens que o acompanhavam. A região onde atuava era palco de disputas por limites e, sob a alegação de que o monge queria a volta da monarquia, foi pedida a intervenção do Governo Estadual de Santa Catarina, o que foi entendido como uma afronta pelo Governo do Paraná, que enviou uma força militar para a região. A força militar chefiada pelo coronel João Gualberto Gomes de Sá invadiu o “Quadro Santo” de Irani (SC), e morreram no combate tanto o monge João Maria quanto o coronel, o que determinou o fim do ciclo dos monges e a eclosão franca da Guerra do Contestado. Lendas
Há muitas histórias sobre a origem do monge, todas de tradição popular. Uma delas refere que sua cidade de origem teria sido Belém, na Judéia, e que abandonara a religião para se casar com uma moura e para combater o exército expedicionário francês. Sendo feito prisioneiro, após a morte de sua esposa fugiu e teve a visão do apóstolo Paulo, este apóstolo era um homem de pequena estatura”, afirmam os Atos de Paulo, escrito apócrifo do segundo século, “parcial-mente calvo, pernas arqueadas, de compleição robusta, olhos próximos um do outro, e nariz um tanto curvo.” Se esta descrição merecer crédito, ela fala um bocado mais a respeito desse homem natural de Tarso, que viveu quase sete décadas cheia de acontecimentos após o nascimento de Jesus. Ela se encaixaria no registro do próprio Paulo de um insulto dirigido contra ele em Corinto. “As cartas, com efeito, dizem, são graves e fortes; mas a presença pessoal dele é fraca, e a palavra desprezível” (2 Co 10:10).
Suas verdadeiras aparências terão de deixar por conta dos artistas, pois não sabemos ao certo. Matérias mais importantes, porém, demandam atenção — o que ele sentia, o que ele ensinava, o que ele fazia.
Sabemos o que esse homem de Tarso chegou a crer acerca da pessoa e obra de Cristo, e de outros assuntos cruciais para a fé cristã. As cartas procedentes de sua pena, preservadas no Novo Testamento, dão eloqüente testemunho da paixão de suas convicções e do poder de sua lógica.
Aqui e acolá em suas cartas encontramos pedacinhos de autobiografia. Também temos, nos Atos dos Apóstolos, um amplo esboço das atividades de Paulo. Lucas, autor dos Atos, era médico e historiador gentio do primeiro século.
Assim, enquanto o teólogo tem material suficiente para criar intérminos debates acerca daquilo em que Paulo acreditava, o historiador dispõe de parcos registros. Quem se der ao trabalho de escrever a biografia de Paulo descobrirá lacunas na vida do apóstolo que só poderão ser preenchidas por conjeturas.
A semelhança de um meteoro brilhante, Paulo lampeja repentinamente em cena como um adulto numa crise religiosa, resolvida pela conversão. Desaparece por muitos anos de preparação. Reaparece no papel de estadista missionário, e durante algum tempo podemos acompanhar seus movimentos através do horizonte do primeiro século. Antes de sua morte, ele flameja até entrar nas sombras além do alcance da vista.
Sua Juventude:
Antes, porém, que possamos entender Paulo, o missionário cristão aos gentios, é necessário que passemos algum tempo com Saulo de Tarso, o jovem fariseu. Encontramos em Atos a explicação de Paulo sobre sua identidade: “Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante do Silício” (At. 21: 39). Esta afirmação nos dá o primeiro fio para tecermos o pano de fundo da vida de Paulo.
A) Da Cidade de Tarso. No primeiro século, Tarso era a principal cidade da província do Silício na parte oriental da Ásia Menor. Embora localizada cerca de 16 km no interior, a cidade era um importante porto que dava acesso ao mar por via do rio Cnido, que passava no meio dela.
Ao norte de Tarso erguiam-se imponentes, cobertas de neve, as montanhas do Tauro, que forneciam a madeira que constituía um dos principais artigos de comércio dos mercadores tarsenses. Uma im¬portante estrada romana corria ao norte, fora da cidade e através de um estreito desfiladeiro nas montanhas, conhecido como “Portas Selecionas”. Muitas lutas militares antigas foram travadas nesse passo entre as montanhas.
Tarso era uma cidade de fronteira, um lugar de encontro do Leste e do Oeste, e uma encruzilhada para o comércio que fluía em ambas as direções, por terra e por mar. Tarso possuía uma preciosa herança. Os fatos e as lendas se entre mesclavam, tornando seus cidadãos ferozmente orgulhosos de seu passado.
O general romano Marco Antônio concedeu-lhe o privilégio de libera Civita (“cidade livre”) em 42 a.C. Por conseguinte, embora fizesse parte de uma província romana, era autônoma, e não estava sujeita a pagar tributo a Roma. As tradições democráticas da cidade-estado grega de longa data estavam estabelecidas no tempo de Paulo.
Nessa cidade cresceu o jovem Saulo. Em seus escritos, encontramos reflexos de vistas e cenas de Tarso de quando ele era rapaz. Em nítido contraste com as ilustrações rurais de Jesus, as metáforas de Paulo têm origem na vida citadina.
Os reflexos do sol mediterrânico nos capacetes e lanças romanos teriam sido uma visão comum em Tarso durante a infância de Saulo. Talvez fosse este o fundo histórico para a sua ilustração concernente à guerra cristã, na qual ele insiste em que “as armas da nossa milícia não são carnais, e, sim, poderosas em Deus, para destruir fortalezas” (2 Co 10:4).
Paulo escreve de “naufragar” (1 Tm 1: 19), do “oleiro” (Rm 9:21), de ser conduzido em “triunfo” (2 Co 2:14). “Ele compara o “tabernáculo terrestre” desta vida a um edifício de Deus, casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2 Co 5:1). Ele toma a palavra grega para teatro e, com audácia, aplica-a aos apóstolos, dizendo: “nos tornamos um espetáculo (teatro) ao mundo” (1 Co¬ 4:9).
Tais declarações refletem a vida típica da cidade em que Paulo passou os anos formativos da sua meninice. Assim as vistas e os sons deste azafamado porto marítimo formam um pano de fundo em face do qual a vida e o pensamento de Paulo se tornaram mais compreensíveis. Não é de admirar que ele se referisse a Tarso como “cidade não insignificante”.
Os filósofos de Tarso eram quase todos estóicos. As idéias estóicas, embora essencialmente pagãs, produziram alguns dos mais nobres pensadores do mundo antigo. Atenodoro de Tarso é um esplêndido exemplo.
Embora Atenodoro tenha morrido no ano 7 d.C., quando Saulo não passava de um menino pequeno, por muito tempo o seu nome permaneceu como herói em Tarso. E quase impossível que o jovem Saulo não tivesse ouvido algo a respeito dele.
Quanto, exatamente, foi o contato que o jovem Saulo teve com esse mundo da filosofia em Tarso? Não sabemos; ele não no-lo disse. Mas as marcas da ampla educação e contato com a erudição grega o acompanham quando homem feito. Ele sabia o suficiente sobre tais questões para pleitear diante de toda sorte de homens a causa que ele representava. Também estava cônscio dos perigos das filosofias religiosas especulativas dos gregos. “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens... e não segundo Cristo” foi sua advertência à igreja de Colossos (Cl 2:8).
B) Cidadão Romano. Paulo não era apenas “cidadão de uma cidade não insignificante”, mas também cidadão romano. Isso nos dá ainda outra pista para o fundo histórico de sua meninice.
Em At 22: 24-29 vemos Paulo conversando com um centurião romano e com um tribuno romano. (Centurião era um militar de alta patente no exército romano com 100 homens sob seu comando; o tribuno, neste caso, seria um comandante militar.) Por ordens do tribuno, o centurião estava prestes a açoitar Paulo. Mas o Apóstolo protestou: “Ser-vos-á porventura lícito açoitar um cidadão romano, sem estar condenado?” (At 22: 25). O centurião levou a notícia ao tribuno, que fez mais inquirição. A ele Paulo não só afirmou sua cidadania romana, mas explicou como se tornara tal: “Por direito de nascimento” (At 22: 28). Isso implica que seu pai fora cidadão romano.
Podia-se obter a cidadania romana de vários modos. O tribuno, ou comandante, desta narrativa, declara haver “comprado” sua cidadania por “grande soma de dinheiro” (At 22: 28). No mais das vezes, porém, a cidadania era uma recompensa por algum serviço de distinção fora do comum ao Império Romano, ou era concedida quando um escravo recebia a liberdade.
A cidadania romana era preciosa, pois acarretava direitos e privilégios especiais como, por exemplo, a isenção de certas formas de castigo. Um cidadão romano não podia ser açoitado nem crucificado.
Todavia, o relacionamento dos judeus com Roma não era de todo feliz. Raramente os judeus se tornavam cidadãos romanos. Quase todos os judeus que alcançaram a cidadania moravam fora da Palestina.
C) De Descendência Judaica. Devemos, também, considerar a ascendência judaica de Paulo e o impacto da fé religiosa de sua família. Ele se descreve aos cristãos de Filipos como “da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu” (Fp 3:5). Noutra ocasião ele chamou a si próprio de “israelita da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim” (Rm 11:1).
Dessa forma Paulo pertencia a uma linhagem que remontava ao pai de seu povo, Abraão. Da tribo de Benjamim saíra o primeiro rei de Israel, Saul, em consideração ao qual o menino de Tarso fora chamado Saulo.
A escola da sinagoga ajudava os pais judeus a transmitir a herança religiosa de Israel aos filhos. O menino começava a ler as Escrituras com apenas cinco anos de idade. Aos dez, estaria estudando a Mishna com suas interpretações emaranhadas da Lei. Assim, ele se aprofundou na história, nos costumes, nas Escrituras e na língua do seu povo. O vocabulário posterior de Paulo era fortemente colorido pela linguagem da Septuaginta, a Bíblia dos judeus helenistas.
Dentre os principais “partidos” dos judeus, os fariseus eram os mais estritos (veja o capítulo 5, “Os Judeus nos Tempos do Novo Testamento”). Estavam decididos a resistir aos esforços de seus conquistadores romanos de impor-lhes novas crenças e novos estilos de vida. No primeiro século eles se haviam tornado a “aristocracia espiritual” de seu povo. Paulo era fariseu, “filho de fariseus” (At. 23.6). Podemos estar certos, pois, de que seu preparo religioso tinha raízes na lealdade aos regulamentos da Lei, conforme a interpretavam os rabinos. Aos treze anos ele devia assumir responsabilidade pessoal pela obediência a essa Lei.
Saulo de Tarso passou em Jerusalém sua virilidade “aos pés de Gamaliel”, onde foi instruído “segundo a exatidão da lei. . .“ (At 22:3). Gamaliel era neto de Hillel, um dos maiores rabinos judeus. A escola de Hilel era a mais liberal das duas principais escolas de pensamento entre os fariseus. Em Atos 5: 33-39 temos um vislumbre de Gamaliel, descrito como “acatado por todo o povo.”
Exigia-se dos estudantes rabínicos que aprendessem um ofício de sorte que pudessem, mais tarde, ensinar sem tornar-se um ônus para o povo. Paulo escolheu uma indústria típica de Tarso, fabricar tendas de tecido de pêlo de cabra. Sua perícia nessa profissão proporcionou-lhe mais tarde um grande incremento em sua obra missionária.
Após completar seus estudos com Gamaliel, esse jovem fariseu provavelmente voltou para sua casa em Tarso onde passou alguns anos. Não temos evidência de que ele se tenha encontrado com Jesus ou que o tivesse conhecido durante o ministério do Mestre na terra.
Da pena do próprio Paulo bem como do livro de Atos vem-nos a informação de que depois ele voltou a Jerusalém e dedicou suas energias à perseguição dos judeus que seguiam os ensinamentos de Jesus de Nazaré. Paulo nunca pôde perdoar-se pelo ódio e pela violência que caracterizaram sua vida durante esses anos. “Porque eu “sou o menor dos apóstolos”, escreveu ele mais tarde,”. . . Pois persegui a igreja de “Deus” (1 Co 15:9). Em outras passagens ele se denomina “perseguidor da igreja” (FTP 3: 6), “como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava” (Gol 1: 13).
Uma referência autobiográfica na primeira carta de Paulo a Timóteo jorra alguma luz sobre a questão de como um homem de consciência tão sensível pudesse participar dessa violência contra o seu próprio povo. “. . . noutro tempo era blasfemo e perseguidor e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade” (1 TAM 1:13). A história da religião está repleta de exemplos de outros que cometeram o mesmo erro. No “mesmo trecho, Paulo refere a si próprio como “o principal” dos pecadores” (1 T 1: 15), sem dúvida alguma por ter ele perseguido a Cristo e seus seguidores.
D) A Morte de Estevão. Não fora pelo modo como Estevão morreu (At. 7: 54-60), o jovem Saulo podia ter deixado a cena do apedrejamento sem comoção alguma, ele que havia tomado conta das vestes dos apedrejadores. Teria parecido apenas outra execução legal.
Mas quando Estevão se ajoelhou e as pedras martirizaram choveram sobre sua cabeça indefensa, ele deu testemunho da visão de Cristo na glória, e orou: “Senhor, não lhes imputes este pecado” (Atos 7: 60).
Embora essa crise tenha lançado Paulo em sua carreira como caçador de hereges, é natural supor que as palavras de Estevão tenham permanecido com ele de sorte que ele se tornou “caçado” também-caçado pela consciência.
E) Uma Carreira de Perseguição. Os eventos que se seguiram ao martírio de Estevão não são agradáveis de ler. A história é narrada num só fôlego: “Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere” (Atos 8:3).
A Conversão:
A perseguição em Jerusalém na realidade espalhou a semente da fé. Os crentes se dispersaram e em breve a nova fé estava sendo pregada por toda a parte (cf. Atos 8:4). “Respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor” (Atos 9:1), Saulo resolveu que já era tempo de levar a campanha a algumas das “cidades estrangeiras” nas quais se abrigaram os discípulos dispersos. O comprido braço do Sinédrio podia alcançar a mais longínqua sinagoga do império em questões de religião. Nesse tempo, os seguidores de Cristo ainda eram considerados como seita herética.
Assim, Saulo partiu para Damasco, cerca de 240 km distante, provido de credenciais que lhe dariam autoridade para, encontrando os “que eram do caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém” (Atos 9:2).
Que é que se passava na mente de Saulo durante a viagem, dia após dia, no pó da estrada e sob o calor escaldante do sol? A auto-revelação intensamente pessoal de Romanos 7:7-13 pode dar-nos uma pista. Vemos aqui a luta de um homem consciencioso para encontrar paz mediante a observância de todas as pormenorizadas ramificações da Lei.
Isso o libertou? A resposta de Paulo, baseada em sua experiência, foi negativa. Pelo contrário, tornou-se um peso e uma tensão intoleráveis. A influência do ambiente helertístico de Tarso não deve ser menosprezada ao tentarmos encontrar o motivo da frustração interior de Saulo. Depois de seu retorno a Jerusalém, ele deve ter achado irritante o rígido farisaísmo, muito embora professasse aceitá-lo de todo o coração. Ele havia respirado ar mais livre durante a maior parte de sua vida, e não poderia renunciar à liberdade a que estava acostumado.
Contudo, era de natureza espiritual o motivo mais profundo de sua tristeza. Ele tentara guardar a Lei, mas descobrira que não poderia fazê-lo em virtude de sua natureza pecaminosa decaída. De que modo, pois, poderia ele ser reto para com Deus?
Com Damasco à vista, aconteceu uma coisa momentosa. Num lampejo cegante, Paulo se viu despido de todo o orgulho e presunção, como perseguidor do Messias de Deus e do seu povo. Estevão estivera certo, e ele errado. Em face do Cristo vivo, Saulo capitulou. Ele ouviu uma voz que dizia: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues;. . . levanta-te, e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer” (At 9:5-6). E Saulo obedeceu.
Durante sua estada na cidade, “Esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu nem bebeu” (Atos 9:9). Um discípulo residente em Damasco, por nome Ananias, tornou-se amigo e conselheiro, um homem que não teve receio de crer que a conversão de Paulo’ fora autêntica. Mediante as orações de Ananias, Deus restaurou a vista a Paulo.
Por este motivo segundo a lenda conta que o Aposto Paulo participou na trajetória do Monge que mandou peregrinar durante 14 anos (ou 40 anos, em outra versão) pelo mundo, retornando assim ao cristianismo.

Os históricos Monges que jurgiram no Brasil, verdadeiros ou lendários,
Outra lenda refere que o monge teria sido um criminoso, que teria seduzido uma religiosa, a qual falecera na viagem para a América, e sua penitência seria vagar solitário pelos sertões.
Outra lenda defende que o monge era um apátrida, nascido no mar, de pais franceses, tendo sido criado no Uruguai.
Contam-se lendas, também, de que podia estar em dois lugares diferentes, podia estar orando em sua gruta e ao lado de um doente que invocava por ele; que podia ficar invisível aos seus perseguidores; que podia atravessar a pé sobre as águas dos rios; que suas cruzes cresciam 40 dias após o monge tê-las levantado; que o monge era imune aos índios e feras; que fazia surgir nascentes nos lugares onde dormia.
As curas são constantes em suas lendas. Teria feito muitas curas com infusões de uma planta chamada vassourinha e com rezas. Há uma lenda de que João Maria teria debelado uma epidemia de varíola na cidade de Mafra, na ocasião ainda um bairro pertencente ao município de Rio Negro, afastando a doença com rezas e com 19 cruzes plantadas como Via Sacra pela cidade. O monge João Maria teria chegado a Mafra em 1851 e encontrara a população sob o sofrimento da Guerra dos Farrapos e da epidemia de varíola. Recomendou que 19 cruzes (alguns historiadores defendem que seriam 14 cruzes) fossem erguidas entre a Capela Curada e a Balsa - Ponte Metálica. As tropas vindas do sul foram derrubando essas cruzes e, a única que sobrou foi a da Praça Hercílio Luz, cuja fixação foi em 30 de Junho de 1851 e representa a fé do catolicismo rústico do homem simples da região. Ainda hoje existe essa cruz na Praça de Mafra, conhecida popularmente como a “Cruz de São João Maria”, e que, segundo a lenda, não pode ser retirada, com o risco de causar a enchente do rio Negro, o qual separa as cidades vizinhas de Rio Negro e Mafra.
Há lendas de que o monge teria feito, também, diversas previsões, inclusive sobre os futuros trens e aviões: "Linhas de burros pretos, de ferro, carregarão o pessoal" e "gafanhotos de asas de ferro, e estes seriam os mais perigosos porque deitariam as cidades por terra".
Há também diversas lendas sobre seu desaparecimento. Conta uma delas que ele terminou sua missão no morro do Taió (SC), outra que morreu de velhice em Araraquara (SP), ou que foi encontrado agonizante próximo aos trilhos da estrada de ferro perto de Ponta Grossa.
A crença mais difundida é, no entanto, que não teria morrido. Após jejuar por 48 horas no morro do Taió, o monge teria sido levado por dois anjos para o céu. Em outra hipótese, seu corpo teria se envolvido em luz tão forte que a fez desaparecer, deixando uma marca vermelha no chão, que os incrédulos confundiam com sangue.
O sábio Marculino conhecia através dos livros muitos mais do que os que se diziam intelectuais de historia adorava saber dos acontecimentos que envolveram a sua região, era um homem íntegro e muito patriótico, quando se encontrava com seus amigo, atravessavam a noite recordando as histórias vivenciada por eles e pelos seus pais, e avós.
Marculino gostavam de ler as histórias do Monge João Maria, da guerra dos farrapos, da guerra Farropilha a Guerra dos Maragatos, Guerra do Paraguai a guerra dos Canudos, Marculino e gostavam de lembrar e comentar as bravuras dos tempos de antigamente Marculino conviveu por muito tempo com um amigo expedicionários, heróis da segunda guerra Mundial onde muitos soldados brasileiros perderam a suas vidas nos campos de batalhas. Assim conta a historia que em agosto de 1942 a Maio de 1945 o Governo de Vargas reconhece a existência de estado de guerra com o Eixo partida dos escalões da força expedicionária
12 de dezembro de 1944: uma data amarga a “longa trégua branca”a conquista de Monte Castelo Rendição da 148 a Divisão de Infantaria alemã A FAB na Itália o inimigo no mar Trampolim para a África

O Brasil foi o único país da América Latina que participou diretamente da Segunda Guerra Mundial. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) permaneceu na Itália cerca de 10 meses, dos quais quase oito na frente de luta, em contato permanente com o inimigo. Embora o Brasil, fiel às suas tradições antibelicistas, houvesse procurado manter-se à margem do conflito, já em agosto de 1942 nele se via envolvido, ao serem covardemente torpedeados seus indefesos navios mercantes. Esses afundamentos traumatizaram a opinião pública brasileira e levaram o Governo de Getúlio Vargas, no dia 22 desse mês, a reconhecer a existência de estado de guerra entre o Brasil e as potências do Eixo. No ano seguinte - 1943 - a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial tornou-se ainda mais efetiva, com a decisão do Governo de enviar à Itália um corpo expedicionário constituído de três divisões. Mas apenas em julho de 1944 é que Forças brasileiras partiram para o teatro da luta. O final da guerra, em maio de 1945, impediu que a 2a e 3a divisões fossem juntar-se, na Itália, à 1a Divisão de Infantaria Expedicionária (DIE), o contingente brasileiro que lutara como integrante do 5o Exército, ao lado dos soldados americanos, ingleses e sul-africanos. Uma ordem de combate, datada de 13 de setembro de 1944, e uma mensagem sucinta, assinada pelo major chefe do Estado-Maior da 148 a DI alemã, no dia 28 de abril de 1945, e que foi o primeiro passo para a rendição de toda essa divisão inimiga, além de outras forças, são os dois documentos históricos que balizam o começo e os últimos dias da campanha da FEB na frente italiana.
A ordem de combate, do comando do 4o Corpo de Exército americano dava à 1a DIE, a sua primeira missão: “Substituir elementos do 2o/730o RI americano, às 19h de 15 de setembro”. A mensagem do major Kuhn, em resposta ao ultimato que o coronel Nelson de Melo, comandante do 6o Regimento de Infantaria, enviara ao comando da 148a Divisão de Infantaria alemã, estava assim redigida: 28/4/45 - Cel. Nelson de Melo - Depois de receber instrução do Comando Superior, seguirá a resposta. Major Kuhn Esta rendição só se efetuaria formalmente no dia 30, quando o General Otto Fretter Pico, comandante daquela unidade alemã, chegou às linhas brasileiras, acompanhado de seu Estado-Maior, sendo recebido pessoalmente pelo General Mascarenhas de Moraes. Para ilustra as historias contada pelos nossos personagens fui procurar nos livros de historias do Brasil os acontecimentos que marcaram a nossa historia.

A partir de então, Marculino acrescentou ao seu currículo o trágico massacre de Canudos liderado por Antonio o conselheiro, muitos falavam a muitos anos atrás que o Monge José Maria se espelhou em Antonio o conselheiro da guerra de Canudos.
História da Guerra de Canudos, o líder Antônio Conselheiro, o messianismo no Nordeste do início da República, conflitos sociais na História do Brasil População miserável do Arraial de Canudos
A situação do Nordeste brasileiro, no final do século XIX, era muito precária. Fome, seca, miséria, violência e abandono político afetavam os nordestinos, principalmente a população mais carente. Toda essa situação, em conjunto com o fanatismo religioso, desencadeou um grave problema social. Em novembro de 1896, no sertão da Bahia, foi iniciado este conflito civil. Esta durou por quase um ano, até 05 de outubro de 1897, e, devido à força adquirida, o governo da Bahia pediu o apoio da República para conter este movimento formado por fanáticos, jagunços e sertanejos sem emprego. O beato Conselheiro, homem que passou a ser conhecido logo depois da Proclamação da República, era quem liderava este movimento. Ele acreditava que havia sido enviado por Deus para acabar com as diferenças sociais e também com os pecados republicanos, entre estes, estavam o casamento civil e a cobrança de impostos. Com estas idéias em mente, ele conseguiu reunir um grande número de adeptos que acreditavam que seu líder realmente poderia libertá-los da situação de extrema pobreza na qual se encontravam.
Com o passar do tempo, as idéias iniciais difundiram-se de tal forma que jagunços passaram a utilizar-se das mesmas para justificar seus roubos e suas atitudes que em nada condiziam com nenhum tipo de ensinamento religioso; este fato tirou por completo a tranqüilidade na qual os sertanejos daquela região estavam acostumados a viver.
Devido a enorme proporção que este movimento adquiriu, o governo da Bahia não conseguiu por si só segurar a grande revolta que acontecia em seu Estado, por esta razão, pediu a interferência da República. Esta, por sua vez, também encontrou muitas dificuldades para conter os fanáticos. Somente no quarto combate, onde as forças da República já estavam mais bem equipadas e organizadas, os incansáveis guerreiros foram vencidos pelo cerco que os impediam de sair do local no qual se encontravam para buscar qualquer tipo de alimento e muitos morreram de fome. O massacre foi tamanho que não escaparam idosos, mulheres e crianças.
Pode-se dizer que este acontecimento histórico representou a luta pela libertação dos pobres que viviam na zona rural, e, também, que a resistência mostrada durante todas as batalhas ressaltou o potencial do sertanejo na luta por seus ideais. Euclides da Cunha, em seu livro Os Sertões, eternizou este movimento que evidenciou a importância da luta social na história de nosso país.

Conclusão:

Esta revolta, ocorrida nos primeiros tempos da República, mostra o descaso dos governantes com relação aos grandes problemas sociais do Brasil. Assim como as greves, as revoltas que reivindicavam melhores condições de vida (mais empregos, justiça social, liberdade, educação etc.), foram tratadas como "casos de polícia" pelo governo republicano. A violência oficial foi usada, muitas vezes em exagero, na tentativa de calar aqueles que lutavam por direitos sociais e melhores condições de vida. Marculino, como não podia deixar de ser, considerava São João dos Pobres como uma vila no sentido literal da palavra e, por isso, foi sábio a comparação e não podia ser diferente Marculino que se aperfeiçoou na escola do mundo até então não havia ninguém na região que fosse mais sábio do que ele. Marculino certo dia reuniu alguns jovens da sua vizinhança e contou a eles uma linda história de Honestidade, era mais ou menos assim a história: Conta-se que por volta do ano 250 a.c, na China antiga, um príncipe da região norte do país, estava às vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar. Sabendo disso, ele resolveu fazer uma "disputa" entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna de sua proposta.
No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.
Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe.
Ao chegar em casa e relatar o fato à jovem, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração, e indagou incrédula :
Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire esta idéia insensata da cabeça, eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura. E a filha respondeu:
- Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca, eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, isto já me torna feliz. À noite, a jovem chegou ao palácio.
Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções. Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio: Darei a cada uma de vocês, uma semente.
Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da china. A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de "cultivar" algo, sejam costumes, amizades, Relacionamentos etc...
O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura a sua semente, pois sabia que se a beleza da flores surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado. Passaram-se três meses e nada surgiu.
A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido.
Dia após dia ela percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor. Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia brotado.
Consciente do seu esforço e dedicação a moça comunicou a sua mãe que, independente das circunstâncias retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do príncipe.
Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores.
Ela estava admirada, nunca havia presenciado tão bela cena.
Finalmente chega o momento esperado e o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção. Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa. As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações. Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado. Então, calmamente o príncipe esclareceu:
Esta foi à única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz. O princípio continuou falando: A flor da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis. A honestidade é como uma flor tecida em fios de luz, que ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao redor.
Bem, como Marculino fazia questão de chamar a vila de cidade, vamos fazer sua vontade e também iremos nos referir a São João dos Pobres, a partir de agora, como cidade. Marculino sonha de um dia aquele pequeno vilarejo se tornar uma grande cidade, as suas previsões era lícita.
O Povo de São João dos Pobres hoje Matos Costa acreditava em tudo que ele falava. E foi em um dia que festejavam o dia do Padroeiro da Vila que Atanásio em um tom bem forte e preciso falou para o povo que lhe escutavam com muita atenção Doravante, a partir dessa gloriosa data neste ano de Nosso Senhor Jesus Cristo, Marculino abençoou o povo e a vila da São João dos Pobres.
E a progressista vila de São João dos Pobres prosperou o povo, como da maioria das vezes, nada entendeu da oratória de Marculino, uma vila tão pobre e pequena ter esperança de um dia ser uma linda cidade. Afinal, nem estradas havia por ali, e ele falava de uma próspera cidade de onde ele foi arranjar tanto entusiasmo, era o que a maioria não perguntava verbalmente, mas o fazia pelos olhares entre eles. Apenas um, o senhor Manoelzito de origem Castelhano que se perdeu por ali após o fim da Guerra do Contestado.Donoda única gaita de botão que animava as festas e bailes do local, e responsável pelo suprimento de cereais, leite, pães, carne seca, lingüiça, de tudo se encontrava um pouco, pois em sua bruaca de coro cru encanganhado nas canganhas sobre o lombo de uma mula deixada pelos tropeiros nos potreiros da redondeza de São João dos Pobres, Marculino, do alto do caixote de verduras, improvisado como palanque, tirou o óculos, limpou-o na manta deu uma chuviscada com um forte bafo, voltou-o sobre o nariz, e retrucou:
Caro Manoelito você não tem pátria o Brasil te adotou e nós de São João dos Pobres estão gratos de tê-lo como irmão, é vossa observação arrazoada, pois és um grande empresário responsável pela demanda econômica desta pequena vila, e acima te tudo gaiteiro, porém, digo-vos, à guisa de resposta que, não foi por acaso que esta vila tem o nome de um grande Santo São João, foi pela fé e o companheirismo que aconteceu um grande milagre, preste bem atenção o que diz a historia de São João:
São João Evangelista ou Apóstolo João, foi um dos doze apóstolos de Jesus e além do Evangelho segundo João, também escreveu as três epístolas de João (1, 2, e 3) e o livro do Apocalipse. Moelito Voltou a retrucar Marculino: Ele arriscou uma tímida observação o Sr. Marculino é sábio ele sabe das coisas se ele falou ta falada não discuto mais.
João seria o mais novo dos 12 discípulos, tinha provavelmente cerca de vinte e quatro anos de idade à altura do seu chamado por Jesus. Consta que seria solteiro e vivia com os seus pais em Betsaida. Era pescador de profissão, consertava as redes de pesca. Trabalhava junto com seu irmão Tiago, e em provável sociedade com André e Pedro.
As heranças deixadas nos escritos de João demonstram uma personalidade extraordinária. De acordo com as descrições ele seria imaginativo nas suas comparações, pensativo e introspectivo nas suas dissertações e pouco falador como discípulo. É notório o seu amadurecimento na fé através da evolução da sua escrita.
Foi manifesta nos livros da Bíblia a admiração de João por Jesus. Jesus chamou-lhe o Filho do Trovão e posteriormente ele foi considerado o “Discípulo Amado”.
Segundo os registros do "Novo testamento", João foi o apóstolo que seguiu com Jesus.
O velho sábio Marculino fazia também o papel de juiz de paz, e em uma serta ocasião um jovem de nome Augusto casado coma Jovem Rosinha há cinco anos. Augusto procurou o velho sábio para que ele lhe ajudasse resolver a sua situação conjugal que não estava indo muito bem. O velho sábio atento escutou o que preocupava o jovem casal, Augusto estava descontente, sua
Esposa não mais preparava seu chimarrão como antes,
Gostoso? agora!amargo e muito ruim. Marculino pediu que o Jovem Augusto falasse para a sua esposa que preparasse um chimarrão e trouxesse para ele experimentar, Marculino queria ter certeza que Augusto estava falando a verdade, Augusto fez o que o velho sábio Marculino havia lhe pedido.
Ao receber o casal em sua casa agradeceu e deu a primeira engolida na água quente da erva verde, tirando um grande naco e levando-o à boca. O marido da mulher Augusto permanecia quieto ao lado dos dois de Marculino e da sua esposa Rosinha, talvez esperando que, à primeira engolida fosse terrível o velho cuspisse a água, dizendo que realmente estava ruim. Mas logo ficou de olhar arregalado quando o velho, saboreando o chimarrão, disse, sorrindo: Dona Rosinha, seu chimarrão é uma delícia!
A mulher embevecida olhou para o marido com um olhar tipo: você viu seu chato? Só você reclama do meu chimarrão! O marido, ainda preocupado, disse para a mulher ir à frente, que ele ia jogar um pouco de conversa fora com o velho.
- Ah, sim... - Emendou. -... Desculpe-me por ter reclamado de seu chimarrão...
Rosinha ouviu o que desejava. Satisfeita, olhinhos faiscantes de felicidade por se considerar a rainha do chimarrão, ela voltou para casa. Quando ela já estava à uma boa distância, o marido se acocorou ao lado do velho e perguntou, incrédulo:
- Seu Marculino, realmente o senhor gostou do chimarrão? Não achou meio amargo?
O velho, como só os sábios sabem fazer, ficou calado. Quando terminou de tomar o chimarrão entregou a cunha e a chaleira, ao homem, passou as costas da mão pelo local que, entre toda aquela barba, se deduzia estar sua boca, e só então respondeu:
- Você me disse que vocês já estão casados há 10 anos, certos?
- Certo...
- Você lembra como era no início do casamento?
- Sim... Sim... Claro... Era lindo. A gente estava apaixonado... E ela cevava chimarrão tão bom!
Marculino sábio como sempre falou – Você é quem está amargando o relacionamento de vocês.
Co... Como?!
Simples... E não precisa ficar envergonhado, pois isso acontece em quase todos os
Casamentos. No começo, é eu te amo, não posso viver sem você, flores para a amada e até a comida que ela fazia, era gostosa. Vocês querem mais é amar um ao outro... Não é assim?
Sim, meu velho...
Marculino pegou um graveto e, pensativo, com um meio sorriso nos lábios, começou a traçar rabiscos na terra fofa. Era nítida que ele estava rememorando o início do casamento, os primeiros filhos, Rosinha, bonita, zelosa e trabalhadora, sempre a seu lado nos momentos bons ou difíceis. E enquanto ele se quedava a pensar, o velho continuou:
- Passados alguns anos, esquecem dos bons tempos do namoro, o marido já não elogia os belos olhos da esposa e esta, chateada, vai deixando os carinhos de lado. Assim, meu filho, o casamento vai esfriando como uma noite de inverno e você começa a achar o chimarrão dela, que antes era tão delicioso, amargo. E ela vai acabar estragando o chimarrão mesmo, pois você deixou de lhe dirigir palavras carinhosas, como no começo. E onde não há carinho, o que é que vai acabando?...
Marculino deixou a pergunta no ar, como uma frase a ser terminada por Augusto, enquanto remexia no bolso da camisa à procura do isqueiro para acender seu cigarro de palha.
Então ele olhou para o homem, pois sabia qual seria sua resposta e sabia que já estava quase terminada sua sábia missão.
Augosto levantou-se sem procurar esconder do velho a lágrima que escorria por sua face. Então disse, suavemente.
- O amor, meu velho...eu entendi. Sem carinho e sem respeito entre o casal, o amor se acaba.
- Corretíssimo, meu amigo respondeu o velho sábio Marculino, o chimarrão que sua esposa preparou para mim, foi feita com amor, pois ela queria me agradar e, conseguintemente, ter minha aprovação. E, por isso, ela fez o chimarrão mais deliciosa que eu já tomei até hoje!
Augusto, contente e feliz, como sua esposa à pouco, só faltou beijar o velho. Tomando a mirrada mão direita dele entre suas fortes mãos, disse, sorrindo:
- A benção, meu velho... e obrigado. Eu aprendi sua lição!
- Vá com Deus, meu filho respondeu o velho sábio Marculino, e nunca se esqueça que não existe maior e nem melhor tempero do que o amor!
E lá se foi Augusto, feliz, propondo em seu coração fazer o seu casamento tal como era no começo. Marculino ficou olhando-o até a figura do marido triste, mas agora contente sua figura ir sumindo na longa e poeirenta rua de São João dos Pobres. Então, acendeu sossegadamente seu cigarro de palha, soltou uma baforada e virou-se para o papagaio de peito amarelo que parecia ter parado de cantar para prestar atenção na conversa, e agora agitava as asas e soltava seu característico cantar:
O velho sábio olhou para o seu amigo papagaio do peito amarelo inseparável que sempre, alias o único merecedor de seus segredos e com um dos olhos fechado, com as rugas no alto da testa e com um ar de esperteza, calmamente sussurrou próximo aos ouvidos do loro: Olha, meu amiguinho, realmente o chimarrão da Carlota estava um pouco amargo...mas agora ela vai começar a acertar a mão de novo!
E levantando-se do seu banquinho, entrou para a casa, dando risadinhas que só os sábios sabem como e quando devem dar...
E assim era e assim continuava a vida em Matos Costa. Tão tranquila e sossegada. Molecada brincando nas ruas nos ensolarados dias de verão.
Marculino, que olhava o pé de cedro pela ensebada vidraça de sua casa contemplava a natureza, agora meu filho neste momento estou desamparado deitado nesta tarimba neste ranchinho de tabua lascada não posso mais atender os meus amigos, vivo de favor até mesmo a comida alguém tem que levar na minha boca. Estou esperando chagar a minha vez de ir morar com Deus estou pronto, vá meu filho agora o que tinha para contar eu contou o que me resta e te agradecer de ter a paciência de me escutar já valeu apena de ter vivido, eu não só passei por este mundo, mas fiz historia digna de ser copiado....Obrigado.....

Historiador: Antonio Monteiro da Silva
26 de abril de 2010
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GENTE DE NOSSA TERRA


Historias que o povo conta:


“Se você, viajante, vendedor ou, turista um dia passar numa certa cidade de nome de Francisco Beltão no sudoeste do Paraná, a 450 km, verá uma placa de madeira, já corrompida pelo tempo, mas aonde ainda dá para se ler:” bem-vindo a “Francisco Beltão. Indo um pouco mais adiante dependendo do lado que entra, há outra placa, também de madeira e tão castigada quanto a outra, Bem vindo a “Marmeleiro”: a uma beiçada de Francisco Beltrão, como diz o meu cunhado Nelson Valcanaia morador em Camapuã Mato Grosso do Sul. E ai, Você pode estar perguntando, porque o meu interesse em falar desta cidade? Francisco Beltrão foi à cidade que escolhi para começar a minha vida profissional por muito tempo trabalhei com o médico Dr. Kit Abdala dono do Hospital Casa de Saúde Dr. Kit Abdala, hoje Hospital São Francisco, ali me casei, com Zelinda. Posteriormente estalei uma farmácia no bairro da Cango, lá pelos anos de 1969. Percorri o tempo me dedicando em conhecer as historias da cidade do que as atividades profissionais fizeram muitas entrevistas com moradores antigos da região, e foi na época que prestei serviço militar no Exército de Francisco Beltrão que mais soube através das pessoas o drama que viveu esta população. Aí que me surpreendi e anotei em um rascunho as historias desta idade, que hoje depois da minha aposentadoria resolvi escrever um livro. Francisco Beltrão também tem historias, historias que muitos não gostariam de se lembrar, preferiam apagar da memória e da história da região. Como não tem maneira de se apagar devido às profundas chagas que assinalaram a memória dos habitantes da época, mas para continuar viva estes acontecimentos é necessário relembrar com o intuito de homenagear o povo valente que defenderam com heroísmo os filhos deste pedaço de chão brasileiro. Meus amigos amantes das historias contada pelo povo, Guerra dos Canudos, Contestado, Farropilha e outra podem ser comparada com o levante dos colonos no sudoeste. Chegando ao local onde outrora Em 1912 ocorreram grandes batalhas de colonos e desordeiro assassinos sanguinários, o movimento dos colonos afastou as companhias que queria tomar a força o que pertencia aos colonos assentados da região do sudoeste do Paraná. Fanáticos, os quais atacaram sem piedade a Vila de Marreca e no ano de 1967 os colonos se revoltaram e expulsaram os malfeitores da região do sudoeste do Paraná, bem antes das expulsões ocorreram muitas mortes de muita gente, em tocaia planejada pelos fanáticos grileiros. O levante dos
Posseiros de Francisco Beltrão, em outros tempos chamavam-se marrecas. Para homenagear o engenheiro civil Francisco Trevizan Beltrão que na qualidade de diretor do departamento no Oeste, foi iniciador do povoamento do atual município.
Francisco Beltrão originou-se em 14/11/1951 de Clevelândia que se emancipou em 28/06/1892 de Palmas que se desmembrou em 1304. 1877 de Guarapuava, que se originou em 1707. De 1852 de Castro, que se emancipou em 24/09/1788 de Curitiba, que em 29/03/1693 se originou de Paranaguá, que foi criado por carta régia em29/07/1648. Teve como seus primeiros habitantes umas populações indígenas que habitavam as extensas matas, os guapuas, cheripas, chavas e caiurucrês estas raças indígenas usufruíram da natureza existente nessa região. Depois vieram os exploradores de erva mate os primeiros exploradores tiveram desabores com tribos indígenas.
Nesta época foi movimentado por conta dos ciclos ervateiro e madeireiro, sendo este último, responsável pelo movimento de legalização das terras, que foi conduzido te tal modo que criou grande instabilidade social na região sudoeste do estado do Paraná.
O povoamento de Francisco Beltrão iniciou-se no ano de 1922, mas somente na década de quarenta foi efetivado.
Em 1944 surgiu a maior imigração de pessoas na região, estimulada por integrantes do departamento de terra do estado, muito incentivou a colonização das terras fazendo intensa propaganda da fertilidade das terras do sudoeste, atraída também pela abundancia e facilidade da aquisição de terras.
No ano que a revolta dos colonos completa 50 anos, nos faz lembrar um pouco da historia de um tempo, em que a briga pelas terras do sudoeste, não somente o poder político, mas o homem de bem, mulheres e até crianças, isto durou até a expulsão das Companhias de terras em 1957.
As pessoas do sudoeste viveram momentos de agonia e de pânico, lamentações das percas trágicas de seus familiares, assassinados barbaramente por sanguinários jagunços.
A Cango (Colônia Agrícola Nacional General Osório) criado pelo presidente Getúlio Vargas em 1943 isto no governo de Eurico Gaspar Dutra (1945-1950). A Cango foi de certa forma esquecida, o presidente Getulio Vargas era a favor da internacionalização do Estado, contrario a vontade do povo.
Conseqüentemente abandona a região, incentivada pelo governador do Paraná Moisés Cupion. A revolta só foi possível, pelo processo de intervenção do estado. Na região do sudoeste, o poder político interferiu muito nos conflitos da região, as facções políticas do P.T.B. e do U.D.N. lideravam os meios ideológicos da população do sudoeste do Paraná.
A função da Cango, foi muito importante no lugar onde a Cango foi estrelada, teve inicio um povoado, a que denominava Santa Rosa; Em 1944 chegaram às primeiras famílias.
Os colonos recebiam tratamento medico, ganhavam ferramentas e sementes, além de todo o material para a construção de suas casas.
A única coisa que a Cango não ofereceu para os milhares de pessoas que conseguiram se fixar na região foi à documentação definitiva das terras, o que geraria problemas futuros.
A Cango foi muito importante na região, até a chegada das companhias de terras vinda de fora.
Na época diversas companhias colonizadoras se embrenharam na imensa mata da região do sudoeste, objetivando medir e demarcar terras a revelia da lei, não respeitando os antigos posseiros das terras, estas empresas se valeram de negociatas políticas para conseguirem a concessão de algumas glebas. Na época os meios de comunicação vinham de uma radio de Pato Branco, radio Colméia, que na voz do brilhante radialista Ivo Tomazzoni, orientava e transmitias aos posseiros. Que não caísse no golpe das companhias.
Nesta época não tinha estradas não tinha energia elétrica e também não tinha telefone, o único meio de comunicação era a radio colméia, os jornais chegavam na região com uma semana de atraso, as noticias era só aquelas que o radialista Ivo tomazoni anunciava retransmitindo o que o jornal nacional comunicava, as os rádios eram a válvulas a energia que fazia a rádio funcionar era a bateria.
A região de Francisco Beltrão era a mais afetada, e desejada pelos especuladores da SITRA, a SITRA tornou-se uma empresa com ramificações em diversos municípios do sudoeste, proprietária da extensa área de terras adquirida sem transação imobiliárias no fim do governo de Marechal Eurico Gaspar Dutra. Os colonos tinham informações que a companhia SITRA, umas das colonizadoras tinham adquirido uma área de 500 mil hectares mais de 20 municípios hoje habitado.
A SITRA vendia as terras, mas não fornecia documentos.
Esta empresa provocou também problemas fundiários que via de regras, eram resolvida a bala. Sucessivas questões de terras envolvendo diversas companhias colonizadoras ocasionaram o levante dos posseiros, em 1957 com tristes desdobramentos.
Mariopolis tornou-se a sede da SITRA e foi beneficiada com algumas concessões.
Um dos sócios da SITRA tinha idéia de instalar no sudoeste do Paraná uma indústria de papel, e celulose, a maior da América Latina, porque existiam na região de Francisco Beltrão, de 8 a 10 milhões de pinheiros em situações de corte. Muitas famílias de colonos tiveram dissabores, sofrimentos, massacres, mortes, torturas, perseguições era um tempo de terra de ninguém. Os colonos sofreram agruras nas mãos de jagunços, por questões de litígio agrárias, patrocinadas pelas companhias. O levante dos colonos teve como ponto culminante a cidade de Francisco Beltrão no dia 10 de outubro de 1957 data que marcou a expulsão das companhias de terras, até então as pessoas viviam em situação de insegurança, pois o governo reagia contra o povo, muitas vezes de maneira violenta. No dia 26 de junho de 1963 os agricultores reuniram-se novamente em Francisco Beltrão para receber o grupo executivo de terra do sudoeste do Paraná a “GETSOP” e os primeiros títulos de terra transformando enfim, os chamados posseiros em verdadeiros proprietários.
Foi um movimento justo. Dizem que há processos tramitando na justiça até hoje. Uma passagem que deveria ter até hoje, repercussão nacional, pois se trata de um dos três grandes conflitos agrários do país, junto com canudos e o contestado. No período de 31 de março de 1959 o 1º do 13º companhia de infantaria foi instalado em Francisco Beltrão para recrutar combatentes para segurança da população. Um dos motivos do ministério da guerra, instalar esta guarnição militar em Francisco Beltrão, foi primeiro pelos conflitos regionais, segundo por se tratar de faixa de fronteira.
A partir de 2000 a 1ª do 13º companhia de infantaria mudou para 16º escalão de cavalaria mecanizada. No período de 1957 até 1962 verificou-se espetacular destruição da mata de araucária e para regulamentar a situação, foi criada a GETSOP Grupo executivo de terra pra o sudoeste, através do decreto nº. 51.431 do dia 19 de março de 1962 com o objetivo específico de titular as terras da região do sudoeste do Paraná.
Graças a esta providencia, a região de Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná poderá festejar seus aniversários com paz e prosperidade.
Com a revolta dos posseiros de Francisco Beltrão em 1957, os jagunços guilheros de terras expulsos pelos colonos e pelas autoridades militares e civis, se embrenharam nas matas, para não serem mortos pelos legitimos proprietários de terras.
Estes sanguinários guilheiros alguns deles atravessaram o Rio Iguaçu, e se acamparam



nas terras de Campo Novo hoje Quedas do Iguaçu, Três Barras do Paraná, Catanduvas, Dois Visinhos São Jorge, Verê e demais municípios do Paraná. Em alguns municípios
Tão logo instalados colocaram o seu instito assasino em prática.
Entre os anos de 196 até 1967 muitos ataques e mortes aconteceram na região, os colonos principalmente de Mirim, Flor da Serra, Fazendinha, Tapui, em Quedas do Iguaçu forão os locais que mais aconteceram ataques aos colonos pelos jagunços.
Os pioneiros mais atingidos de Quedas do Iguaçu vivenciaram estes acontecimentos trágicos.
O pioneiro senhor Stanislau Vieczdrek morador de Quedas do Iguaçu com 66 anos de idade me relatou com sinal de tristeza o abuso dos jagunços com ele e com os seus vizinhos.
Mas os colonos foram mais valentes, defenderam as suas terras, mandando os
Sanguinários jagunços para outro espaço.
Em meados de 1969, época que eu e a minha esposa morávamos em Campo Novo hoje Quedas do Iguaçu no Paraná, curioso como sempre e como sempre escutando os mais velhos, sempre com a intenção de tirar algum proveito para o enriquecimento de minhas historias, que das quais a intenção era fazer um livro.
Marculino Silveira era um senhor de 70 anos, cabelos e barba branca, que conheci em uma viajem que fiz na região do sudoeste do Paraná, Marculino era possuidor de uma memória fantástica e de muita inteligência;
Com seus olhos cheio de lágrimas me contou a triste tragédia quando perdeu toda a sua família degolada e queimada pelos fanáticos e sanguinários jagunços donos de companhias colonizadoura do sudoeste, em meado de 1967. Marculino á tempo falecido passou a vagar pelo mundo sem destino, a cada tempo ele descançava em um velho casarão de sua família nas imediações linha Mirim na cidade de Quedas do Iguaçu. E foi em uma das visitas que eu fiz a este sábio homem que ele me passou a contar algumas historias que vou comentar neste texto:
Com a construção da estrada de ferro São Paulo Rio Grande concluída em 1908, provocou e facilitou a vinda de novos colonizadores em várias regiões do Paraná e Santa Catarina e não foi diferente onde o Velho Sábio morava. A localidade até então, distrito de Porto União, emancipou-se em 23 de abril de 1962, recebendo o nome de Matos Costa, em homenagem ao capitão João Teixeira de Matos Costa. Conta o velho sábio que a cidade de Matos Costa, antes se chamava Vila São João dos Pobres. A vila era bem pequena, Tão pequena que nem constava no mapa do Brasil. São João dos Pobres nem era uma cidade e sim, um povoado, uma vila. A comunidade era formada por apenas 300 almas, entre homens, mulheres e crianças.Portanto, lá todos se conheciam.A igreja católica bem pequena mas assim mesmoopov deSãoJoão dos Pobres era muito religioso.
A biblioteca da vila tinha apenas uns poucos livros. Entre eles, a Bíblia e um livro ensebado, já até sem capa, que versava sobre as antigas civilizações. Havia também um livro que narrava a Guerra do Contestado, um livro da História do Brasil e um catálogo da lista telefônica do Paraná. Além destes cinco, considerados pela comunidade como os mais importantes, o restante do acervo da biblioteca era formado por umas duas ou três revistas O Cruzeiro a Bíblia Como o livro sagrado e outros livros e revistas que havia chegado a São João dos pobres , ninguém sabia destes livros, era um mistério. Mas havia os livros, as revistas e a lista telefônica de Santa Catarina, e era através deles que a comunidade de São João dos Pobres eram educadas, advindo daí a cultura e religiosidade do povo, além da mania de misturar nomes de santos, que eles achavam nos ditos livros e na lista telefônica, e colocar esses nomes nos filhos. Por causa disso, mesmo se não houvesse grau de parentesco, todos os moradores de São João dos Pobres cuaze todos os habitantes tinha os seus nomes bem brasileiros, carreado pelos migrantes caboclos vindos de Porto Amazonas, no Paraná, que se instalaram no local, o qual denominou São João dos Pobres.
Além do mais, já que era um pequeno povoado, lá não havia prefeito e, conseqüentemente, não havia Prefeitura e, não havendo Prefeitura, todos se locomoviam a Porto União ou União da Vitória no que tange a recursos de sobrevivência, medicamentos médico e alimentação. E ninguém era dono de nada ao mesmo tempo, pois não havia cartório de registro de imóveis. Assim, ninguém em São João dos Pobres pagava impostos e, dessa maneira, já que a Vila desconhecia políticos, todos trabalhavam para sua própria sobrevivência.
Marculino Silveira um homem com muita idade, sábio nascido em Passo das Galinhas hoje General Carneiro, morou muito tempo nas barrancas do Rio Jangada, onde foi construída em 1963 a barragem de Salto Lili de propriedade de Miguel Forte, atualmente desativada.
Marculino era o morador mais antigo da Linha Tapui, a medida que o velho sábio narrava a sua historia eu me interessava cada vez mais e me procedia diante daquele homem com os ouvidos aberto anotando tudo o que ele falava, o mais surpreendente que me deixou de boca aberta foi quando o velho sábio comentou da Guerra de 1932 que o seu pai testemunhou e passou a contar com muitos detalhes para todos os seus filhos. Algum trecho merece ser comentado neste meu relato: O velho sábio com os seus olhos penetrantes porem acesas orgulhosamente detalhou que as tropas da polícia militar do Paraná se estalaram no Tapui Para completar a historia contada pelo velho sábio Marculino Silveira, eu fui consultar os arquivos da policia militar com autorização do comandante o qual me forneceu um livro escrito por um escritor. No decorrer deste relato nomearei todos os envolvidos desta batalha. E conclui a historia contada pelo Sr. Marculino


MÊS DE DEZEMBRO DE 1924

Dia nove de dezembro de 1924 A Marcha dos militares rumo a cidades de Catanduvas continuava mais para o interior da mata. Nesse dia, atingimos Lajeado Liso de São Roque. Foi aí que o sargento Higino e o cabo Malan foram atacados em uma emboscada preparada pelos rebeldes.
No dia seguinte, conseguimos descobrir o corpo do sargento, enterrado, nos fundos de um paiol, ao lado de um chiqueiro de porcos. Procedemos à exumação e vimos, horrorizados, o corpo mutilado a facão e quase nu.
Á margem do trilho principal abrimos uma sepultura decente e, novamente ajoelhada, fizemos nossas preces. A assinalar mais essa vítima, ficou ali plantada outra cruz tosca feita de cedro.
A noite, recolhido ao silêncio das nossas barracas, dorme, confiantes na vigilância das guardas e sentinelas, atentas à escuridão das picadas.
Repentinamente, rompe de uma das guardas um cerrado tiroteio e, incontinente, o batalhão toma posição para combate. Porém, para nossa tranqüilidade, o alarme durou apenas alguns minutos. Um soldado de sentinela perdida, ouvindo ruídos estranhos nas picadas e não recebendo a senha regulamentar, disparou o fuzil acompanhado por toda a guarda avançada. Mais tarde tudo serenou, o acampamento voltou à calma e nós dormimos novamente, despreocupados.
Dezembro. 10. O Batalhão se deslocou para o lugar denominado Campo Novo Hoje Quedas do Iguaçu, onde deveríamos permanecer por 3 longas semanas. Provavelmente, ficaríamos como guardas vigilantes do franco esquerdo das tropas em operações ao longo do eixo da estrada a caminho a foz do Iguaçu.
Durante esses longos dias de inatividade enervante, passamos matando o tempo nos serviços obrigatórios de patrulha, reconhecimentos, guardas e sentinelas Diárias. A vigilância á tanto mais necessária porque cada estreita passagem das florestas pode trazer-nos uma bala do inimigo, oculto em emboscada.
Os dias chuvosos nos prendiam durante intermináveis horas dentro da pequenina barraca de campanha. Triste e absortos ficávamos sentados ou de cócoras, vendo os fios dáguas escorrerem e ouvindo incessantemente a chuva tamborilar na lona da barraca.
Aproxima-se o Natal. A tristeza nos invade mais profundamente o coração. Desde o oficial ao mais modesto soldado, todos sentem apossar-se de si uma angustiosa saudade dos lares distantes. Revêem, imaginariamente, os dias felizes das festas de Natal, no aconchego carinhoso da esposa, filhos, pais, irmãos...
VÉSPERA DE NATA: Polícia Militar do Estado do Paraná
Dia 24 surgem um novo dia radiante de sole a natureza parece exalar uma alegria festiva. A passarada silvestre anuncia o alvorecer, trinando alegremente.
Os soldados resolvem comemorar esse dia, erguendo o tradicional pinherinho que nos nossos lares alegra o coração meigo das crianças. Assim o fizemos, e mais tarde, o vimos condignamente enfeitados de frutos multicolores, bolachas, caixinhas fazias. A simbolizar a neve, o serviço de saúde nos forneceu o algodão necessário. Depois vimos soldados contemplarem ingenuamente a pitoresca e exótica árvore de Natal, símbolo da nossa homenagem e devoção ao nascimento do menino Jesus, Redentor da humanidade, que se propaga eternamente, ao seu redor não vimos, nem ouvimos o riso inocente e a alegre das crianças.
Erigimos esse altar de fé cristã entre as duas peças de artilharia da coluna. Viam-se em derredor, espalhadas, peças de metralhadouras nossa secção. Tudo isso forma um contraste chocante e inédito para nós.
Quando o crepúsculo vem descendo, cai um aguaceiro inoportuno que quase desfaz por completo o nosso pinherinho.
À noite, sentado nos velhos pinheiros caídos, meditamos entristecidos e contreplamos o céu estrelado, angustiados de saudades. O pinherinho, como que solidário com a nossa dor, parece tristes também, e com seus galhos alçados para o firmamento, deixa cair de quando em vez uma gota cristalina de chuva, simbolizando, talvez, lágrimas de piedade que rolam ao chão; lágrimas implorando perdão a Deus por nós. Lágrimas de saudades das mãos, esposas e filhos ausentes.
Ainda nessa noite, uma notícia vinda da frente informa que um grupo de rebeldes depôs as armas.
Dia 27. A coluna se move novamente depois de longos dias em campo Novo Hoje Quedas do Iguaçu, some outra vez na escuridão verde das selvas, rumo ao próximo lugarejo da localidade do Tapui conhecido por Tapui dos índios.
Tapui é apenas uma pequena clareira na mata, com uma única choça indígena. Ao seu derredor armamos nossas barracas de lona cáqui.
É interessante observar a original arquitetura da cabana construída pelos silvícolas. Ramos e galhos habilidosdamente trançados e estocados de barro; como cobertura um compacto entrelaçado de folhas de taquara, impermeabilizados internamente pela ação contínua da fumaça de nó de pinho, dando-lhe um verniz preto e resistente. A cabana, que tem uma única porta, sem janelas, foi escolhida para o armazém de víveres e munição da tropa.
Em todos os trilhos e carreiros da mata, encontramos, infalivelmente, uma sentinela vigilante, ao redor da clareira, nos protege um denso e impenetrável taquaral.
Dia 31. O fim do ano nos encontra ainda na localidade do Tapui. A vida é normal no acampamento. O comandante Sarmento anuncia que, em regozijo á passagem do ano, mandará servir, à meia noite, um café com bolacha à tropa. Isso constitui uma concessão especial, dada se circunstância da extrema exigüidade de víveres dispõe a coluna.
Novas recordações nos açodam à memória novamente, ao lembrarmo-no de que, nas cidades onde moramos, essa hora tem uma especial significação para todos e é anunciada com festivos repiques de sinos, prolongados apitos e foguetes em profusão.
No acampamento, é tudo triste silêncio, ainda porque isso se torna indispenável à nossa própria segurança. O comandante consentiu apenas que acendêssemos uma grande. Fogueira. À meia noite, recebemos o café prometido. Os oficiais brindam-se mutuamente, e como por encanto surgem não se sabe de onde, umas misteriosas garrafas que tem a importante faculdade de alegrar o estado-maior da coluna. Aqui e ali, ouvem-se cantos em surdina, declamações, recitativos, e, aos poucos, finaliza-se a comemoração.
De fogueira quase apagada desprendem-se fagulhas que desaparecem entre as altaneiras árvores da floresta. Ao apagar-se, fazem desvanecer em nossos corações as ilusões e vaidades humanas, lembrando a fragilidade dos nossos destinos que, como as fagulhas, podem apagar-se a qualquer momento.
É fantástico escrever uma história tão rica de detalhes, confundindo-se entre o homem simples e o intelectual e a veracidade dos acontecimentos as enciclopédias.
A minha curiosidade foi tanta em saber mais sobre este acontecimento histórico, que não fiquei satisfeito, fui atrás de mais informações, e foi nestas procuras que encontrei o Sr. Sebastião S. Barreto. Ele me contou esta historia no ano de 2005 em sua casa em Quedas do Iguaçu. Um Relato impressionante, narrado pelo pioneiro Sebastião Barreto, residente há 70 anos nesta cidade. Nesta entrevista, o pioneiro Sebastião, contou com detalhes importantes, da revolta de 1924, onde cominou com muitas mortes durante os combates armado das frentes legalistas e revoltosos. Apesar de seus já avançados anos, a sua memória narrou com riqueza de detalhes a triste tragédia presenciada pelos moradores da região de Catanduvas precisamente em Medeiros onde o seu avô tinha propiedades e morava com toda a sua família. Talvez seja a conversa que ele teve com o avô, e com o seu pai senhor João Maria Barreto, na época o pai do Sr. Barreto tinha 9 (nove) anos de idade, ambos conviveram este trágico confronte armado que deflagrou chamas ardentes entre os povos, muito deles nada tinha haver com a situação. O avô do Sebastião Barreto Sr. Antonio Quirino de Sousa, não se cansava de contar para o seu pai e seus netos, as bravuras dos soldados que compunha o pelotão da polícia Militar do Paraná. Em números aproximadamente de 500 homens, contra tacados pelos revoltados sanguinários das colunas, composto por militares e civis, e que também, não faltava à presença de estrangeiros paraguaios no movimento. O Sr. Sebastião com firmeza detalhava a estratégia que a força militar usou, para atacar os revoltosos pela retaguarda, usando o poste amento da rede de Telégrafo, que saia de regiões distantes, e cortava as matas da região de Laranjeiras do Sul, conseguintemente, inclui a nossa região de Quedas do Iguaçu. Seguindo os traços da rede para não se perder no matagal serrado da nossa região foi á maneira mais inteligente dos nossos heróis, surpreender os adversários pela retaguarda. Com os postes da rede telegráfica atravessou o Rio Guarani, seguindo até Catanduvas, onde se encontrava um posto de comunicação telegráfico, com esta estratégia usada pelos militares, deu condições para derrotar os revoltosos. Méritos do Comandante Antonio de Morais Sarmento hoje Patrono da polícia militar do Paraná, e de seus brilhantes combatentes.
Ao entrevistar o Sr. Sebastião Barreto, ele fez questão de dizer, que o seu avô, e todos os filhos dele, encluía também, o pai do Sr. Sebastião e sua mãe, por muitas ocasiões ficavam no meio do fogo cruzado, entre militares e revoltosos. Era bala de metralhadouras, mosquetões e de canhões, que rasgava os céus e roçava as matas de sua propiedade. A Revolta de 1924, muito comentada no Brasil e no mundo, acabou em frente às terras da família Barreto em Catanduvas. Mais precisamente na região de Medeiros. A bandeira da polícia Militar do Estado do Paraná tremulava nas mãos dos soldados, orgulhosos do dever comprido, liberdade para estarem novamente reunidos com os seus familiares, recebendo um abraço agora como heróis, título esse insignificante comparado pelo respeito à Constituição brasileira. Resolvido uma situação de grande repercussão em todo o território Nacional. Comentou ainda o Sr. Sebastião que o seu avô morreu com 104 anos e está sepultado no cemitério que do qual está enterrado alguns dos valentes Herói que defenderam a Pátria das garras dos maus intencionados malfeitores. Por este ato de brasilerismo foi devolvido a tranqüilidade e o respeito á Constituição brasileira e os bons costumes do povo e da corporação Militar.
Vamos continuar contando a historia do velho sábio Marculino que ficou lá atraz.
Nem mesmo os mais antigos moradores da região de Matos Costa sabiam a idade do velho guru, naquela época São João dos Pobres não tinha cartório de registro de nascimento. O povo em geral concordava que o velho Masculino tinha mais de 150 anos de idade. Ele era o único que sabia diferenciar, por exemplo, o sexo dos sapos. Quando alguém tinha dúvidas, era só levar o batráquio até o velho Masculino, que ele, com a longa barba branca e com um dos olhos fechados, em atitude de concentração, logo dizia se era sapo ou perereca. O sábio Masculino viu de perto a revolta do Contestado e da fama do Monge João Maria contar historia era o seu passa tempo.
Na falta de médico o sábio Marculino virava curandeiro, benzia, fazia simpatia, previa chuva ou seca, o velho Marculino, tinha um hábito de fazer as suas xaropadas sobre o luar das luas cheias segredo que não revelava para ninguém. Com um vasto palheiro no canto da boca prezo entre dois dentes alias os únicos que sobraram. Com seus sesurrados chinelos caminhavam pelas estradas da vila, empoeirada a única Rua de São João dos Pobres, ele tinha há bem uns 150 anos, calculavam os moradores mais antigos.
Marculino era parteiro também, benzedeiro e curandeira da cidade. Marculino tinha tanta prática em partos, que mal uma mocinha acabava de casar, ele só olhando as ancas da jovem mulher já dizia quantos filhos ia ter, e olha? Ser parteiro naquela época era raro, somente mulheres bem idosas tinha a preferência para tal atendimento conhecia mulheres parteiras com bastante idade, conhecimento muito usada pelas pessoas antigas. E passando seus olhinhos pequenos e já sem brilho pelo corpo do marido da ex-virgem, como lá chamavam as mocinhas recém-casadas, o velho já dizia se a tendência do casal seria de ter filhos ou filhas.
Assim era São João dos Pobres, uma feliz comunidade que foi palco de uma grande batalha conhecida como a guerra do Contestado. Depois que acabou a revolta do Contestado, surgiu na redondeza um homem que escolheu salto Lili, para morar na época tinha outro nome, Cordeiro, sempre usava uma capa encobrindo todo o seu corpo, não importava se esta frio, calor tempo ensolarado ou chuvoso nunca dispensava a capa de pura lã de carneiro, com isso escondia dois revolve totalmente municiado em sua cintura depois do velho Marculino, era a pessoa mais respeitada da vila pelos seus conhecimentos gerais, só que um para o bem e o outro para o mal, Marculino informava e orientava todos, quando algum visitante passava por lá – coisa que acontecia de década em década, já o Carneiro pelo que as más boca comentava era remanescente da Guerra do Contestado só que ninguém nem mesmo ele dizia de que lado estava. São João dos Pobres escrevia nos anais de sua história a revolta do Contestado.
São João dos Pobres viveu tempos bons das vacas gordas, apesar do nome nada tinha haver com a vasta região agrícola, glórias e fartura a seu povo, mas nunca perdeu sua majestade continua apesar da crise, crescendo não somente no lado financeiro, mas político e cultural.
Marculino nunca pôs os pés numa escola, de onde veio não havia escolas por perto. Mas como ele era o sujeito esforçado acabou aprendendo a ler com a ajuda de um neto, lia tudo o que aparecia só faltava comer os livros que encontrava pelo caminho. Ele mesmo se auto-proclamou “professor” das crianças da comunidade. De São João dos Pobres, Marculino lia e relia os poucos livros da biblioteca, estalada em uma antiga casa na rua principal a uns 300 metros da estação ferroviária e o fazia tantas vezes que o pessoal da vila tinha medo que ele devorasse os livros da pequena biblioteca. Mas o temor era infundado. Marculino realmente “comia” livros, mas não como alimento e sim pelos olhos e mente. Ele já havia decorado até as vírgulas dos livros e revistas da biblioteca, de tanto lê-los e relê-los. Ele só não se interessava pela lista telefônica, pois de acordo com ele, era um livro cansativo, com muitos personagens, mas sem nenhuma história. Marculino um dia descobriu num dos livros sobre um Monge italiano chamado João Maria de Jesus.
Apesar de serem três os monges segundo a historia contada e vivenciada por Marculino, o povo, através de suas lendas e folclore, uniu-os em um único, popularmente conhecido como São João Maria de Deus, que era considerado, na época, o “monge dos excluídos” e que tinha muito haver com sua comunidade. Os três Monges estão historicamente unidos de tal forma, que muitas vezes se torna difícil separar os feitos e a vida de cada um. Guardada as devidas proporções, pois surgiu tal de José Maria na região de Laranjeiras do Sul, que colocou em dúvida a sua verdadeira intenção, o que conhecemos através de depoimento e o que aconteceu na região do Contestado não combina com a sua trajetória cristã.
Os três tinham em comum o fato de terem vivido em épocas de grandes mudanças sociais, em que a assistência médica e o conhecimento tinham pouca penetração no interior do país, em que o aconselhamento embasado na religião, a cura através de ervas e águas, e os milagres eram os únicos recursos acessíveis a uma população carente e pouco assistida. A população humilde encontrava neles apoio e soluções para enfrentar a penúria e a desesperança.
Ainda que seja improvável que se tratava de mesma pessoa, devido à questão temporal e geográfica, no caso particular do estado do Rio Grande do Sul existe a tese que de sobreviventes fugitivos, e em especial, seus descendentes, foram divulgando e adequando suas crenças e reivindicações. Assim, encontramos o monge João Maria, do movimento do Monges do Pinheirinho (cidade de Encantado), assim também o monge José Maria que se envolveu também na Guerra do Contestado, este vindo da cidade de Laranjeiras do Sul, e para fins de inlutração, me permitam em contar como o Monge José Maria veio para em Santa Catarina. Assim diz a história:
JOSÉ MARIA, CHARLATÃO O PROFÉTA?

A guerra do contestado por pouco não aconteceu na região de Campo Novo hoje Quedas do Iguaçu. O religioso, pregador e curandeiro José Maria na época percorreu extensas regiões nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Nessas caminhadas passou por Laranjeiras do Sul, na qual Quedas do Iguaçu pertencia, cidade esta que eu morei por 40 anos, e tive a felicidade de entrevistar o sábio Marculino, José Maria tinha costume de estar entre humildes, à rezar próxima a olhos d’água constantemente eram usados por ele, os antigos ainda é lembrado como olho d’água São João Maria.
Em 1910, surgiu em Laranjeiras do Sul um homem, seu nome era Miguel Lucena que aproveitando a fama deixada por João Maria assumiu o nome de José Maria.
José Maria dono de um carisma alucinante reuniu os sertanejos e anunciou que averia uma guerra do qual muito pouco escapariam e para se salvar era necessário se esconder no matagal e assim o fizeram, como nada aconteceu, anunciou que viria o fim do mundo, e para salvação de suas almas tinham que atravessar 50 vezes o Rio Iguaçu nadando como pinitência. Este fato aconteceu no dia 22 de Outubro de 1910. Muitos como a maioria acreditou. Famílias carregando seus filhos às vezes nas costas e sobre lombos de cavalos cruzando o Rio Xagu e chegando ao Pinhal Ralo, de onde levavam dias para chegar ao Rio Iguaçu.
Pinhal Ralo era uma região que a Baronesa de Limeira possuía uma área de 6000 hectares de terras, hoje pertence à Araupel Quedas do Iguaçu.
Os sertanejos acamparam na margem do Rio das Cobras entre Salto Osório e salto Santiago. Aos poucos os sertanejos suspeitaram que o monge fosse um charlatão, os homens se revoltaram e decidiram acabar com ele.
José Maria sentindo o perigo resolveu abandonar o acampamento e fugiu para Santa Catarina.
Após um ano de permanência no sertão, os sertanejos voltaram, nem todos, muitos morreram de fome e picadas de cobras, muitas crianças desnutridas morreram.
Miguel Lucena, que de nominava como José Maria, apareceu em Campos Novos, pregando e anunciado curas. Jose Maria atraiu nessa região, grande número de sertanejos, pois os mesmos estavam sendo escorraçados por jagunços armados da empresa Southern Brasil, com serrarias de grande porte, as maiores da América Latina.
Jose Maria liderava milhares de sertanejos, na região central do contestado
(disputado pelo Paraná e Santa Catarina).
Numa batalha entre jagunços, soldados e fanáticos de Jose Maria constam a historia como Guerra do Contestado.
Guardada as proporções, uma espécie de Guerra dos Canudos em 1897.
Alguns dados desta história foram fornecidos pelo senhor Miguel Beira Gonçalves, morador em Pindorama, na cidade de Quedas do Iguaçu Paraná, quando entrevistei contava com 80 anos, hoje falecido o seu pai Sr. João Gonçalves da Costa, natural de Laranjeiras do Sul participou da guerra do Paraguai, de 1870 acompanhou de perto a trajetórias do religioso José Maria.
Com as mesmas características (do qual inclusive existe registro fotográfico outros dois João Maria e com o mesmo nome, na luta dos Monges Barbudos (Soledade, RS). Ele seria um discípulo de Jacobina Mentz Maurer, dos Muckers, cujos descendentes teriam se localizado no município de Estrela. Historiadores mostram no mapa do Rio Grande do Sul a região dos três acontecimentos, unindo um caminho provável que teriam percorrido os Muckers sobreviventes para influir nos acontecimentos do interior de Encantado (1902) e Soledade (1935-1938). João Maria D’Agustine O primeiro deles, o monge João Maria d’Agostinho, era imigrante italiano, e residiu um tempo em Sorocaba (SP), mudando-se em seguida para o Rio Grande do Sul, onde viveu entre os anos de 1844 e 1848, nas cidades de Candelária, no morro do Botucaraí, e Santa Maria, no Campestre. Introduziu nessa região o culto a Santo Antão, que é considerado o “pai de todos os monges”, cuja festa continua até os dias atuais, comemorada em 17 de janeiro. A região do Campestre passou a ser chamada, desde então, de Campestre de Santo Antão. Sua prisão foi decretada em 1848, pelo General Francisco José d’Andréa (Barão de Caçapava), mediante o temor de levantes e concentrações populares que começavam a ser comuns naquela região, e o monge foi proibido de voltar ao Rio Grande do Sul. Refugiou-se na Ilha do Arvoredo (SC), depois na Lapa (PR), na serra do Monge, e em Lages (SC), desaparecendo em seguida, misteriosamente. Os historiadores defendem que o monge João Maria morreu em Sorocaba, em 1870. Mas em Santa Catarina há histórias que ele morreu no Morro do taio, no município de Santa Terezinha, contam pessoas da região, que João Maria dizia que o Morro do taio era um lugar santo "o Paraíso "e que lá não perenizava trabalhar. João Maria andava sempre com duas panelinhas, que tinham seu nome escrito em baixo, há pessoas que digam que ele alimentou outras 20.000. João Maria dizia que queria morrer no morro do taio, comunidade perto a Itaió Grande, falam até hoje na região que ele subiu o morro do taio e sumiram, alguns dizem que ele entrou numa caverna e desapareceu, os vizinhos que moravam por muito tempo perto do morro não sabem onde fica essa caverna, mas acreditamos na historia.
João Maria de Jesus o segundo monge, João Maria de Jesus, surgiu também misteriosamente, no Paraná e Santa Catarina, tendo vivido entre os anos de 1886 e 1908, havendo, na ocasião, uma identificação com o primeiro, de quem utilizava os mesmos métodos, com curas através de ervas, conselhos e águas de fontes. Acredita-se que seu verdadeiro nome seria Atanás Marcaf, diria: "Eu nasci no mar, criei-me em Buenos Aires, e faz onze anos que tive um sonho, percebendo nele claramente que devia caminhar pelo mundo durante quatorze anos, sem comer carne nas quartas-feiras, sextas-feiras e sábados, e sem pousar na casa de ninguém. Vi-o claramente". Há controvérsias sobre seu desaparecimento, segundo alguns historiadores por volta de 1900, e segundo outros por volta de 1907 ou 1908. A semelhança entre os dois primeiros monges é tão grande, que o povo os considerava um só. Num dos retratos da época, considerado como sendo do santo, há a legenda “João Maria de Jesus, profeta com 188 anos” José Maria O terceiro monge, José Maria, surgiu em 1911, em Campos Novos (SC), e foi segundo alguns historiadores, um ex-militar. Segundo um laudo da polícia de Vila de Palmas, no Paraná, seu verdadeiro nome era Miguel Lucena de Boaventura, e era um soldado desertor condenado por estupro. Dizia ser irmão do primeiro monge e adotou o nome de João Maria de Santo Agostinho. Utilizava, também, os mesmos métodos de cura dos primeiros, com ervas e água, mas, ao contrário do isolamento de seus antecessores, organizava agrupamentos, fundando o “Quadros Santo”, acampamentos com vida própria, e os “Pares de França”, uma guarda especial formada por 24 homens que o acompanhavam. A região onde atuava era palco de disputas por limites e, sob a alegação de que o monge queria a volta da monarquia, foi pedida a intervenção do Governo Estadual de Santa Catarina, o que foi entendido como uma afronta pelo Governo do Paraná, que enviou uma força militar para a região. A força militar chefiada pelo coronel João Gualberto Gomes de Sá invadiu o “Quadro Santo” de Irani (SC), e morreram no combate tanto o monge João Maria quanto o coronel, o que determinou o fim do ciclo dos monges e a eclosão franca da Guerra do Contestado. Lendas
Há muitas histórias sobre a origem do monge, todas de tradição popular. Uma delas refere que sua cidade de origem teria sido Belém, na Judéia, e que abandonara a religião para se casar com uma moura e para combater o exército expedicionário francês. Sendo feito prisioneiro, após a morte de sua esposa fugiu e teve a visão do apóstolo Paulo, este apóstolo era um homem de pequena estatura”, afirmam os Atos de Paulo, escrito apócrifo do segundo século, “parcial-mente calvo, pernas arqueadas, de compleição robusta, olhos próximos um do outro, e nariz um tanto curvo.” Se esta descrição merecer crédito, ela fala um bocado mais a respeito desse homem natural de Tarso, que viveu quase sete décadas cheia de acontecimentos após o nascimento de Jesus. Ela se encaixaria no registro do próprio Paulo de um insulto dirigido contra ele em Corinto. “As cartas, com efeito, dizem, são graves e fortes; mas a presença pessoal dele é fraca, e a palavra desprezível” (2 Co 10:10).
Suas verdadeiras aparências terão de deixar por conta dos artistas, pois não sabemos ao certo. Matérias mais importantes, porém, demandam atenção — o que ele sentia, o que ele ensinava, o que ele fazia.
Sabemos o que esse homem de Tarso chegou a crer acerca da pessoa e obra de Cristo, e de outros assuntos cruciais para a fé cristã. As cartas procedentes de sua pena, preservadas no Novo Testamento, dão eloqüente testemunho da paixão de suas convicções e do poder de sua lógica.
Aqui e acolá em suas cartas encontramos pedacinhos de autobiografia. Também temos, nos Atos dos Apóstolos, um amplo esboço das atividades de Paulo. Lucas, autor dos Atos, era médico e historiador gentio do primeiro século.
Assim, enquanto o teólogo tem material suficiente para criar intérminos debates acerca daquilo em que Paulo acreditava, o historiador dispõe de parcos registros. Quem se der ao trabalho de escrever a biografia de Paulo descobrirá lacunas na vida do apóstolo que só poderão ser preenchidas por conjeturas.
A semelhança de um meteoro brilhante, Paulo lampeja repentinamente em cena como um adulto numa crise religiosa, resolvida pela conversão. Desaparece por muitos anos de preparação. Reaparece no papel de estadista missionário, e durante algum tempo podemos acompanhar seus movimentos através do horizonte do primeiro século. Antes de sua morte, ele flameja até entrar nas sombras além do alcance da vista.
Sua Juventude:
Antes, porém, que possamos entender Paulo, o missionário cristão aos gentios, é necessário que passemos algum tempo com Saulo de Tarso, o jovem fariseu. Encontramos em Atos a explicação de Paulo sobre sua identidade: “Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante do Silício” (At. 21: 39). Esta afirmação nos dá o primeiro fio para tecermos o pano de fundo da vida de Paulo.
A) Da Cidade de Tarso. No primeiro século, Tarso era a principal cidade da província do Silício na parte oriental da Ásia Menor. Embora localizada cerca de 16 km no interior, a cidade era um importante porto que dava acesso ao mar por via do rio Cnido, que passava no meio dela.
Ao norte de Tarso erguiam-se imponentes, cobertas de neve, as montanhas do Tauro, que forneciam a madeira que constituía um dos principais artigos de comércio dos mercadores tarsenses. Uma im¬portante estrada romana corria ao norte, fora da cidade e através de um estreito desfiladeiro nas montanhas, conhecido como “Portas Selecionas”. Muitas lutas militares antigas foram travadas nesse passo entre as montanhas.
Tarso era uma cidade de fronteira, um lugar de encontro do Leste e do Oeste, e uma encruzilhada para o comércio que fluía em ambas as direções, por terra e por mar. Tarso possuía uma preciosa herança. Os fatos e as lendas se entre mesclavam, tornando seus cidadãos ferozmente orgulhosos de seu passado.
O general romano Marco Antônio concedeu-lhe o privilégio de libera Civita (“cidade livre”) em 42 a.C. Por conseguinte, embora fizesse parte de uma província romana, era autônoma, e não estava sujeita a pagar tributo a Roma. As tradições democráticas da cidade-estado grega de longa data estavam estabelecidas no tempo de Paulo.
Nessa cidade cresceu o jovem Saulo. Em seus escritos, encontramos reflexos de vistas e cenas de Tarso de quando ele era rapaz. Em nítido contraste com as ilustrações rurais de Jesus, as metáforas de Paulo têm origem na vida citadina.
Os reflexos do sol mediterrânico nos capacetes e lanças romanos teriam sido uma visão comum em Tarso durante a infância de Saulo. Talvez fosse este o fundo histórico para a sua ilustração concernente à guerra cristã, na qual ele insiste em que “as armas da nossa milícia não são carnais, e, sim, poderosas em Deus, para destruir fortalezas” (2 Co 10:4).
Paulo escreve de “naufragar” (1 Tm 1: 19), do “oleiro” (Rm 9:21), de ser conduzido em “triunfo” (2 Co 2:14). “Ele compara o “tabernáculo terrestre” desta vida a um edifício de Deus, casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2 Co 5:1). Ele toma a palavra grega para teatro e, com audácia, aplica-a aos apóstolos, dizendo: “nos tornamos um espetáculo (teatro) ao mundo” (1 Co¬ 4:9).
Tais declarações refletem a vida típica da cidade em que Paulo passou os anos formativos da sua meninice. Assim as vistas e os sons deste azafamado porto marítimo formam um pano de fundo em face do qual a vida e o pensamento de Paulo se tornaram mais compreensíveis. Não é de admirar que ele se referisse a Tarso como “cidade não insignificante”.
Os filósofos de Tarso eram quase todos estóicos. As idéias estóicas, embora essencialmente pagãs, produziram alguns dos mais nobres pensadores do mundo antigo. Atenodoro de Tarso é um esplêndido exemplo.
Embora Atenodoro tenha morrido no ano 7 d.C., quando Saulo não passava de um menino pequeno, por muito tempo o seu nome permaneceu como herói em Tarso. E quase impossível que o jovem Saulo não tivesse ouvido algo a respeito dele.
Quanto, exatamente, foi o contato que o jovem Saulo teve com esse mundo da filosofia em Tarso? Não sabemos; ele não no-lo disse. Mas as marcas da ampla educação e contato com a erudição grega o acompanham quando homem feito. Ele sabia o suficiente sobre tais questões para pleitear diante de toda sorte de homens a causa que ele representava. Também estava cônscio dos perigos das filosofias religiosas especulativas dos gregos. “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens... e não segundo Cristo” foi sua advertência à igreja de Colossos (Cl 2:8).
B) Cidadão Romano. Paulo não era apenas “cidadão de uma cidade não insignificante”, mas também cidadão romano. Isso nos dá ainda outra pista para o fundo histórico de sua meninice.
Em At 22: 24-29 vemos Paulo conversando com um centurião romano e com um tribuno romano. (Centurião era um militar de alta patente no exército romano com 100 homens sob seu comando; o tribuno, neste caso, seria um comandante militar.) Por ordens do tribuno, o centurião estava prestes a açoitar Paulo. Mas o Apóstolo protestou: “Ser-vos-á porventura lícito açoitar um cidadão romano, sem estar condenado?” (At 22: 25). O centurião levou a notícia ao tribuno, que fez mais inquirição. A ele Paulo não só afirmou sua cidadania romana, mas explicou como se tornara tal: “Por direito de nascimento” (At 22: 28). Isso implica que seu pai fora cidadão romano.
Podia-se obter a cidadania romana de vários modos. O tribuno, ou comandante, desta narrativa, declara haver “comprado” sua cidadania por “grande soma de dinheiro” (At 22: 28). No mais das vezes, porém, a cidadania era uma recompensa por algum serviço de distinção fora do comum ao Império Romano, ou era concedida quando um escravo recebia a liberdade.
A cidadania romana era preciosa, pois acarretava direitos e privilégios especiais como, por exemplo, a isenção de certas formas de castigo. Um cidadão romano não podia ser açoitado nem crucificado.
Todavia, o relacionamento dos judeus com Roma não era de todo feliz. Raramente os judeus se tornavam cidadãos romanos. Quase todos os judeus que alcançaram a cidadania moravam fora da Palestina.
C) De Descendência Judaica. Devemos, também, considerar a ascendência judaica de Paulo e o impacto da fé religiosa de sua família. Ele se descreve aos cristãos de Filipos como “da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu” (Fp 3:5). Noutra ocasião ele chamou a si próprio de “israelita da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim” (Rm 11:1).
Dessa forma Paulo pertencia a uma linhagem que remontava ao pai de seu povo, Abraão. Da tribo de Benjamim saíra o primeiro rei de Israel, Saul, em consideração ao qual o menino de Tarso fora chamado Saulo.
A escola da sinagoga ajudava os pais judeus a transmitir a herança religiosa de Israel aos filhos. O menino começava a ler as Escrituras com apenas cinco anos de idade. Aos dez, estaria estudando a Mishna com suas interpretações emaranhadas da Lei. Assim, ele se aprofundou na história, nos costumes, nas Escrituras e na língua do seu povo. O vocabulário posterior de Paulo era fortemente colorido pela linguagem da Septuaginta, a Bíblia dos judeus helenistas.
Dentre os principais “partidos” dos judeus, os fariseus eram os mais estritos (veja o capítulo 5, “Os Judeus nos Tempos do Novo Testamento”). Estavam decididos a resistir aos esforços de seus conquistadores romanos de impor-lhes novas crenças e novos estilos de vida. No primeiro século eles se haviam tornado a “aristocracia espiritual” de seu povo. Paulo era fariseu, “filho de fariseus” (At. 23.6). Podemos estar certos, pois, de que seu preparo religioso tinha raízes na lealdade aos regulamentos da Lei, conforme a interpretavam os rabinos. Aos treze anos ele devia assumir responsabilidade pessoal pela obediência a essa Lei.
Saulo de Tarso passou em Jerusalém sua virilidade “aos pés de Gamaliel”, onde foi instruído “segundo a exatidão da lei. . .“ (At 22:3). Gamaliel era neto de Hillel, um dos maiores rabinos judeus. A escola de Hilel era a mais liberal das duas principais escolas de pensamento entre os fariseus. Em Atos 5: 33-39 temos um vislumbre de Gamaliel, descrito como “acatado por todo o povo.”
Exigia-se dos estudantes rabínicos que aprendessem um ofício de sorte que pudessem, mais tarde, ensinar sem tornar-se um ônus para o povo. Paulo escolheu uma indústria típica de Tarso, fabricar tendas de tecido de pêlo de cabra. Sua perícia nessa profissão proporcionou-lhe mais tarde um grande incremento em sua obra missionária.
Após completar seus estudos com Gamaliel, esse jovem fariseu provavelmente voltou para sua casa em Tarso onde passou alguns anos. Não temos evidência de que ele se tenha encontrado com Jesus ou que o tivesse conhecido durante o ministério do Mestre na terra.
Da pena do próprio Paulo bem como do livro de Atos vem-nos a informação de que depois ele voltou a Jerusalém e dedicou suas energias à perseguição dos judeus que seguiam os ensinamentos de Jesus de Nazaré. Paulo nunca pôde perdoar-se pelo ódio e pela violência que caracterizaram sua vida durante esses anos. “Porque eu “sou o menor dos apóstolos”, escreveu ele mais tarde,”. . . Pois persegui a igreja de “Deus” (1 Co 15:9). Em outras passagens ele se denomina “perseguidor da igreja” (FTP 3: 6), “como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava” (Gol 1: 13).
Uma referência autobiográfica na primeira carta de Paulo a Timóteo jorra alguma luz sobre a questão de como um homem de consciência tão sensível pudesse participar dessa violência contra o seu próprio povo. “. . . noutro tempo era blasfemo e perseguidor e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade” (1 TAM 1:13). A história da religião está repleta de exemplos de outros que cometeram o mesmo erro. No “mesmo trecho, Paulo refere a si próprio como “o principal” dos pecadores” (1 T 1: 15), sem dúvida alguma por ter ele perseguido a Cristo e seus seguidores.
D) A Morte de Estevão. Não fora pelo modo como Estevão morreu (At. 7: 54-60), o jovem Saulo podia ter deixado a cena do apedrejamento sem comoção alguma, ele que havia tomado conta das vestes dos apedrejadores. Teria parecido apenas outra execução legal.
Mas quando Estevão se ajoelhou e as pedras martirizaram choveram sobre sua cabeça indefensa, ele deu testemunho da visão de Cristo na glória, e orou: “Senhor, não lhes imputes este pecado” (Atos 7: 60).
Embora essa crise tenha lançado Paulo em sua carreira como caçador de hereges, é natural supor que as palavras de Estevão tenham permanecido com ele de sorte que ele se tornou “caçado” também-caçado pela consciência.
E) Uma Carreira de Perseguição. Os eventos que se seguiram ao martírio de Estevão não são agradáveis de ler. A história é narrada num só fôlego: “Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere” (Atos 8:3).
A Conversão:
A perseguição em Jerusalém na realidade espalhou a semente da fé. Os crentes se dispersaram e em breve a nova fé estava sendo pregada por toda a parte (cf. Atos 8:4). “Respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor” (Atos 9:1), Saulo resolveu que já era tempo de levar a campanha a algumas das “cidades estrangeiras” nas quais se abrigaram os discípulos dispersos. O comprido braço do Sinédrio podia alcançar a mais longínqua sinagoga do império em questões de religião. Nesse tempo, os seguidores de Cristo ainda eram considerados como seita herética.
Assim, Saulo partiu para Damasco, cerca de 240 km distante, provido de credenciais que lhe dariam autoridade para, encontrando os “que eram do caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém” (Atos 9:2).
Que é que se passava na mente de Saulo durante a viagem, dia após dia, no pó da estrada e sob o calor escaldante do sol? A auto-revelação intensamente pessoal de Romanos 7:7-13 pode dar-nos uma pista. Vemos aqui a luta de um homem consciencioso para encontrar paz mediante a observância de todas as pormenorizadas ramificações da Lei.
Isso o libertou? A resposta de Paulo, baseada em sua experiência, foi negativa. Pelo contrário, tornou-se um peso e uma tensão intoleráveis. A influência do ambiente helertístico de Tarso não deve ser menosprezada ao tentarmos encontrar o motivo da frustração interior de Saulo. Depois de seu retorno a Jerusalém, ele deve ter achado irritante o rígido farisaísmo, muito embora professasse aceitá-lo de todo o coração. Ele havia respirado ar mais livre durante a maior parte de sua vida, e não poderia renunciar à liberdade a que estava acostumado.
Contudo, era de natureza espiritual o motivo mais profundo de sua tristeza. Ele tentara guardar a Lei, mas descobrira que não poderia fazê-lo em virtude de sua natureza pecaminosa decaída. De que modo, pois, poderia ele ser reto para com Deus?
Com Damasco à vista, aconteceu uma coisa momentosa. Num lampejo cegante, Paulo se viu despido de todo o orgulho e presunção, como perseguidor do Messias de Deus e do seu povo. Estevão estivera certo, e ele errado. Em face do Cristo vivo, Saulo capitulou. Ele ouviu uma voz que dizia: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues;. . . levanta-te, e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer” (At 9:5-6). E Saulo obedeceu.
Durante sua estada na cidade, “Esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu nem bebeu” (Atos 9:9). Um discípulo residente em Damasco, por nome Ananias, tornou-se amigo e conselheiro, um homem que não teve receio de crer que a conversão de Paulo’ fora autêntica. Mediante as orações de Ananias, Deus restaurou a vista a Paulo.
Por este motivo segundo a lenda conta que o Aposto Paulo participou na trajetória do Monge que mandou peregrinar durante 14 anos (ou 40 anos, em outra versão) pelo mundo, retornando assim ao cristianismo.

Os históricos Monges que jurgiram no Brasil, verdadeiros ou lendários,
Outra lenda refere que o monge teria sido um criminoso, que teria seduzido uma religiosa, a qual falecera na viagem para a América, e sua penitência seria vagar solitário pelos sertões.
Outra lenda defende que o monge era um apátrida, nascido no mar, de pais franceses, tendo sido criado no Uruguai.
Contam-se lendas, também, de que podia estar em dois lugares diferentes, podia estar orando em sua gruta e ao lado de um doente que invocava por ele; que podia ficar invisível aos seus perseguidores; que podia atravessar a pé sobre as águas dos rios; que suas cruzes cresciam 40 dias após o monge tê-las levantado; que o monge era imune aos índios e feras; que fazia surgir nascentes nos lugares onde dormia.
As curas são constantes em suas lendas. Teria feito muitas curas com infusões de uma planta chamada vassourinha e com rezas. Há uma lenda de que João Maria teria debelado uma epidemia de varíola na cidade de Mafra, na ocasião ainda um bairro pertencente ao município de Rio Negro, afastando a doença com rezas e com 19 cruzes plantadas como Via Sacra pela cidade. O monge João Maria teria chegado a Mafra em 1851 e encontrara a população sob o sofrimento da Guerra dos Farrapos e da epidemia de varíola. Recomendou que 19 cruzes (alguns historiadores defendem que seriam 14 cruzes) fossem erguidas entre a Capela Curada e a Balsa - Ponte Metálica. As tropas vindas do sul foram derrubando essas cruzes e, a única que sobrou foi a da Praça Hercílio Luz, cuja fixação foi em 30 de Junho de 1851 e representa a fé do catolicismo rústico do homem simples da região. Ainda hoje existe essa cruz na Praça de Mafra, conhecida popularmente como a “Cruz de São João Maria”, e que, segundo a lenda, não pode ser retirada, com o risco de causar a enchente do rio Negro, o qual separa as cidades vizinhas de Rio Negro e Mafra.
Há lendas de que o monge teria feito, também, diversas previsões, inclusive sobre os futuros trens e aviões: "Linhas de burros pretos, de ferro, carregarão o pessoal" e "gafanhotos de asas de ferro, e estes seriam os mais perigosos porque deitariam as cidades por terra".
Há também diversas lendas sobre seu desaparecimento. Conta uma delas que ele terminou sua missão no morro do Taió (SC), outra que morreu de velhice em Araraquara (SP), ou que foi encontrado agonizante próximo aos trilhos da estrada de ferro perto de Ponta Grossa.
A crença mais difundida é, no entanto, que não teria morrido. Após jejuar por 48 horas no morro do Taió, o monge teria sido levado por dois anjos para o céu. Em outra hipótese, seu corpo teria se envolvido em luz tão forte que a fez desaparecer, deixando uma marca vermelha no chão, que os incrédulos confundiam com sangue.
O sábio Marculino conhecia através dos livros muitos mais do que os que se diziam intelectuais de historia adorava saber dos acontecimentos que envolveram a sua região, era um homem íntegro e muito patriótico, quando se encontrava com seus amigo, atravessavam a noite recordando as histórias vivenciada por eles e pelos seus pais, e avós.
Marculino gostavam de ler as histórias do Monge João Maria, da guerra dos farrapos, da guerra Farropilha a Guerra dos Maragatos, Guerra do Paraguai a guerra dos Canudos, Marculino e gostavam de lembrar e comentar as bravuras dos tempos de antigamente Marculino conviveu por muito tempo com um amigo expedicionários, heróis da segunda guerra Mundial onde muitos soldados brasileiros perderam a suas vidas nos campos de batalhas. Assim conta a historia que em agosto de 1942 a Maio de 1945 o Governo de Vargas reconhece a existência de estado de guerra com o Eixo partida dos escalões da força expedicionária
12 de dezembro de 1944: uma data amarga a “longa trégua branca”a conquista de Monte Castelo Rendição da 148 a Divisão de Infantaria alemã A FAB na Itália o inimigo no mar Trampolim para a África

O Brasil foi o único país da América Latina que participou diretamente da Segunda Guerra Mundial. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) permaneceu na Itália cerca de 10 meses, dos quais quase oito na frente de luta, em contato permanente com o inimigo. Embora o Brasil, fiel às suas tradições antibelicistas, houvesse procurado manter-se à margem do conflito, já em agosto de 1942 nele se via envolvido, ao serem covardemente torpedeados seus indefesos navios mercantes. Esses afundamentos traumatizaram a opinião pública brasileira e levaram o Governo de Getúlio Vargas, no dia 22 desse mês, a reconhecer a existência de estado de guerra entre o Brasil e as potências do Eixo. No ano seguinte - 1943 - a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial tornou-se ainda mais efetiva, com a decisão do Governo de enviar à Itália um corpo expedicionário constituído de três divisões. Mas apenas em julho de 1944 é que Forças brasileiras partiram para o teatro da luta. O final da guerra, em maio de 1945, impediu que a 2a e 3a divisões fossem juntar-se, na Itália, à 1a Divisão de Infantaria Expedicionária (DIE), o contingente brasileiro que lutara como integrante do 5o Exército, ao lado dos soldados americanos, ingleses e sul-africanos. Uma ordem de combate, datada de 13 de setembro de 1944, e uma mensagem sucinta, assinada pelo major chefe do Estado-Maior da 148 a DI alemã, no dia 28 de abril de 1945, e que foi o primeiro passo para a rendição de toda essa divisão inimiga, além de outras forças, são os dois documentos históricos que balizam o começo e os últimos dias da campanha da FEB na frente italiana.
A ordem de combate, do comando do 4o Corpo de Exército americano dava à 1a DIE, a sua primeira missão: “Substituir elementos do 2o/730o RI americano, às 19h de 15 de setembro”. A mensagem do major Kuhn, em resposta ao ultimato que o coronel Nelson de Melo, comandante do 6o Regimento de Infantaria, enviara ao comando da 148a Divisão de Infantaria alemã, estava assim redigida: 28/4/45 - Cel. Nelson de Melo - Depois de receber instrução do Comando Superior, seguirá a resposta. Major Kuhn Esta rendição só se efetuaria formalmente no dia 30, quando o General Otto Fretter Pico, comandante daquela unidade alemã, chegou às linhas brasileiras, acompanhado de seu Estado-Maior, sendo recebido pessoalmente pelo General Mascarenhas de Moraes. Para ilustra as historias contada pelos nossos personagens fui procurar nos livros de historias do Brasil os acontecimentos que marcaram a nossa historia.

A partir de então, Marculino acrescentou ao seu currículo o trágico massacre de Canudos liderado por Antonio o conselheiro, muitos falavam a muitos anos atrás que o Monge José Maria se espelhou em Antonio o conselheiro da guerra de Canudos.
História da Guerra de Canudos, o líder Antônio Conselheiro, o messianismo no Nordeste do início da República, conflitos sociais na História do Brasil População miserável do Arraial de Canudos
A situação do Nordeste brasileiro, no final do século XIX, era muito precária. Fome, seca, miséria, violência e abandono político afetavam os nordestinos, principalmente a população mais carente. Toda essa situação, em conjunto com o fanatismo religioso, desencadeou um grave problema social. Em novembro de 1896, no sertão da Bahia, foi iniciado este conflito civil. Esta durou por quase um ano, até 05 de outubro de 1897, e, devido à força adquirida, o governo da Bahia pediu o apoio da República para conter este movimento formado por fanáticos, jagunços e sertanejos sem emprego. O beato Conselheiro, homem que passou a ser conhecido logo depois da Proclamação da República, era quem liderava este movimento. Ele acreditava que havia sido enviado por Deus para acabar com as diferenças sociais e também com os pecados republicanos, entre estes, estavam o casamento civil e a cobrança de impostos. Com estas idéias em mente, ele conseguiu reunir um grande número de adeptos que acreditavam que seu líder realmente poderia libertá-los da situação de extrema pobreza na qual se encontravam.
Com o passar do tempo, as idéias iniciais difundiram-se de tal forma que jagunços passaram a utilizar-se das mesmas para justificar seus roubos e suas atitudes que em nada condiziam com nenhum tipo de ensinamento religioso; este fato tirou por completo a tranqüilidade na qual os sertanejos daquela região estavam acostumados a viver.
Devido a enorme proporção que este movimento adquiriu, o governo da Bahia não conseguiu por si só segurar a grande revolta que acontecia em seu Estado, por esta razão, pediu a interferência da República. Esta, por sua vez, também encontrou muitas dificuldades para conter os fanáticos. Somente no quarto combate, onde as forças da República já estavam mais bem equipadas e organizadas, os incansáveis guerreiros foram vencidos pelo cerco que os impediam de sair do local no qual se encontravam para buscar qualquer tipo de alimento e muitos morreram de fome. O massacre foi tamanho que não escaparam idosos, mulheres e crianças.
Pode-se dizer que este acontecimento histórico representou a luta pela libertação dos pobres que viviam na zona rural, e, também, que a resistência mostrada durante todas as batalhas ressaltou o potencial do sertanejo na luta por seus ideais. Euclides da Cunha, em seu livro Os Sertões, eternizou este movimento que evidenciou a importância da luta social na história de nosso país.

Conclusão:

Esta revolta, ocorrida nos primeiros tempos da República, mostra o descaso dos governantes com relação aos grandes problemas sociais do Brasil. Assim como as greves, as revoltas que reivindicavam melhores condições de vida (mais empregos, justiça social, liberdade, educação etc.), foram tratadas como "casos de polícia" pelo governo republicano. A violência oficial foi usada, muitas vezes em exagero, na tentativa de calar aqueles que lutavam por direitos sociais e melhores condições de vida. Marculino, como não podia deixar de ser, considerava São João dos Pobres como uma vila no sentido literal da palavra e, por isso, foi sábio a comparação e não podia ser diferente Marculino que se aperfeiçoou na escola do mundo até então não havia ninguém na região que fosse mais sábio do que ele. Marculino certo dia reuniu alguns jovens da sua vizinhança e contou a eles uma linda história de Honestidade, era mais ou menos assim a história: Conta-se que por volta do ano 250 a.c, na China antiga, um príncipe da região norte do país, estava às vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar. Sabendo disso, ele resolveu fazer uma "disputa" entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna de sua proposta.
No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.
Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe.
Ao chegar em casa e relatar o fato à jovem, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração, e indagou incrédula :
Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire esta idéia insensata da cabeça, eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura. E a filha respondeu:
- Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca, eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, isto já me torna feliz. À noite, a jovem chegou ao palácio.
Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções. Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio: Darei a cada uma de vocês, uma semente.
Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da china. A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de "cultivar" algo, sejam costumes, amizades, Relacionamentos etc...
O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura a sua semente, pois sabia que se a beleza da flores surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado. Passaram-se três meses e nada surgiu.
A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido.
Dia após dia ela percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor. Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia brotado.
Consciente do seu esforço e dedicação a moça comunicou a sua mãe que, independente das circunstâncias retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do príncipe.
Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores.
Ela estava admirada, nunca havia presenciado tão bela cena.
Finalmente chega o momento esperado e o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção. Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa. As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações. Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado. Então, calmamente o príncipe esclareceu:
Esta foi à única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz. O princípio continuou falando: A flor da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis. A honestidade é como uma flor tecida em fios de luz, que ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao redor.
Bem, como Marculino fazia questão de chamar a vila de cidade, vamos fazer sua vontade e também iremos nos referir a São João dos Pobres, a partir de agora, como cidade. Marculino sonha de um dia aquele pequeno vilarejo se tornar uma grande cidade, as suas previsões era lícita.
O Povo de São João dos Pobres hoje Matos Costa acreditava em tudo que ele falava. E foi em um dia que festejavam o dia do Padroeiro da Vila que Atanásio em um tom bem forte e preciso falou para o povo que lhe escutavam com muita atenção Doravante, a partir dessa gloriosa data neste ano de Nosso Senhor Jesus Cristo, Marculino abençoou o povo e a vila da São João dos Pobres.
E a progressista vila de São João dos Pobres prosperou o povo, como da maioria das vezes, nada entendeu da oratória de Marculino, uma vila tão pobre e pequena ter esperança de um dia ser uma linda cidade. Afinal, nem estradas havia por ali, e ele falava de uma próspera cidade de onde ele foi arranjar tanto entusiasmo, era o que a maioria não perguntava verbalmente, mas o fazia pelos olhares entre eles. Apenas um, o senhor Manoelzito de origem Castelhano que se perdeu por ali após o fim da Guerra do Contestado.Donoda única gaita de botão que animava as festas e bailes do local, e responsável pelo suprimento de cereais, leite, pães, carne seca, lingüiça, de tudo se encontrava um pouco, pois em sua bruaca de coro cru encanganhado nas canganhas sobre o lombo de uma mula deixada pelos tropeiros nos potreiros da redondeza de São João dos Pobres, Marculino, do alto do caixote de verduras, improvisado como palanque, tirou o óculos, limpou-o na manta deu uma chuviscada com um forte bafo, voltou-o sobre o nariz, e retrucou:
Caro Manoelito você não tem pátria o Brasil te adotou e nós de São João dos Pobres estão gratos de tê-lo como irmão, é vossa observação arrazoada, pois és um grande empresário responsável pela demanda econômica desta pequena vila, e acima te tudo gaiteiro, porém, digo-vos, à guisa de resposta que, não foi por acaso que esta vila tem o nome de um grande Santo São João, foi pela fé e o companheirismo que aconteceu um grande milagre, preste bem atenção o que diz a historia de São João:
São João Evangelista ou Apóstolo João, foi um dos doze apóstolos de Jesus e além do Evangelho segundo João, também escreveu as três epístolas de João (1, 2, e 3) e o livro do Apocalipse. Moelito Voltou a retrucar Marculino: Ele arriscou uma tímida observação o Sr. Marculino é sábio ele sabe das coisas se ele falou ta falada não discuto mais.
João seria o mais novo dos 12 discípulos, tinha provavelmente cerca de vinte e quatro anos de idade à altura do seu chamado por Jesus. Consta que seria solteiro e vivia com os seus pais em Betsaida. Era pescador de profissão, consertava as redes de pesca. Trabalhava junto com seu irmão Tiago, e em provável sociedade com André e Pedro.
As heranças deixadas nos escritos de João demonstram uma personalidade extraordinária. De acordo com as descrições ele seria imaginativo nas suas comparações, pensativo e introspectivo nas suas dissertações e pouco falador como discípulo. É notório o seu amadurecimento na fé através da evolução da sua escrita.
Foi manifesta nos livros da Bíblia a admiração de João por Jesus. Jesus chamou-lhe o Filho do Trovão e posteriormente ele foi considerado o “Discípulo Amado”.
Segundo os registros do "Novo testamento", João foi o apóstolo que seguiu com Jesus.
O velho sábio Marculino fazia também o papel de juiz de paz, e em uma serta ocasião um jovem de nome Augusto casado coma Jovem Rosinha há cinco anos. Augusto procurou o velho sábio para que ele lhe ajudasse resolver a sua situação conjugal que não estava indo muito bem. O velho sábio atento escutou o que preocupava o jovem casal, Augusto estava descontente, sua
Esposa não mais preparava seu chimarrão como antes,
Gostoso? agora!amargo e muito ruim. Marculino pediu que o Jovem Augusto falasse para a sua esposa que preparasse um chimarrão e trouxesse para ele experimentar, Marculino queria ter certeza que Augusto estava falando a verdade, Augusto fez o que o velho sábio Marculino havia lhe pedido.
Ao receber o casal em sua casa agradeceu e deu a primeira engolida na água quente da erva verde, tirando um grande naco e levando-o à boca. O marido da mulher Augusto permanecia quieto ao lado dos dois de Marculino e da sua esposa Rosinha, talvez esperando que, à primeira engolida fosse terrível o velho cuspisse a água, dizendo que realmente estava ruim. Mas logo ficou de olhar arregalado quando o velho, saboreando o chimarrão, disse, sorrindo: Dona Rosinha, seu chimarrão é uma delícia!
A mulher embevecida olhou para o marido com um olhar tipo: você viu seu chato? Só você reclama do meu chimarrão! O marido, ainda preocupado, disse para a mulher ir à frente, que ele ia jogar um pouco de conversa fora com o velho.
- Ah, sim... - Emendou. -... Desculpe-me por ter reclamado de seu chimarrão...
Rosinha ouviu o que desejava. Satisfeita, olhinhos faiscantes de felicidade por se considerar a rainha do chimarrão, ela voltou para casa. Quando ela já estava à uma boa distância, o marido se acocorou ao lado do velho e perguntou, incrédulo:
- Seu Marculino, realmente o senhor gostou do chimarrão? Não achou meio amargo?
O velho, como só os sábios sabem fazer, ficou calado. Quando terminou de tomar o chimarrão entregou a cunha e a chaleira, ao homem, passou as costas da mão pelo local que, entre toda aquela barba, se deduzia estar sua boca, e só então respondeu:
- Você me disse que vocês já estão casados há 10 anos, certos?
- Certo...
- Você lembra como era no início do casamento?
- Sim... Sim... Claro... Era lindo. A gente estava apaixonado... E ela cevava chimarrão tão bom!
Marculino sábio como sempre falou – Você é quem está amargando o relacionamento de vocês.
Co... Como?!
Simples... E não precisa ficar envergonhado, pois isso acontece em quase todos os
Casamentos. No começo, é eu te amo, não posso viver sem você, flores para a amada e até a comida que ela fazia, era gostosa. Vocês querem mais é amar um ao outro... Não é assim?
Sim, meu velho...
Marculino pegou um graveto e, pensativo, com um meio sorriso nos lábios, começou a traçar rabiscos na terra fofa. Era nítida que ele estava rememorando o início do casamento, os primeiros filhos, Rosinha, bonita, zelosa e trabalhadora, sempre a seu lado nos momentos bons ou difíceis. E enquanto ele se quedava a pensar, o velho continuou:
- Passados alguns anos, esquecem dos bons tempos do namoro, o marido já não elogia os belos olhos da esposa e esta, chateada, vai deixando os carinhos de lado. Assim, meu filho, o casamento vai esfriando como uma noite de inverno e você começa a achar o chimarrão dela, que antes era tão delicioso, amargo. E ela vai acabar estragando o chimarrão mesmo, pois você deixou de lhe dirigir palavras carinhosas, como no começo. E onde não há carinho, o que é que vai acabando?...
Marculino deixou a pergunta no ar, como uma frase a ser terminada por Augusto, enquanto remexia no bolso da camisa à procura do isqueiro para acender seu cigarro de palha.
Então ele olhou para o homem, pois sabia qual seria sua resposta e sabia que já estava quase terminada sua sábia missão.
Augosto levantou-se sem procurar esconder do velho a lágrima que escorria por sua face. Então disse, suavemente.
- O amor, meu velho...eu entendi. Sem carinho e sem respeito entre o casal, o amor se acaba.
- Corretíssimo, meu amigo respondeu o velho sábio Marculino, o chimarrão que sua esposa preparou para mim, foi feita com amor, pois ela queria me agradar e, conseguintemente, ter minha aprovação. E, por isso, ela fez o chimarrão mais deliciosa que eu já tomei até hoje!
Augusto, contente e feliz, como sua esposa à pouco, só faltou beijar o velho. Tomando a mirrada mão direita dele entre suas fortes mãos, disse, sorrindo:
- A benção, meu velho... e obrigado. Eu aprendi sua lição!
- Vá com Deus, meu filho respondeu o velho sábio Marculino, e nunca se esqueça que não existe maior e nem melhor tempero do que o amor!
E lá se foi Augusto, feliz, propondo em seu coração fazer o seu casamento tal como era no começo. Marculino ficou olhando-o até a figura do marido triste, mas agora contente sua figura ir sumindo na longa e poeirenta rua de São João dos Pobres. Então, acendeu sossegadamente seu cigarro de palha, soltou uma baforada e virou-se para o papagaio de peito amarelo que parecia ter parado de cantar para prestar atenção na conversa, e agora agitava as asas e soltava seu característico cantar:
O velho sábio olhou para o seu amigo papagaio do peito amarelo inseparável que sempre, alias o único merecedor de seus segredos e com um dos olhos fechado, com as rugas no alto da testa e com um ar de esperteza, calmamente sussurrou próximo aos ouvidos do loro: Olha, meu amiguinho, realmente o chimarrão da Carlota estava um pouco amargo...mas agora ela vai começar a acertar a mão de novo!
E levantando-se do seu banquinho, entrou para a casa, dando risadinhas que só os sábios sabem como e quando devem dar...
E assim era e assim continuava a vida em Matos Costa. Tão tranquila e sossegada. Molecada brincando nas ruas nos ensolarados dias de verão.
Marculino, que olhava o pé de cedro pela ensebada vidraça de sua casa contemplava a natureza, agora meu filho neste momento estou desamparado deitado nesta tarimba neste ranchinho de tabua lascada não posso mais atender os meus amigos, vivo de favor até mesmo a comida alguém tem que levar na minha boca. Estou esperando chagar a minha vez de ir morar com Deus estou pronto, vá meu filho agora o que tinha para contar eu contou o que me resta e te agradecer de ter a paciência de me escutar já valeu apena de ter vivido, eu não só passei por este mundo, mas fiz historia digna de ser copiado....Obrigado.....

Historiador: Antonio Monteiro da Silva
26 de abril de 2010