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domingo, 15 de maio de 2011

MILAGRE OU CAUSALIDADE?

MILAGRE OU CAUSALIDADE?


A história que passo a relatar aconteceu comigo, e com os meus colegas de trabalho. No dia 01 de setembro de 1976, e tem como objetivo engrandecer o nome do nosso Pai das alturas (Deus) Senhor grandioso e misericordioso a quem adoramos, além de exaltar o fato de que Ele continua realizando milagres espetaculares em nossas vidas, ainda hoje, assim como realizara no passado e nos revelara, através da Bíblia Sagrada.

Todas as vezes que eu lembro dste acontecimento eu sinto um arripiu em todoo meu corpo. Para melhor compreenção me permitam em esclarecer a todos que eu atualmente sou uma infermeira aposentada. Eu Zelinda trabalhei junto com o meu esposo Antonio na ária da saúde, preventiva e curativa, mas dos trinta e cinco anos que trabalhei como enfermeira e outra atividades relacionada com a medicina, o fato que mais me marcou e que por mais que o tempo passe eu ainda lembro como se tudo tivesse acontecido há apenas um mês, foi o seguinte: foi em meados de 1974, eu, a Sebastiana de Oliveira, a Maria Verig, e o Antoninho trabalhávamos todos no mesmo hospital.
Certo dia estava trabalhando normalmente quando foi internada uma gestante com fortes dores de parto, com um agravante. Cada vez que sentia uma contração entrava em convulsão, aproximadamente umas dez vezes cada hora. Apesar de ser muito pobre a mulher estava internada particularmente, pois na época não havia na cidade um Sindicato e nem INPS (nome antigo do atual SUS) para que pudesse ser atendida gratuitamente.
Três dias se passaram e a gestante continuava com o mesmo sofrimento com uma convulsão atrás da outra. E o médico já havia constatado que o feto estava morto há uns dois dias, e nós também achávamos o mesmo, inclusive o enfermeiro Antoninho, com sua grande experiência em partos. Todos estavam muito preocupados com a situação da pobre mulher, ela estava correndo um grande risco, porque não podia ser operada, pois segundo o médico a pressão dela às vezes caia para zero e sendo assim se lhe fosse aplicada anestesia ela morria. Tirar o feto pelo caminho normal também não era possível porque o útero estava fechado, as contrações não eram suficientemente fortes para empurrar o feto devido às convulsões. E as convulsões ocorriam pelo fato que o feto estava comprimindo algum músculo ou órgão da mãe. Quando eu e o Antoninho entrávamos no quarto da gestante e ela estava sofrendo uma convulsão, ficávamos arrepiados ao ver a pobre mulher que se encolhia toda na cama e ficava parecendo uma bola toda enrolada e era preciso que umas quatro pessoas a segurassem para que ela não caísse. A única maneira de salvar a mãe era tirando o feto do seu útero, mas isso era praticamente impossível.
O médico chamou os parentes da mulher e explicou que a paciente estava desenganada e como não havia nada que pudesse ser feito, mandou que eles a levassem para casa. Eles não se conformaram e pediram ao Antoninho que convencesse o médico para que ele deixasse a mulher morrer no hospital, seria muito triste para ela morrer perto das crianças. Eles queriam também que o Antoninho examinasse a gestante e tentasse tirar a criança que já estava morta, para ver se pelo menos a mãe se salvasse. Antoninho penalizado com a situação concordou em falar com o médico, que só depois de muita conversa concordou que Antoninho fizesse o que os parentes da gestante estavam pedindo. E com eles também foi conversado muito, explicando todas as implicações da atitude que ia ser tomada.
Depois de tudo resolvido levamos a gestante para a sala de parto e os parentes foram também para ajudar a segurá-la, pois quando tinha as convulsões ela reagia de forma violenta. Na sala estava também mais uma enfermeira, além de mim. Colocamos a mulher em posição ginecológica, o enfermeiro colocou suas mãos nas partes genitais da paciente para alcançar o útero e tentar abri-lo. Concentrado não desistia de sua tarefa, mesmo quando a paciente entrava em convulsão.
A família chegou a pedir para a outra enfermeira uma vela para colocar na mão da paciente, eles não queriam que ela morresse sem uma vela na mão. A vela foi colocada e retirada várias vezes, pois a mulher parecia que morria e ressuscitava, e o enfermeiro não desistia da luta, falava com a voz calma que mesmo que o feto saísse aos pedaços salvaríamos a mãe. Era tão difícil, mas o enfermeiro parece que sabia que ia acontecer um milagre. Já havia se passado quatro horas desde que tínhamos levado a mulher para a sala de partos.
O enfermeiro continuava sua luta e o seu rosto e o seu jaleco estava encharcado de suor, um pouco devido ao calor e outro tanto devido a sua luta para dilatar o útero e tirar o feto do corpo da mãe.
De repente, o enfermeiro falou que o útero já estava com cinco dedos de dilatação, porém muito alto. Pediu-me então o fórceps (aparelho usado em último caso). Este aparelho tem a finalidade de arrancar à força o feto de dentro do útero. E uma operação muito delicada, pois não se tem visão do campo de trabalho e corre-se o risco de junto com o feto arrancar o útero, provocando um quadro muito feio e perigoso.
O enfermeiro colocou então, na vagina da paciente uma haste do fórceps, depois a outra, com força fixaram o cabo e começou a puxar, enfrentando as contrações e convulsões e logo percebemos que o feto estava preso no fórceps e estava descendo, a expectativa era grande, além de haver a possibilidade de o útero vir junto, ainda havia o risco de se ter causado lesões irreversíveis, ou afundamento do crânio do bebê, o que pode causar morte. Mas nesse caso não estávamos tão preocupados com isso, pois era certo que o bebê estivesse morto e mesmo que não estivesse ainda seria quase impossível de ele se salvar devido ao método agressivo que foi usado e ainda que se salvasse poderia haver seqüelas.
Aos poucos foi aparecendo uma bola que não dava para saber se era a cabeça do bebê ou o útero. O enfermeiro desprendeu o aparelho e nos disse entre lágrimas e sorrisos, que a mãe estava salva e foi puxando a cabeça da criança sem muito cuidado, pois se tratava de uma criança que há dias já estava morta. Numa contração forte o bebê foi expelido e ouvimos atônito um choro forte como nunca havíamos escutado de um recém nascido, como daquele bebê que todos consideravam morto. O mais incrível é que o bebê não tinha nenhuma lesão no corpo e nem no rosto.
Quando o enfermeiro viu a criança viva e perfeita levantou-a para o alto e disse que Deus havia escutado nossas preces, havíamos salvado a mãe e o seu bebê e todos que estavam no quarto se abraçavam, choravam e riam ao mesmo tempo. Eu saí pelos corredores do hospital correndo, tentando encontrar o médico para dar-lhe a boa notícia. Quando ele entrou no quarto e viu o Antoninho amarrando o cordão umbilical do bebê, não disse uma palavra e todos ficaram em silêncio também. Naquela hora o silêncio era a melhor resposta disse o enfermeiro Antoninho quando tudo já estava acabado.
Três dias depois, observávamos mãe e filho saírem do hospital e não podíamos conter as lágrimas, pois só nós mesmos sabíamos o que havia acontecido com aqueles dois seres. Foram estas as palavras do enfermeiro: “Não acredito em milagres, mas só Deus poderá nos dar uma resposta”.
Esse caso pode ser confirmado por quem o presenciou, pois todos estão vivos.
O que o enfermeiro fez foi ilegal por não conhecer direito as leis médicas e por desespero de causa. E apesar de ter salvado duas vidas poderia ter sido processado por exercício ilegal da medicina. Hoje ele sabe o risco que correu e jamais terá coragem de repetir tal procedimento.
Mas todos sabem no fundo de seus corações, que Antoninho foi levado a tomar aquela atitude unicamente por altruísmo e compaixão pelo ser humano.









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