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domingo, 15 de maio de 2011

A MORTE DOS ANIMAIS

A MORTE DOS ANIMAIS



Muito embora estes fatos que agora vou narrar possam parecer meio estranhos, devo assegurar que realmente aconteceram e que sou testemunha disso, pois estava presente quando ela ocorreu.
Aconteceu na cidade de Passo Fundo, no estado do Rio Grande do Sul, onde moravam estas pessoas, um casal de idade já avançada, mas que tinha um filho de 16 anos. Sobrevivia toda a família de um pequeno comércio que tinham na cidade, sendo que este funcionava num lugar que não era tan1bém o de sua moradia, como é comum acontecer em casos de comércios geridos pela família.
Geralmente o dono o fechava por volta das 22 horas e só retomava ali pela manhã do outro dia, nunca havendo nisso qualquer problema exceto no dia em que ao chegar encontrou seu estabelecimento arrombado e constatou que suas mercadorias haviam sido roubadas durante a noite.
Claro que o senhor ficou arrasado com o que lhe aconteceu, já que não tinha condições de remontar seu negócio, pois isso demandaria capital que ele não tinha de onde tirar no momento.
O que pôde fazer foi vender sua casa para com esse dinheiro comprar um sítio onde passaria a morar com sua família. Esse sítio ficava na localidade de Água do Meio, e junto com o sítio nosso personagem adquiriu um cavalo muito bom de arado e que muito deveria lhe ajudar em sua nova vida de sitiante.
E apesar de ter tentado com muito afinco, teve que dar o braço a torcer, quando depois de nada conseguir devido à sua falta de prática nas lides do campo, concluiu que o melhor a fazer seria buscar uma outra atividade que pudesse prover a subsistência familiar com menos apertos. E de comum acordo com sua esposa decidiu viajar para o Paraná onde tencionava encontrar atividade para a qual estivesse mais qualificado.
Antes de viajar fizeram ao filho uma série de recomendações sobre como esse deveria cuidar de suas terras e principalmente dos animais enquanto estes tentavan1 melhor a sorte e o destino da família. Ao que seu filho respondeu garantindo que já era grande o suficiente para assumir as responsabilidades e que estes poderiam viajar sossegados.
O grande problema nisso tudo está no fato de que o rapaz tencionava realmente demonstrar que isso era verdade e para provar que podia assumir as responsabilidades, se pôs a trabalhar com o tal cavalo no arado durante o dia todo, esquecendo-se, porém que deveria alimentar e dar água ao animal. Trabalhou o dia todo e recolheu o pobre animal, deixando atado longe da comida e de qualquer fonte de água.
Aconteceu o previsível, quando foi pegar o cavalo para continuar o trabalho no outro dia, este se encontrava deitado e não se dispunha a levantar de maneira nenhuma. Foi nesse momento que o rapaz teve a inspiração de esquentar água e jogar sobre o lombo do animal, escapando rapidamente de perto deste prevendo uma reação mais ou menos violenta do animal; reação que não houve porque a bem da verdade não houve reação nenhuma.
O jovem tentou ainda durante um tempo conseguir com que o animal se dispusesse a levantar e nada conseguindo, concluiu que o melhor a se fazer seria ele também voltar a se deitar mais um pouco, esperando para ver no que daria aquela situação. Uma hora o cavalo teria que desistir e levantar.
E já era quase meio-dia quando o rapaz voltou a ir onde o cavalo estava para conferir como estava a sua situação, e teve uma grande surpresa ao perceber que o animal estava morto.
A situação não estava muito boa para ele agora.
Morrera o cavalo que seu pai pediu tanto que ele cuidasse, porque esse era o animal que mais servia ao sítio e certamente isto o deixaria encrencado, mas ainda havia os outros animais e estes ele iria cuidar direito, se prometia solenemente nesse momento.
Infelizmente nosso jovem teve outra de suas idéias, iria tratar do cachorro, dos porcos e do gato com a carne do cavalo, e isso faria com que quando seus pais retomassem ficassem felizes ao encontrar os outros animais bem de saúde e ainda mais gordos do que quando viajou, talvez até esquecesse da história da morte do cavalo.
Mas, o cachorro se recusou a comer a carne do animal que morrera de fome e sede, fato que gerou com o rapaz uma disputa acirrada de egos. E resumindo o jovem acabou por enforcar o pobre animal na árvore em que este estava amarrado. Claro que isso só aconteceu devido ao fato de que o rapaz estava muito nervoso com a teimosia do cão em não querer morder a carne do cavalo morto, e ainda por cima querer morder sua mão, seu braço, sua perna e tudo o mais que pudesse alcançar.
Como sempre na vida nem tudo eram desgraça para o jovem, os outros animais: os porcos e o gato aceitaram comer a carne da vítima de seu descuido; é bem verdade que somente aceitaram depois que ele cozeu a carne durante UI11 bom par de horas. Mesmo assim, haveria motivos para que seu pai e sua mãe pudessem ser acalmados depois da notícia que teria que lhes dar; a dupla morte no sítio. Um pouco pelo menos.
Acontece que se nem tudo vai mal, nem tudo vai bem para sempre e depois de dois dias comendo a tal carne os outros animais também vieram a, digamos assim: “inexplicavelmente entrar em óbito”. O que o deixou em desespero completo, pois agora não teria nem o atenuante para a morte do cavalo e do cachorro. Ficou assustado e até mesmo assombrado com o fato de estarem ocorrendo tantas mortes ali e resolveu que iria se mudar para a casa de seu cunhado na cidade e esperar o retomo de seus pais e tentar então arcar com a conseqüência de seus atos.
Assim o fez, e novamente teve uma de suas idéias enquanto esperava seus pais. Resolveu escrever a seus pais contando o que havia acontecido e o tamanho de seu espanto com o sucedido. Dessa forma acreditava que pelo menos conseguiria abreviar os momentos de angústia pelo castigo que certamente estava porvir.
Quando seu pai recebeu a carta não conseguiu parar de rir durante um bom tempo das hilariantes confusões que seu filho pretensamente responsável conseguiu armar em tão pouco tempo. Resolveu então que iria adiar sua ida à cidade buscar o jovem, pois isto já estava planejado porque ele encontrara trabalho em uma fábrica de papel no Paraná. Então assim que pôde viajou para buscar o filho e vender o terreno.
Salvo pelo sacrifício dos pobres animais que nada deviam esta história serviu para que o pai do jovem o gastasse durante muito tempo em conversas com amigos. Não perdia uma oportunidade de lembrar a mal fadada aventura de seu filho.











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