domingo, 31 de julho de 2011
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sexta-feira, 29 de julho de 2011
VAMOS FORMAR UMA GRANDE CORRENTE PARA SALVAR O MUNDO
VAMOS FORMAR UMA GRANDE CORRENTE PARA SALVAR O MUNDO
Essa é a melhor forma de salvar o mundo
Agradeça sempre. Agradeça ao céu, á terra, á luz, solar, ao ar, a todos os seres viventes, á casa, aos objetos que o circulam, a todas as coisas. Agradecimento são palavras de luz, palavras de prosperidade. Coisas boas se reúnem onde há gratidão, e felicidade vem onde há alegria.
A partir da manhã de hoje, agora, vamos iniciar uma vida alegre. Vamos iniciar a vida de hoje agradecendo
a todas as coisas, com o coração preenchido de alegria.
Expressar alegria é oferecer alegria. Segundo a lei mental quanto mais dermos, mais recebemos , quando oferecemos nossa fisionomia alegre a todos e a tudo, recebemos alegria de todas as pessoas do mundo.
Pense que você é uma pessoa maravilhosa. Isso não é presunção. Você é realmente maravilhoso ou maravilhosa, porque é filho de Deus.
Quando você encontrar a oportunidade a oportunidade também o encontrará. O agora presente contém essa oportunidade. Existe apenas uma verdade: O homem é filho de Deus. O filho de Deus é alegre, vive em paz, é rico, é feliz. Não existem em lugar alguma doença, infelicidade, desgraça nem pobreza.Nasce o medo em relação à doença, porque a pessoa duvida do fato de Deus ter dado Vida perfeita ao homem. Em suma, medo é negação de Deus, negação do bem, expressão de falta de fé, manifestação da idéia antagônica de que existe outra Realidade além de Deus. O verdadeiro filho de Deus é bondoso, é alegre é feliz essa é a imagem do nosso Criador e é assim que Deus quer nos ver, vamos acompanhar a maioria das pessoas, vamos ser feliz e alegre e acreditar em Deus, é isso que Deus espera de nós.
Fonte de pesquisa: A verdade e a saúde ( SEICHO-NO-IE)
SEJA COMO O LAPIS.
Liguei o computador com um objetivo, de navegar na internet a procura de alguma coisa que expressasse e o que eu estava querendo escrever, mas no momento me faltava inspiração, em uma clicada apareceu um texto que parecia que foi eu mesmo que escrevi. Neste texto eu não achei o autor, por isso quero pedir as minhas mais elevadas desculpas, gostaria de saber quem foi o inspirado compositor desta mensagem. A historia é assim:
O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou:
- Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco? E por acaso, é uma história sobre mim?A avó parou a carta, sorriu, e comentou com o neto:
- Estou escrevendo sobre você, é verdade. Entretanto, mais importante do que as palavras, é o lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele, quando crescesse.O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial.- Mas ele é igual a todos os lápis que vi em minha vida!- Tudo depende do modo como você olha as coisas. Há cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo."Primeira qualidade: você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma Mão que guia seus passos. Esta mão nós chamamos de Deus, e Ele deve sempre conduzi-lo em direção à Sua vontade"."Segunda qualidade: de vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo, e usar o apontador. Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas no final, ele está mais afiado. Portanto, saiba suportar algumas dores, porque elas o farão ser uma pessoa melhor."
"Terceira qualidade: o lápis sempre permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que estava errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo mau, mas algo importante para nos manter no caminho da justiça"."Quarta qualidade: o que realmente importa no lápis não é a madeira ou sua forma exterior, mas o grafite que está dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você.""Finalmente, a quinta qualidade do lápis: ele sempre deixa uma marca. Da mesma maneira, saiba que tudo que você fizer na vida irá deixar traços, e procure ser consciente de cada ação"Historiador: Antonio Monteiro da Silva
A VERDADEIRA CURA DIVINA
A VERDADEIRA CURA DIVINA
Ao contrário do que muita gente pensa, Deus não é o causador de doenças! João 10:10 diz: "O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância".Jesus disse que o diabo é que vem para matar, roubar e destruir (a sua saúde, a sua família, as suas finanças, etc.). Mas, Jesus veio para dar vida em abundância.
Doenças e dores não é vida em abundância. Nós, como pais, só queremos o bem dos nossos filhos, nenhum pai, no seu juízo perfeito, castigaria o seu filho com um câncer ou outra qualquer doença. Na verdade, estamos sempre à espera de oportunidades para ajudarmos os nossos filhos. Como é que Deus, que é Amor, e bem melhor que nós, nos daríamos uma doença? O diabo é que veio para trazer doenças, pobreza, interferindo em nosso cérebro com maus pensamentos, com ar de tristeza espalhando mau humor etc., mas Jesus veio para desfazer estas obras, que são maldições. Algumas pessoas dizem assim: "Deus às vezes cura, outras vezes não. Nem sempre é da vontade de Deus curar". No entanto, esta idéia é errada! A vontade de Deus é sempre nos curar de todas as enfermidades mas nós temos que fazer a nossa parte. Salmo 103:3 "É Ele que perdoa todas as tuas iniqüidades e sara todas as tuas enfermidades".Isaías 53:4, 5 "Verdadeiramente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre Si; e nós O reputamos por aflito, ferido e oprimido. Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele e pelas Suas pisaduras fomos sarados".Jesus sofreu na cruz por nós, para em tudo ser o nosso Substituto.Jesus levou nossos pecados, para em troca recebermos Salvação Eterna.Jesus levou nossas enfermidades e dores para em troca nos dar saúde. Jesus pagou pelas nossas enfermidades e pelas nossas dores. Deus quer curar sempre Deus cura sempre - só que não é como pensamos, como queremos, nem como achamos. É como Deus quer. Se fizermos tudo como Deus quer, Ele nos curará. A grande questão está em saber receber acura divina. Mas, antes de avançarmos precisamos falar um pouco sobre a fé. Fé é acreditar que recebemos hoje a nossa cura. Se você pensar que Deus vai curá-lo amanhã ou talvez, um dia, você poderá morrer sem receber acura de Deus. Fé não é só acreditar. Fé é acreditar e receber.
Acreditar e Receber
Só acreditar que Deus pode e quer curar, isso não chega. Temos também que receber a Cura Divina. Alguém pode até acreditar que se beber um copo de água não vai matar sua sede, mas, se não receber a água e não bebê-la, com certeza irá continuar com sede. Outro aspecto da Fé consiste em ter que acreditar que recebe a Cura, no instante em que fizer a oração. Muitas pessoas dizem: "Espero receber a Cura,um dia, quando Deus quiser".Mas isso não é Fé. Jesus nos ensinou em Marcos 11:24."Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis", ou seja, temos que crer que recebemos agora a cura Divina, no momento em que ocorre a oração. A partir desse momento, temos que CRER que já estamos curados, quer sintamos curado ou não, quer nos vejamos curados ou não. Fé é acreditar que está curado, sem ver, nem sentir que está curado. Algumas pessoas, quando recebem uma oração de cura ficam esperando "sentir" alguma coisa... O agricultor quando semeia a semente no solo, não sente nada de especial nem vê nada durante algum tempo. No entanto, ele sabe que a semente germinará, crescerá, e, passado algum tempo dará fruto. Assim é a Cura Divina,
Antes de fazer a Oração da Fé, imagine Jesus de mãos estendidas para você, com a cura que você precisa na Sua mão. Você não tem que pedir nem chorar, só tem que estender a mão à Jesus e receber essa cura.
Há duas formas de Deus curar
a) Cura Instantânea - isto se chama milagre.B Cura Progressiva - isto se chama cura divina.
Milagre é quando Deus opera instantaneamente. Nós não podemos provocar milagres. Só Deus é que decide quando é que vai fazer milagres. Se um lavrador semear milho, ele não vai ter as espigas de repente. Demora algum tempo para nascer, não é? Se nascessem instantaneamente, isso seria um milagre. O método mais usado por Deus é o da cura progressiva, quando você aprende a receber.
Acredite nas promessas de Deus
Para receber a cura divina é muito fácil! Você deve ouvir a Palavra de Deus e acreditar nela de coração. Depois, quando um pastor ou qualquer outra pessoa de Deus orar por você, você tem de acreditar que o poder de Deus, que é o poder do Alto, vai entrar em você. Nesse momento, Deus planta dentro de você uma semente de cura divina. Você não precisa de se sentir curado, nem de ver nada, nem de sentir coisa alguma. O segredo está em você acreditar que recebeu a sua cura. Fé é acreditar que já está curado, quando ainda não se sente curado. Fé é acreditar que já está curado, quando ainda não se vê curado.
Andar pela fé é acreditar nas promessas de Deus. Não se deve olhar para os sintomas, mas sim pôr os olhos nas promessas de Deus. Não se deve olhar para aquilo que se sente no momento.
Durante todo esse tempo, você tem que crer que já está curado e que acura está crescendo dentro de si.
Enquanto espera pela manifestação da cura, louvem a Deus todos os dias. Deste modo, você estará regando a semente de cura, para que ela cresça. Assim aconteceu comigo por muitas vezes, tive o privilégio de sentir o que é a cura Divina.
Se você começar a olhar para a doença e para os sintomas, em vez de olhar para Jesus e para a sua Palavra, o diabo virá e roubará a semente. Nós que somos cristãos, devemos seguir uma religião, a minha eu já escolhi: Quando pratico o bem, sinto-me bem, quando pratico o mal, sinto-me mal. Eis a minha religião Mas nós nunca vamos deixar o diabo roubar a nossa cura, porque já aprendemos o segredo, não é mesmo?
Antonio Monteiro da Silva trabalho de pesquisa
terça-feira, 26 de julho de 2011
ALMA E ESPÍRITO SAUDÁVEL
ALMA E ESPÍRITO SAUDÁVEL
Todos sabem que no mundo temos médicos, psicólogos, religiosos que se dedicam a cuidar de nossa saúde, do corpo e da nossa alma. Não podemos nos esquecer da medicina preventiva que eu acho que é a melhor opção. Entendemos que este braço da medicina preventiva isso inclui reconhecer a causa de um problema e não apenas seus sintomas. Os médicos e os cientistas desta ária estão apenas descobrindo aquilo que a Bíblia sempre ensinou não se contamine com as coisas impuras.
Esta Crônica tem o objetivo de fazer um pedido urgente para você não adoecer, quer seja física ou
espiritual. O otimismo, aliado com o realismo reforçado pela confiança em Deus, é tão importante no processo de cura e de prevenção de muitas doenças, rancor, ódio, mau humor, preguiça, desânimo e por aí vai..... O corpo humano pelo fato de possuir um Espírito que pertence a Deus, e que deu a nós para que cuidasse dele, assim como uma jóia brilhante e de muito valor. Devemos cuidar no interior de nossa alma durante toda a nossa vida, por tanto, não podemos ser menos cauteloso, ser desleixado com esta jóia que Deus criou. Não devemos prejudicar nosso próprio corpo. É nosso dever alimentarmos bem, repousar, mantermos em forma o nosso corpo com respeito em todos os aspectos. A saúde física e espiritual é um dever que Deus colocou em nossos ombros a responsabilidade de cuidar e zelar por ela.
O nosso corpo transporta o nosso Espírito. Muita pessoa sabe que precisam cuidar da saúde, sabemos que se mantermos saudável é muito melhor do que estarmos doentes, um corpo saudável prolonga a nossa vida, e produzimos mais em nosso trabalho, sem contar a grande felicidade que damos a nossa família e a nós mesmo. Existe coisa melhor do que isso?O mais importante é que um corpo saudável nos permite respeitar e zelar pelo nosso Espírito cumprindo a nossa Divina missão neste mundo porque um corpo forte e sadio depende de um espírito forte e sadio. As grandes descoberta da medicina começa a descobrir os fantásticos efeitos que o espírito da pessoa pode fazer no processo de cura. Todas as pessoas com espírito forte, otimista e saudável, têm um sistema imunológico forte; os psicólogos e profissionais da ária, também admite que estejam aprendendo cada vez mais que a saúde física das pessoas são influenciada pela fé em Deus até mesmo uma pequena falha no espírito provoca um profundo defeito no corpo, agindo ao contrário acelera o desenvolvimento da cura. Todos sabem que o nosso corpo é nutrido por alimentos, o nossa espírito precisa de nutrição espiritual. Portanto a fé em Deus e necessário para que estes nutrientes surjam efeitos.
A partir do momento que você começa a cumprir as obrigações morais e espirituais, a sua alma agradece, seu Espírito diz amem. Toda a vez que você se exercitar você percebe que está colocando em movimento todas os órgãos do seu corpo, por tanto é interessante que os ingredientes que comemos e o ar que respiramos profundamente, seja saudável e puro, temos que está investindo em algo de muito valor e de boa qualidade, temos que entender que Deus está atento vigilante em que escolhemos para a máquina que ele confiou em conduzi-la. Se o nosso corpo ou Espírito reclama é porque alguma coisa está errada, cabe a nos reparar a qualidade dos ingredientes que mandamos para nutrir o corpo e o Espírito. Toda a reação de nossa saúde e do Espírito tem haver com o nosso meio de vida, para o bem ou para o mal.
Não sou especialista na ária que estou me referindo, mas sim experiente, pelos longos 50 anos de trabalho na ária de medicina curativa e preventiva, sempre exercendo atividades como simples contínuo, porem com espírito investigativo, dom que adquiri pela curiosidade de saber o porquê as pessoas adoecem, e porque outras não adoecem guardadas as devidas proporções.
Nessa disputa de se manter saudável e feliz que é o desejo de todos, cabe um pequeno comentário a respeito. Para nos manter saudável e feliz de corpo e de alma, temos dois caminhos a seguir: Deus e a Ciência, referente a ciência descordo também quando se aplica para o mal da humanidade, descordo também da ciência quando defende que o homem é fruto de evolução. Quando falamos de Alma estamos nos referindo: Alma é um termo que deriva do latim anǐma, este se refere ao princípio que dá movimento ao que é vivo o que é animado ou o que faz mover. A palavra espírito tem sua raiz etimológica do Latim "spiritus", significando "respiração" ou "sopro", mas também pode estar se referindo a "alma.
Por hoje é só: Saúde e paz para todos.
Antonio Monteiro Da Silva
quinta-feira, 21 de julho de 2011
UM MENINO DE SETE ANOS CONSERTOU O MUNDO
UM MENINO DE SETE ANOS CONSERTOU O MUNDO
Em 1968 eu me encontrava na cidade de Cascavel realizando um curso de Agente de Saneamento, a pedido do inesquecível Pedro Alzides Giraldi já falecido, detentor de quatro mandatos de prefeito em Quedas do Iguaçu. Em uma ocasião sendo tema de uma matéria deste aprendizado, compareceu em nossa sala um professor para proferir uma aula que falava sobre medicina preventiva.
O mestre com muita habilidade e carisma cumprimentou os alunos e nos deu os parabéns de ter escolhido essa profissão de Agente de Saúde. Após esta apresentação o educador pediu licença para que antes de começar a aula que falava de prevenções de doenças, contar para os alunos uma história que tinha muito haver com a matéria e com o comportamento de alguns colegas, após avaliação de trabalhos pertinente a prevenção de doenças, ele achou que era necessário e oportuno falar desse assunto. Até então todos éramos leigos no assunto, porque justamente nesse dia dávamos início nos estudos. Tivemos a primeira aula do curso de Saneamento básico estipulado pela Secretaria de Saúde Pública do Estado do Paraná, na ocasião o Secretário da Saúde era o saudoso Dr. Arnaldo Busato. O professor Leandro baseado nos temas do trabalho feito pelos estudantes separou algum assunto redigidos pela turma, alguns criticavam os governos
pelo desleixo e abandono da criatura humana neste mundo, outros eram ainda mais radicais envolvia a religião como bode expiatório do fracasso de não consegui atingir o ideal de uma vida digna, social, mental e físico, culpando somente o destino e que dele ninguém escaparia. Diante de tantas conclusões o professor concluiu que muitas pessoas vivem neste mundo sem saber por que vieram a este planeta, coisa que ele já sabia, mas concretizou ainda mais a sua filosofia quando tomou conhecimento do trabalho dos cursistas.
Antes dele dar inicio em sua matéria, nos pediu muita atenção, no que ele ia falar. Confesso a todos os leitores do meu blog que, a sua palestra foi fantástica. Até hoje foi que mais gravou na minha memória. Não sei quem é o autor desta historia pode até que seja de autoria do Professor, faz tanto tempo que esqueci o verdadeiro enredo da historia. Para poder escrever este texto tive que me valer de minha memória e de alguns rabiscos de minha caderneta já empoeirada pelo tempo. Retirei do meio das cinzas cefálicas de minha mente algumas palavras que se conservava gravada há muito tempo. O autor desta história que me perdoe do estrago que fiz no seu texto. Eu não podia deixar de registrar no meu blog esta mensagem,
principalmente nos tempos que estamos vivendo, pois veio a calhar com a atual situação que estamos vivendo sendo que isso já a séculos atrás as gerações conviviam com este transtorno, mas só agora se tornou ainda mais preocupante. No decorrer dos tempos aprendi que aquele que destrói a natureza material e espiritual esta ofendendo quem os criou e nos deu de presente sem cobrar nada e conseguintemente não acredita na evolução e muito menos na criação da raça humana. Evolução é evoluir crescer, transformar-se gradualmente è preciso despertar para evoluir para isso temos que nos colocar a serviço do bem estar da humanidade dando como exemplo o nosso comportamento em todas as circunstâncias, não só da boca para fora como se diz na gíria, mas em nossas ações. Se acreditarmos na Criação ai sim teremos um patamar de alegria e felicidade, pois coloquemos a nossa saúde em primeiro lugar, corpo e mente saudável é vida feliz, e para isso só depende de nós.
O professor começou assim:
Um cientista muito preocupado com os problemas do mundo passava dias em seu laboratório, tentando encontrar meios de melhorá-los. Em certo dia concentrado em suas pesquisas, seu filho de sete anos entrou no seu local de trabalho decidido a ajudá-lo. O cientista, nervoso pela interrupção, tentou convencer o filho brincar em outro lugar. Vendo que seria impossível o menino não queria sair. O cientista procurou algo que pudesse distrair a criança. De repente, deparou-se com o mapa do mundo já meio velho e empoeirado
Pregado na parede de seu laboratório.
Estava ali o que procurava alguma atividade bem complicada para o garoto se ocupar, sendo ele um homem inteligente teve uma brilhante idéia. Com uma tesoura Recortou o mapa em vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva entregou ao filho dizendo: - meu filho sei que você gosta de quebra-cabeça. Então vou lhe dar o mundo para consertar. Aqui está ele todo quebrado. Veja se consegue consertá-lo bem direitinho! Mas faça tudo sozinho!Pelos seus cálculos, a criança levaria dias para recompor o mapa. Passadas alguns minutos, ouviu o filho chamando-o calmamente. Papai, papai já consertei o mundo. A princípio, o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível na sua idade conseguir recompor um mapa que jamais havia visto. Sem muito interesse, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo de que o trabalho do menino no conserto seria uma bagunça digno de uma criança. Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares. O cientista ficou admirado, como seria possível? Como o menino havia sido capaz de realizar aquele quebra cabeça tão difícil e complicado tão rápido? Meu filho? Você não sabia como era o mundo, meu filho, como conseguiu? - Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o mapa da parede, eu vi que do outro lado do mapa havia a figura de um homem do tamanho do mapa.
Quando você me deu o mundo para consertar, eu sabia que não ia consegui até que tentei. Foi aí que me lembrei do homem, que estava nas costa do mapa virei os recortes e comecei a consertar o homem que eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei à folha e vi que havia consertado o mundodomingo, 17 de julho de 2011
A TRISTE HISTORIA DE UMA BELA E FORMOSA DEBUTANTE
A TRISTE HISTORIA DE UMA BELA E FORMOSA DEBUTANTE
casal. Estes sempre gostaram de participar dos eventos da comunidade em que viviam e devido ao fato de ser sua filha Vera de uma beleza muito acima da média, estavam também muito envolvidos com desfiles de moda e de beleza. Além de se dedicarem muitas atividades sociais, tinham os membros dessa família o gosto pelo teatro e representações de maneira geral, fato demonstrado várias vezes quando nos festivais da região os filhos de Ricardo cantavam os versos compostos por este.
Mas, como deixei transparecer no início desse texto todo o mundo desse casal parecia girar em torno da sua filha mulher, Verinha que além de ser de uma beleza invulgar, como já disse antes, tinha um magnetismo pessoal muito grande, um charme tão diferente e encantador, que agradavam a qualquer um dos seus conhecidos que tivesse a oportunidade de compartilhá-los, motivos pelos quais a menina estava sempre no centro das atenções. E que me perdoem os leitores que pensarem que estou exagerando porque eu a conheci, e devo ainda dizer que todos esses predicados eram acompanhados de uma meiguice e humildade raras em seres humanos de tanta beleza física.
E a menina viveu sua vida de idílios nas graças tanto de seus pais quanto de seus conhecidos. Até debutar.
Muita gente esquece, geralmente, de associar a palavra que emite ao seu real significado, porque quando falamos de debutantes, temos a visão de uma festa linda onde a menina é apresentada para a sociedade onde vive como estando apta para a vida social nesse grupo. É isso mesmo, de maneira geral, mas devemos ter em mente que esse costume também pressupõe que a garota está preparada para assumir um papel ativo em sua nova vida. E esse papel ativo quer dizer também poder manter relacionamentos amorosos. O tão aclamado ato de se tornar mulher. O que gostaria de ressaltar aqui porque isso tem muito a ver com os fatos que se sucederam na vida de nossa pequena e adorável garotinha, é que ela encontrou todos esses significados para esta noite mágica na vida de qualquer menina-mulher.
Obviamente, sendo e merecendo ser motivo de tanto orgulho para seus pais, estes prepararam uma festa maravilhosa para os quinze anos da adorada filha, onde compareceria toda a gente que mantinha relações com essa bem amada família. E apareceriam também pessoas que não estavam previstas. Isso acontece sempre em festas, mas quase nunca os clandestinos têm papel de relevância no acontecimento. Para Verinha a coisa não foi bem assim.
Na noite de seu baile, conheceu e se apaixonou por um rapaz que somente depois se veio a conhecer. O clima da noite aspirando a sonhos deve ter dado certa mãozinha aos acontecimentos, mas o que mudou realmente o rumo de sua história foi o fato de que o objeto dos desejos dela correspondeu aos seus anseios; e Verinha se enamorou pela primeira vez. Como nos diz o legado popular essa é a ocasião em que a menina-mulher ama, ou pensa amar com mais intensidade quando pela primeira vez. Mais intenso do que o que, não sabemos, já que supomos que ela não teria parâmetros para julgar essa intensidade. Para Verinha foi assim, amou pela primeira vez como se estivesse condenada a esta ser sua última. E como mais adiante veremos esta poderia ser a última mesmo!
Depois se soube que o nome do rapaz era Anderson. E também que era filho de pessoas muito ricas de outra cidade da região, onde residia com seus pais. Depois do dia do baile o rapaz começou a se achegar mais e mais na casa de Ricardo e o namoro estava decolando. Motivo pelo este jovem resolveu se mudar para a cidade de Verinha, morando em uma pensão que ficava perto da casa desta. O que tornou mais constantes suas visitas à casa da namorada.
O relacionamento ia ficando sempre mais sério e o pai de Verinha estava inquieto, com a impressão negativa que sempre tivera para com o seu agora quase futuro genro. Impressão que não tinha nenhuma razão de ser, ao menos racionalmente, mas não para Ricardo que amava tanto a sua filha que lhe bastara sua impressão para não conseguisse gostar do rapaz, que só cativava as pessoas com quem se relacionava, sendo sempre muito doce e gentil com quem lhe cruzasse o caminho ou dirigisse a palavra. Creditou estar certo nessa impressão ao fato de ter sido sempre um homem bom em julgar o caráter de seus semelhantes já que se considerava experiente em matéria de relações sociais. Bem, para ele isso bastava e agora que sabia que não gostava de Anderson, somente precisaria descobrir um motivo para continuar não gostando. E quando descobrisse o tal motivo estaria sendo justo, que ele sempre gostou das coisas justas, como costumava dizer.
Naquele tempo era muito importante para uma moça de bem estar consciente com relação ao perigo de se engravidar antes do casamento, e embora nunca tivesse tido razão para não confiar em sua filha, Carlota sempre advertia Verinha para o fato. Esse temor tinha fundamento no fato de que eles não conheciam o rapaz. Mas, a menina sempre deixou bem claro que concordava com esse tabu, mesmo antes de conhecer Anderson, e dizia que somente se entregaria ao seu amado, que para ela seria eternamente o rapaz por quem estava apaixonada, após o casamento. Consagrando assim, o amor dos dois.
Talvez pelo fato de que não aprovava o rapaz, talvez por destino, o pai de Verinha veio a descobrir, eu não sei de que maneira, que o futuro genro tomava vários remédios todos os dias, e que mantinha escondidos esses remédios. Por isso, achando que estava agora confirmando seu suspeito, em relação ao suposto mau caráter de Anderson, Ricardo sentiu-se tentado a saber que tipo de remédios estaria usando o rapaz. Certamente pensou se tratar de remédios para curar doenças que se teria pegado, em lugar não muito aceitável que seja freqüentado por um genro. Ou seja, deve ter pensado que o consorte estaria se tratando por causa do que se chamava, por medo de se pronunciar os nomes feios, de doenças da rua. É claro que tinha motivos para crer nisso, já que o doente aparentemente fazia muita questão de manter segredo de seu tratamento. Foi sendo tomado de uma curiosidade cada vez maior com relação a isso, mas para saber que tipo de medicamentos era teria que ver as embalagens que não se queria mostrar. Teria que penetrar no quarto do rapaz às escondidas para saber. Plano sórdido que a um homem de sua conduta só era perdoável, e mesmo assim depois de muito remorso, pelo grande amor que tinha por sua filha. Esperou que Anderson saísse para que pudesse perpetrar seu plano de invasão. O destino novamente interveio, quando o rapaz esqueceu-se de fechar as janelas ao sair. Ricardo entrou e foi com um misto de alegria e angústia que procurou até encontrar os tais remédios. Como não teria como saber o que significavam aquele nome, e não confiaria que pudesse lembrá-los, anotou-os um por um.
Saiu apressado como apressados sempre estão aqueles que se encontra em flagrante delito, e se dirigiu diretamente à casa do médico que era amigo da família e seu Ricardo havia sido seu padrinho de casamento, pois como disse antes toda essa família era muito bem quista na região. Não contou, pois não teria coragem para tal, o motivo porque desejava e necessitava muito saber para que servissem aqueles remédios.
O médico que, como já disse era seu amigo, depois de ler os nomes fechou o semblante em uma expressão muito preocupada com relação à saúde de Ricardo, e contou-lhe a terrível verdade. Os remédios eram recomendados à pacientes com perturbações mentais graves. Ou seja, a pessoa que precisasse tomar aqueles remédios era um psicopata em potencial. Ainda pôs-se a explicar o que seria a psicopatia, como havia uma disfunção no funcionamento do cérebro do portador, notadamente no dizia respeito às regras de convivência em sociedade. E que uma pessoa definida como psicopata não tinha, nunca, parâmetros regulares para suas ações e que, por esse motivo tanto podiam jurar amor como atentar contra a vida de pessoas que conhecesse.
Diante dessa situação, talvez para confirmar que estava certo em desconfiar do rapaz, ou ainda porque não pôde agüentar o peso da revelação seu Ricardo contou ao amigo médico quem estava se medicando com aqueles remédios. Como ele disse na época, mais tarde com muito mais amargura, o coração de pai que batia em seu peito não se enganaria com relação ao futuro de Verinha, seu maior tesouro na vida.
Então o médico teve que, devido às circunstâncias, ser sincero com o desafortunado pai. Sua querida filhinha estaria correndo perigo caso se casasse com esse rapaz, e mais, caso viesse a ter filhos com ele, eram grandes as chances de que estes desenvolvessem esse mesmo mal, que segundo o médico em muitos casos era transmitido hereditariamente.
Ricardo agradeceu e se retirou da casa do médico com o peso maior que o mundo contido naquela revelação. Agora tinha realmente motivos para a angústia que vinha sentindo, até então sem razão, e vários motivos: não poderia contar de que maneira conseguiu saber tais coisas, não via como evitar os acontecimentos desagradáveis que esperavam sua filha, e não tinha nenhum argumento sólido para se opor ao relacionamento. O desespero invadiu sua alma e ele se pôs a meditar um meio de não ter que passar pelo parecia agora inevitável.
Apoiou todas as suas esperanças na argumentação da idade do noivo ser maior que a de Verinha para começar desse dia em diante uma campanha ferrenha contra o rapaz. Argumento muito fraco, é verdade, mas não via outra possibilidade. Apelava para seus pressentimentos de que a menina seria infeliz com um casamento assim, com uma pessoa que era quase um desconhecido. Sabe-se lá quantos outros argumentos vãos tentou essa atormentada criatura para demover a filha.
Aconteceu justamente o contrário. Quanto mais tentava convencer a criança que tanto amava de que estava certo em relação às coisas que dizia, mais e mais esta menina se obstinava em declarar a quem quisesse ouvir seu amor por aquele que, em seus sonhos já era seu esposo.
E um dia, cansada de tanto desgastar a relação com seu pai, Verinha chamou-o aos eu quarto fez-lhe o que lhe pareceu ser o certo para endireitar a situação, pôs seu pai na berlinda. Assegurou-lhe que se, realmente fosse da vontade dessa ela se disporia a deixar Anderson, mas que seu pai ficaria, em contrapartida implicado em caso de que ela vindo depois a se casar com outro ser infeliz. Fato que não perdoaria nunca porque acreditava que deveria ter o direito de escolher o que lhe parecia melhor para a sua felicidade. E que se a felicidade discutida ali era a sua, ela estava perfeitamente convencida de que essa felicidade estava ao lado de Anderson.
Como não nos é dado saber o futuro de antemão, salvo quando mentimos Ricardo não pôde garantir à sua filha que o próximo relacionamento lhe seria melhor. E por essa razão aliada ao respeito que sempre tivera para com a opinião dos seus entes queridos, se viu obrigado a concordar com o fato de que sua filha casaria com o rapaz de quem ele tinha motivos para não aprovar, mas que desgraçadamente, contra qual não tinha como apresentar provas. Enfim, a vida seguiu seu curso de acordo com seu destino, e Ricardo só pôde rezar pela felicidade de sua filha a despeito de tudo o que sabia e sentia.
Para aumentar seu tormento, como teve ceder à idéia do matrimônio, parou de procurar dissuadir sua filha, que estranhou o fato e veio questionara o motivo de tão brusca mudança de atitudes. Ele pôs-se a desfiar razões para tal, principalmente devido ao seu caráter apesar do delito cometido ser bastante justo, e se concordara com a filha não iria mais se interpor entre o casal, e coisa e tal. Foi nessa conversa que ele sentiu o seu sangue gelar, quando animada com o fato, sua filha exclamou com toda a certeza de seu coração enamorado que ela, contrariando todos os prognósticos sombrios de seu pai, iria ser muito feliz com seu amado, e dariam a seus pais, muitos e lindos netos. Toda a explanação de seu amigo médico lhe voltou à mente; aterrorizando-o.
O casamento foi marcado para dali a poucos meses. Poucos mas, agonizantes para Ricardo com sua dor.
Apesar de tudo o que sentia Ricardo deu à sua filha uma festa digna da menina que esta sempre fora para a família. Depois de casados, os felizes jovens vieram a morar na casa em frente à dos pais da noiva. E muito embora isso possa parecer conveniência demais, atesta os personagens que isso foi mesmo uma coincidência. Feliz coincidência que o destino preparou.
Mesmo depois de sua filha haver se casado a mãe de Verinha, dona Carlota insistia na idéia de que sua filha não tivesse filhos, com argumentos muito elaborados de que o casal precisa antes de um tempo para se conhecer bem na intimidade, e que o casamento que inicia, embora nunca se queira isso, pode vir a ser o casamento que se finda. A tudo isso Verinha ouvia com atenção e respeito, mas estranhando a atitude da mãeAté que um dia enquanto Carlota lhe passava esse tipo de conselhos a menina, agora esposa desabafou algo a respeito de que se continuasse assim ela acabaria seus dias ainda virgem. Carlota disfarçou, achando graça da reação de sua filha aos seus conselhos. Ela interpretara errado o desabafo da filha, crendo que esta se referia à sua insistência naquele assunto. Só mais tarde, quase muito tarde, é que se soube a verdade. O tempo passava e as atitudes e aparência de Verinha não condiziam com as de uma moça que se casara a menos de dois meses. Ela emagrecera uns cinco quilos nesse período. Perdera a alegria que lhe era tão característica. E o que era mais estranho ainda: mal aparecia na casa de seus pais que tanto havia amado, mesmo tendo que para isso somente atravessar a rua.
Os pais preocupados lutaram para saber o que estava acontecendo até descobrir que Verinha vinha sendo surrada pelo marido constantemente, principalmente devido ao fato a que Carlota deu tão pouca importância quando sua filha quisera lhe contar. O marido da moça, em conseqüência do tipo de remédio que usava era sexualmente impotente. E descontava esta frustração na pobre e agora também frustrada garota. E embora isso lhes tenha provocado á justa revolta, o destino novamente riu deles, trouxe também com essa notícia a alegria de que o perigo previsto pelo médico de que nascesse um psicopata deixava de existir pela não consumação do casamento. E a não consumação carnal do casamento era dado que oferecia a possibilidade de uma separação legal.
Nesse período a vida de Ricardo e Carlota se resumia a rezar por sua filha adorada e tentar encontrar uma maneira de livrá-la do suplício. Estavam eles nesse dilema de todo dia, tomando chimarrão na varanda, com Ricardo tentando consolar sem grande sucesso sua esposa, quando da casa em frente se ouviram barulhos que até suspenderam as batidas do coração dos atormentados pais.
É bom que se ressalte que a jovem, herdando o caráter do pai se recusava a reclamar da situação a que estava submetida por sua escolha infeliz.
Dessa vez a cena que havia se tornado banal na vida do jovem casal foi pela primeira vez presenciada pelos pais de Verinha, e por quem mais quisesse ver. Anderson ergueu Verinha nos braços e jogou para fora de casa. Ricardo e Carlota se puseram em socorro à filha que havia perdido os sentidos na queda e o pai teve erguer, e meio que arrastando a filha ir tirando-a do alcance de Anderson, enquanto se defendia com um só braço dos ataques que esse lhe desferia no intento de lhe arrebatar a jovem. Foi salvo pela chegada de vizinhos que acudiram à tão cruel cena. E então com a ajuda dessas pessoas o agressor foi dominado e Verinha levada para a casa de seus pais de onde, agora ela sabia, não deveria ter saído para acompanhar tão amorosamente seu cruel algoz.
Após três longos meses em que se tratou das feridas em seu espírito com o amor que ela merecia agora mais que ninguém tramitava os papéis da separação, Verinha pôde enfim recomeçar a feliz vida que tivera, antes que a catástrofe viesse vestida em sonho de amor e carícias lhe visitar, roubando-lhe as ilusões que tinha até então sobre a vida.
Depois com gosto o pai de Verinha comentava, aquele era o dinheiro que melhor gastara mal, pois nem havia terminado de pagar a festa de casamento e já estava pagando à custa do processo de separação.
Com muito gosto mesmo. Providenciou-se para que Verinha fosse levada para uma cidade no estado do Mato Grosso do Sul, onde uma tia sua era proprietária de um posto de gasolina, para trabalhar, ficar longe do alcance de Anderson e tentar, merecidamente recomeçar sua vida.
Então o destino, apiedado ou enfadado com a triste história de Verinha começou a lhe sorrir. No novo mundo em que se refugiou conheceu seu real amor, em pouco tempo com a coragem que sempre soube ter, conheceu, enamorou-se e casou-se com Marcos, que por ironia de adivinhe quem tinha os pais morando vizinhos aos de Anderson, de quem não tive mais notícia.
O atual marido de Verinha se mostrou uma pessoa excepcional, com caráter bastante compreensivo... Em resumo, o homem que ela merecia desde o início. Têm três filhos maravilhosos que é uma alegria muito grande para os avôs, que sonharam tanto com isso. O destino de Verinha no final lhe foi bondoso.
Ou apenas justo, depois de tudo o que ela passou. E pelo menos eu aprendi que, nunca será tarde para buscar num recomeço o que teremos o direito de possuir, setivermos equilíbrio para enfrentar as situações adversas que certamente existirão em nossas vidas.
Esta história que passo a contar também aconteceu de verdade, mas o fato é que dela participei somente como observador, e também por esse motivo somente poderei contá-la mudando o nome dos personagens para que se possa preservar a privacidade que lhes é por direito sagrada.Isso aconteceu numa cidade de porte médio do oeste do Paraná, onde vivia a família de meu amigo Ricardo, casado com Carlota. Ambos trabalhavam no serviço público há muito tempo.
Mas, como deixei transparecer no início desse texto todo o mundo desse casal parecia girar em torno da sua filha mulher, Verinha que além de ser de uma beleza invulgar, como já disse antes, tinha um magnetismo pessoal muito grande, um charme tão diferente e encantador, que agradavam a qualquer um dos seus conhecidos que tivesse a oportunidade de compartilhá-los, motivos pelos quais a menina estava sempre no centro das atenções. E que me perdoem os leitores que pensarem que estou exagerando porque eu a conheci, e devo ainda dizer que todos esses predicados eram acompanhados de uma meiguice e humildade raras em seres humanos de tanta beleza física.
E a menina viveu sua vida de idílios nas graças tanto de seus pais quanto de seus conhecidos. Até debutar.
Muita gente esquece, geralmente, de associar a palavra que emite ao seu real significado, porque quando falamos de debutantes, temos a visão de uma festa linda onde a menina é apresentada para a sociedade onde vive como estando apta para a vida social nesse grupo. É isso mesmo, de maneira geral, mas devemos ter em mente que esse costume também pressupõe que a garota está preparada para assumir um papel ativo em sua nova vida. E esse papel ativo quer dizer também poder manter relacionamentos amorosos. O tão aclamado ato de se tornar mulher. O que gostaria de ressaltar aqui porque isso tem muito a ver com os fatos que se sucederam na vida de nossa pequena e adorável garotinha, é que ela encontrou todos esses significados para esta noite mágica na vida de qualquer menina-mulher.
Obviamente, sendo e merecendo ser motivo de tanto orgulho para seus pais, estes prepararam uma festa maravilhosa para os quinze anos da adorada filha, onde compareceria toda a gente que mantinha relações com essa bem amada família. E apareceriam também pessoas que não estavam previstas. Isso acontece sempre em festas, mas quase nunca os clandestinos têm papel de relevância no acontecimento. Para Verinha a coisa não foi bem assim.
Na noite de seu baile, conheceu e se apaixonou por um rapaz que somente depois se veio a conhecer. O clima da noite aspirando a sonhos deve ter dado certa mãozinha aos acontecimentos, mas o que mudou realmente o rumo de sua história foi o fato de que o objeto dos desejos dela correspondeu aos seus anseios; e Verinha se enamorou pela primeira vez. Como nos diz o legado popular essa é a ocasião em que a menina-mulher ama, ou pensa amar com mais intensidade quando pela primeira vez. Mais intenso do que o que, não sabemos, já que supomos que ela não teria parâmetros para julgar essa intensidade. Para Verinha foi assim, amou pela primeira vez como se estivesse condenada a esta ser sua última. E como mais adiante veremos esta poderia ser a última mesmo!
Depois se soube que o nome do rapaz era Anderson. E também que era filho de pessoas muito ricas de outra cidade da região, onde residia com seus pais. Depois do dia do baile o rapaz começou a se achegar mais e mais na casa de Ricardo e o namoro estava decolando. Motivo pelo este jovem resolveu se mudar para a cidade de Verinha, morando em uma pensão que ficava perto da casa desta. O que tornou mais constantes suas visitas à casa da namorada.
O relacionamento ia ficando sempre mais sério e o pai de Verinha estava inquieto, com a impressão negativa que sempre tivera para com o seu agora quase futuro genro. Impressão que não tinha nenhuma razão de ser, ao menos racionalmente, mas não para Ricardo que amava tanto a sua filha que lhe bastara sua impressão para não conseguisse gostar do rapaz, que só cativava as pessoas com quem se relacionava, sendo sempre muito doce e gentil com quem lhe cruzasse o caminho ou dirigisse a palavra. Creditou estar certo nessa impressão ao fato de ter sido sempre um homem bom em julgar o caráter de seus semelhantes já que se considerava experiente em matéria de relações sociais. Bem, para ele isso bastava e agora que sabia que não gostava de Anderson, somente precisaria descobrir um motivo para continuar não gostando. E quando descobrisse o tal motivo estaria sendo justo, que ele sempre gostou das coisas justas, como costumava dizer.
Naquele tempo era muito importante para uma moça de bem estar consciente com relação ao perigo de se engravidar antes do casamento, e embora nunca tivesse tido razão para não confiar em sua filha, Carlota sempre advertia Verinha para o fato. Esse temor tinha fundamento no fato de que eles não conheciam o rapaz. Mas, a menina sempre deixou bem claro que concordava com esse tabu, mesmo antes de conhecer Anderson, e dizia que somente se entregaria ao seu amado, que para ela seria eternamente o rapaz por quem estava apaixonada, após o casamento. Consagrando assim, o amor dos dois.
Talvez pelo fato de que não aprovava o rapaz, talvez por destino, o pai de Verinha veio a descobrir, eu não sei de que maneira, que o futuro genro tomava vários remédios todos os dias, e que mantinha escondidos esses remédios. Por isso, achando que estava agora confirmando seu suspeito, em relação ao suposto mau caráter de Anderson, Ricardo sentiu-se tentado a saber que tipo de remédios estaria usando o rapaz. Certamente pensou se tratar de remédios para curar doenças que se teria pegado, em lugar não muito aceitável que seja freqüentado por um genro. Ou seja, deve ter pensado que o consorte estaria se tratando por causa do que se chamava, por medo de se pronunciar os nomes feios, de doenças da rua. É claro que tinha motivos para crer nisso, já que o doente aparentemente fazia muita questão de manter segredo de seu tratamento. Foi sendo tomado de uma curiosidade cada vez maior com relação a isso, mas para saber que tipo de medicamentos era teria que ver as embalagens que não se queria mostrar. Teria que penetrar no quarto do rapaz às escondidas para saber. Plano sórdido que a um homem de sua conduta só era perdoável, e mesmo assim depois de muito remorso, pelo grande amor que tinha por sua filha. Esperou que Anderson saísse para que pudesse perpetrar seu plano de invasão. O destino novamente interveio, quando o rapaz esqueceu-se de fechar as janelas ao sair. Ricardo entrou e foi com um misto de alegria e angústia que procurou até encontrar os tais remédios. Como não teria como saber o que significavam aquele nome, e não confiaria que pudesse lembrá-los, anotou-os um por um.
Saiu apressado como apressados sempre estão aqueles que se encontra em flagrante delito, e se dirigiu diretamente à casa do médico que era amigo da família e seu Ricardo havia sido seu padrinho de casamento, pois como disse antes toda essa família era muito bem quista na região. Não contou, pois não teria coragem para tal, o motivo porque desejava e necessitava muito saber para que servissem aqueles remédios.
O médico que, como já disse era seu amigo, depois de ler os nomes fechou o semblante em uma expressão muito preocupada com relação à saúde de Ricardo, e contou-lhe a terrível verdade. Os remédios eram recomendados à pacientes com perturbações mentais graves. Ou seja, a pessoa que precisasse tomar aqueles remédios era um psicopata em potencial. Ainda pôs-se a explicar o que seria a psicopatia, como havia uma disfunção no funcionamento do cérebro do portador, notadamente no dizia respeito às regras de convivência em sociedade. E que uma pessoa definida como psicopata não tinha, nunca, parâmetros regulares para suas ações e que, por esse motivo tanto podiam jurar amor como atentar contra a vida de pessoas que conhecesse.
Diante dessa situação, talvez para confirmar que estava certo em desconfiar do rapaz, ou ainda porque não pôde agüentar o peso da revelação seu Ricardo contou ao amigo médico quem estava se medicando com aqueles remédios. Como ele disse na época, mais tarde com muito mais amargura, o coração de pai que batia em seu peito não se enganaria com relação ao futuro de Verinha, seu maior tesouro na vida.
Então o médico teve que, devido às circunstâncias, ser sincero com o desafortunado pai. Sua querida filhinha estaria correndo perigo caso se casasse com esse rapaz, e mais, caso viesse a ter filhos com ele, eram grandes as chances de que estes desenvolvessem esse mesmo mal, que segundo o médico em muitos casos era transmitido hereditariamente.
Ricardo agradeceu e se retirou da casa do médico com o peso maior que o mundo contido naquela revelação. Agora tinha realmente motivos para a angústia que vinha sentindo, até então sem razão, e vários motivos: não poderia contar de que maneira conseguiu saber tais coisas, não via como evitar os acontecimentos desagradáveis que esperavam sua filha, e não tinha nenhum argumento sólido para se opor ao relacionamento. O desespero invadiu sua alma e ele se pôs a meditar um meio de não ter que passar pelo parecia agora inevitável.
Apoiou todas as suas esperanças na argumentação da idade do noivo ser maior que a de Verinha para começar desse dia em diante uma campanha ferrenha contra o rapaz. Argumento muito fraco, é verdade, mas não via outra possibilidade. Apelava para seus pressentimentos de que a menina seria infeliz com um casamento assim, com uma pessoa que era quase um desconhecido. Sabe-se lá quantos outros argumentos vãos tentou essa atormentada criatura para demover a filha.
Aconteceu justamente o contrário. Quanto mais tentava convencer a criança que tanto amava de que estava certo em relação às coisas que dizia, mais e mais esta menina se obstinava em declarar a quem quisesse ouvir seu amor por aquele que, em seus sonhos já era seu esposo.
E um dia, cansada de tanto desgastar a relação com seu pai, Verinha chamou-o aos eu quarto fez-lhe o que lhe pareceu ser o certo para endireitar a situação, pôs seu pai na berlinda. Assegurou-lhe que se, realmente fosse da vontade dessa ela se disporia a deixar Anderson, mas que seu pai ficaria, em contrapartida implicado em caso de que ela vindo depois a se casar com outro ser infeliz. Fato que não perdoaria nunca porque acreditava que deveria ter o direito de escolher o que lhe parecia melhor para a sua felicidade. E que se a felicidade discutida ali era a sua, ela estava perfeitamente convencida de que essa felicidade estava ao lado de Anderson.
Como não nos é dado saber o futuro de antemão, salvo quando mentimos Ricardo não pôde garantir à sua filha que o próximo relacionamento lhe seria melhor. E por essa razão aliada ao respeito que sempre tivera para com a opinião dos seus entes queridos, se viu obrigado a concordar com o fato de que sua filha casaria com o rapaz de quem ele tinha motivos para não aprovar, mas que desgraçadamente, contra qual não tinha como apresentar provas. Enfim, a vida seguiu seu curso de acordo com seu destino, e Ricardo só pôde rezar pela felicidade de sua filha a despeito de tudo o que sabia e sentia.
Para aumentar seu tormento, como teve ceder à idéia do matrimônio, parou de procurar dissuadir sua filha, que estranhou o fato e veio questionara o motivo de tão brusca mudança de atitudes. Ele pôs-se a desfiar razões para tal, principalmente devido ao seu caráter apesar do delito cometido ser bastante justo, e se concordara com a filha não iria mais se interpor entre o casal, e coisa e tal. Foi nessa conversa que ele sentiu o seu sangue gelar, quando animada com o fato, sua filha exclamou com toda a certeza de seu coração enamorado que ela, contrariando todos os prognósticos sombrios de seu pai, iria ser muito feliz com seu amado, e dariam a seus pais, muitos e lindos netos. Toda a explanação de seu amigo médico lhe voltou à mente; aterrorizando-o.
O casamento foi marcado para dali a poucos meses. Poucos mas, agonizantes para Ricardo com sua dor.
Apesar de tudo o que sentia Ricardo deu à sua filha uma festa digna da menina que esta sempre fora para a família. Depois de casados, os felizes jovens vieram a morar na casa em frente à dos pais da noiva. E muito embora isso possa parecer conveniência demais, atesta os personagens que isso foi mesmo uma coincidência. Feliz coincidência que o destino preparou.
Mesmo depois de sua filha haver se casado a mãe de Verinha, dona Carlota insistia na idéia de que sua filha não tivesse filhos, com argumentos muito elaborados de que o casal precisa antes de um tempo para se conhecer bem na intimidade, e que o casamento que inicia, embora nunca se queira isso, pode vir a ser o casamento que se finda. A tudo isso Verinha ouvia com atenção e respeito, mas estranhando a atitude da mãeAté que um dia enquanto Carlota lhe passava esse tipo de conselhos a menina, agora esposa desabafou algo a respeito de que se continuasse assim ela acabaria seus dias ainda virgem. Carlota disfarçou, achando graça da reação de sua filha aos seus conselhos. Ela interpretara errado o desabafo da filha, crendo que esta se referia à sua insistência naquele assunto. Só mais tarde, quase muito tarde, é que se soube a verdade. O tempo passava e as atitudes e aparência de Verinha não condiziam com as de uma moça que se casara a menos de dois meses. Ela emagrecera uns cinco quilos nesse período. Perdera a alegria que lhe era tão característica. E o que era mais estranho ainda: mal aparecia na casa de seus pais que tanto havia amado, mesmo tendo que para isso somente atravessar a rua.
Os pais preocupados lutaram para saber o que estava acontecendo até descobrir que Verinha vinha sendo surrada pelo marido constantemente, principalmente devido ao fato a que Carlota deu tão pouca importância quando sua filha quisera lhe contar. O marido da moça, em conseqüência do tipo de remédio que usava era sexualmente impotente. E descontava esta frustração na pobre e agora também frustrada garota. E embora isso lhes tenha provocado á justa revolta, o destino novamente riu deles, trouxe também com essa notícia a alegria de que o perigo previsto pelo médico de que nascesse um psicopata deixava de existir pela não consumação do casamento. E a não consumação carnal do casamento era dado que oferecia a possibilidade de uma separação legal.
Nesse período a vida de Ricardo e Carlota se resumia a rezar por sua filha adorada e tentar encontrar uma maneira de livrá-la do suplício. Estavam eles nesse dilema de todo dia, tomando chimarrão na varanda, com Ricardo tentando consolar sem grande sucesso sua esposa, quando da casa em frente se ouviram barulhos que até suspenderam as batidas do coração dos atormentados pais.
É bom que se ressalte que a jovem, herdando o caráter do pai se recusava a reclamar da situação a que estava submetida por sua escolha infeliz.
Dessa vez a cena que havia se tornado banal na vida do jovem casal foi pela primeira vez presenciada pelos pais de Verinha, e por quem mais quisesse ver. Anderson ergueu Verinha nos braços e jogou para fora de casa. Ricardo e Carlota se puseram em socorro à filha que havia perdido os sentidos na queda e o pai teve erguer, e meio que arrastando a filha ir tirando-a do alcance de Anderson, enquanto se defendia com um só braço dos ataques que esse lhe desferia no intento de lhe arrebatar a jovem. Foi salvo pela chegada de vizinhos que acudiram à tão cruel cena. E então com a ajuda dessas pessoas o agressor foi dominado e Verinha levada para a casa de seus pais de onde, agora ela sabia, não deveria ter saído para acompanhar tão amorosamente seu cruel algoz.
Após três longos meses em que se tratou das feridas em seu espírito com o amor que ela merecia agora mais que ninguém tramitava os papéis da separação, Verinha pôde enfim recomeçar a feliz vida que tivera, antes que a catástrofe viesse vestida em sonho de amor e carícias lhe visitar, roubando-lhe as ilusões que tinha até então sobre a vida.
Depois com gosto o pai de Verinha comentava, aquele era o dinheiro que melhor gastara mal, pois nem havia terminado de pagar a festa de casamento e já estava pagando à custa do processo de separação.
Com muito gosto mesmo. Providenciou-se para que Verinha fosse levada para uma cidade no estado do Mato Grosso do Sul, onde uma tia sua era proprietária de um posto de gasolina, para trabalhar, ficar longe do alcance de Anderson e tentar, merecidamente recomeçar sua vida.
Então o destino, apiedado ou enfadado com a triste história de Verinha começou a lhe sorrir. No novo mundo em que se refugiou conheceu seu real amor, em pouco tempo com a coragem que sempre soube ter, conheceu, enamorou-se e casou-se com Marcos, que por ironia de adivinhe quem tinha os pais morando vizinhos aos de Anderson, de quem não tive mais notícia.
O atual marido de Verinha se mostrou uma pessoa excepcional, com caráter bastante compreensivo... Em resumo, o homem que ela merecia desde o início. Têm três filhos maravilhosos que é uma alegria muito grande para os avôs, que sonharam tanto com isso. O destino de Verinha no final lhe foi bondoso.
Ou apenas justo, depois de tudo o que ela passou. E pelo menos eu aprendi que, nunca será tarde para buscar num recomeço o que teremos o direito de possuir, setivermos equilíbrio para enfrentar as situações adversas que certamente existirão em nossas vidas.
UMA VIAGEM EM LUGARES DESCONHECIDO
UMA VIAGEM EM LUGARES DESCONHECIDO
Minha história inicia-se nos anos de 1943 no sétimo Distrito de Vacarias Muitos Capões, hoje município, no Estado do Rio Grande do Sul. Cresci livre correndo entre os verdes campos, nadando nos límpidos riachos e se alimentando com paçoca de charque de carne de gado, galinha e de frutas e legumes fresquinhos colhidos na horta e nos pomares que havia em todas as propriedades rurais, a minha infância foi de intensa felicidade, pois não conhecia o mal nem a malícia e a perversidade que assediam as crianças de hoje. Cresci ouvindo a voz do Brasil o Rodeio Farroupilha e ouvindo falar de Getulio Vargas e das grandes revoluções e guerras, guerra dos Farrapos, Guerra do Contestado, 1º e 2º Guerra Mundial, Guerra Fria, Guerra do Golfo e a Guerra do Vietnã. Papai nos explicou que houve uma época que era proibida falar mal do governo e só havia dois partidos o PTB que era dos pobres e o PSD que era do governo e dos patrões papai era do partido do PTB mas a gente não podia dizer isso na escola, nos dias de eleições no Ginásio. Nas ruas a gente via o medo estampado no rosto das pessoas e os eleitores não ousavam nem cochichar, pois era vigiado o tempo todo e ao final das eleições que foram regulamentadas pelo AI 15- este ato institucional impôs a data das eleições nos municípios para 15 de novembro de 1970. -quem vencia era sempre o candidato do governo.
A história começa assim; O hospital era de três andares o pintor, meu patrão, depois várias tentativas por onde começa a pintura resolveu começar pelas soleiras do prédio, não havia escada que alcançasse o local onde ia ser feita a pintura. O pintor construiu um andaime, como o referido não era suficiente para alcançar a soleira, ele colocou uma escada encima dos andaimes para atingir o local da pintura. Esta tarefa de pintar a soleira coube a mim, diante dos fatos o risco era bem menor de sofrer um acidente, devido a altura e a má construção dos andaimes. Para dar mais segurança, o meu patrão cujo pintor, amarrou-me uma corda na cintura e prendeu na perna de uma cama pelo lado de dentro do prédio, e o pintor depois de ter me alcançado a lata de tinta e uma brocha, na época não existia rolo de pintar, o pintor saiu e foi tomar uma pinga num boteco na frente da casa do colono perto do hotel onde estávamos pintando, do alto do andaime eu observava o dito pintor saboriar a caninha marca tatu. Confesso que até demorei em dar início na pintura, as minhas pernas tremiam, as rajadas de vento que não era tanto, mas diante da situação e da altura qualquer obstáculo era motivo de medo. À medida que eu me movimentava para pintar, a corda cedia, em um determinado momento percebi que não podia alcançar a ripa do degrau da escada, percebi que olhando pela vidraça do quarto onde a corda estava amarrada no pé da cama, aquele objeto de descanso não era pesado o suficiente para suportar o peso do meu corpo, mal calculado pelo meu patrão, reconhece que eu era magricela, mas não tanto para comparar com uma cama marca patente e assima de tudo sem os forros que poderia se houvesse dar mais peso. Após uma hora, fui socorrido pelo médico Dr. Kit Abdala que chegou ao momento que o Kubicheque se aproximou da corda para desamarrar, com certeza a minha queda era fatal, pois eu já estava somente com as pontas dos pés no degrau da escada sem apoio o espaço não permitia que eu alcançasse a escada. No mesmo dia quando pintávamos uma parede o Dr. Kit atropelou o pinguço, e mandou ele se internar em clinica para um tratamento de alcoolismo.
Então o pintor convidou-me para irmos pintar uma usina na seção Jacaré. Peguei a mochila do pintor e como estávamos no terceiro andar, fui descendo as escadarias, quando encontrei o Dr. Kit que ia subindo, parei por um instante com vontade de pedir um emprego a ele, mas faltou-me coragem, Continuei descendo pelas escadas abaixo, quando ouvi o uma voz do médico, perguntando-me se eu queria trabalhar com ele. Fiquei arrepiado de emoção, pois era tudo o que eu queria. O médico perguntou-me quanto eu ganhava como pintor e eu falei que trabalhava de graça para ele, pois eu queria aprender para ser médico. O médico vendo minha inocência, falou-me que eu teria que trabalhar por um ano em serviços gerais, pois havia muitas coisas a serem organizadas, para transformar aquele velho hotel em um belo hospital. Nesse instante eu pensei que estava começando a realizar o meu grande sonho de ser médico.
Eu dezempenhava os serviços mais sujo que havia no hospital, lidando com porcos e galinhas as vezes eu não conseguia comer, parecia que a comida era esterco de galinha ou de porcos. Depois de uns dois meses longe de casa foi que eu consegui dar notícias minhas aos meus pais que já estavam desesperados. Imaginavam que eu tinha ido embora para o Paraná com os vizinhos, mas não tinham certeza.
Depois de uns três meses, o hospital começou a funcionar e internar doentes e foi aí que aconteceu um fato interessante. Uma senhora foi operada lá no hospital e como não tinha dinheiro para pagar as despesas hospitalares, deixou uma filha de 11 anos como garantia até poder pagar o restante do tratamento. Confesso que fiquei com muita pena dessa menina. Ela era bonitinha e muito trabalhadeira. Ficamos amigos, e às vezes chorávamos a saudade que sentíamos de nossos pais. Eu levava remédio para ela quando ela ficava doente e também lhe comprava uns docinhos para conforta-¬la. Mais do que ninguém, eu sabia como era duro ficar longe dos pais. Eu estava com 14 anos e ela com 11.
Tornamo-nos grandes amigos. Amizade esta que mais tarde se consolidou em um grande amor.
O tempo foi passando, até que um dia os pais de Zelinda vieram para pagar a dívida deles no hospital e lavá-la embora. Mas o médico não deixou que a Zelinda fosse embora, pois ela havia conquistado o coração do médico assim como o meu. Ele falou para o pai dela, o Sr. Luiz, que queria fazer dela uma grande enfermeira. Seu Luiz concordou e ela ficou. Eu havia feito a maior torcida porque éramos muito amigos, quase irmãos.
O tempo foi passando, eu e a Zelinda cada vez mais firmes na enfermagem. Depois de uns três anos já éramos bons enfermeiros e continuávamos grandes amigos. Ela tomou-se uma mocinha muito bonita e uma excelente auxiliar de cirurgia, e eu às vezes fazia anestesia, às vezes instrumentava as cirurgias. Infelizmente chegou o dia de nos separarmos.
Fui chamado para o exército, e tive que deixar lá a Zelinda e meu sonho de ser médico. Já havia me dado conta que para ser um médico, não bastava eu trabalhar em um hospital, mas sim estudar. E muito. E para isso havia que se ter condições que eu não tinha. Lembro muito bem de que no dia em que eu parti para me preparar para servir o exército, nós nos Abraçamos e choramos muito.
Minha história inicia-se nos anos de 1943 no sétimo Distrito de Vacarias Muitos Capões, hoje município, no Estado do Rio Grande do Sul. Cresci livre correndo entre os verdes campos, nadando nos límpidos riachos e se alimentando com paçoca de charque de carne de gado, galinha e de frutas e legumes fresquinhos colhidos na horta e nos pomares que havia em todas as propriedades rurais, a minha infância foi de intensa felicidade, pois não conhecia o mal nem a malícia e a perversidade que assediam as crianças de hoje. Cresci ouvindo a voz do Brasil o Rodeio Farroupilha e ouvindo falar de Getulio Vargas e das grandes revoluções e guerras, guerra dos Farrapos, Guerra do Contestado, 1º e 2º Guerra Mundial, Guerra Fria, Guerra do Golfo e a Guerra do Vietnã. Papai nos explicou que houve uma época que era proibida falar mal do governo e só havia dois partidos o PTB que era dos pobres e o PSD que era do governo e dos patrões papai era do partido do PTB mas a gente não podia dizer isso na escola, nos dias de eleições no Ginásio. Nas ruas a gente via o medo estampado no rosto das pessoas e os eleitores não ousavam nem cochichar, pois era vigiado o tempo todo e ao final das eleições que foram regulamentadas pelo AI 15- este ato institucional impôs a data das eleições nos municípios para 15 de novembro de 1970. -quem vencia era sempre o candidato do governo.
Com apenas 14 anos de idade eu já acalentava grandes sonhos, tinha dois grandes sonhos: queria ser padre ou médico. Não sei de onde veio esta vocação, pois não havia em minha família padre ou médico. Às vezes eu sonhava que era padre e médico ao mesmo tempo. Quando acordava via que tudo não passava de um sonho. Um dia eu falei para minha mãe de minha vocação e ela me disse então: Meu filho para ser médico você precisa trabalhar em um hospital e ser padre, tem se coroinha ajudar o padre a resar missa meu filho?. Ela achava, assim como eu, que para ser um médico bastava trabalhar em um hospital. Na cidade onde eu morava havia dois hospitais. Fui procurar emprego, mas não consegui. Resolvi procurar em uma farmácia, porque também achava que trabalhando em uma farmácia eu poderia tomar-me um médico. E foi numa farmácia em Lagoa Vermelha no Rio Grande do Sul, que eu trabalhei dois anos com manipulação de remédios. Isto foi lá pelo ano de 1957.
Eu e meus pais éramos amigos de uma família vizinha nossa. Certo dia ouviu uma conversa que esta família ia mudar-se para Francisco Beltrão, uma pequena cidade longe uns 800 km de onde morávamos, e que lá estava sendo construído um hospital. Aí me ocorreu a idéia de ir com os nossos vizinhos para Beltrão, para poder estudar para médico no hospital que estava sendo construído naquela cidade. Fui até meus pais e pedi que me deixassem ir com a família vizinha ao Paraná. E claro que a resposta foi negativa, mas eu não desisti da idéia. Procurei saber a data da partida deles e me preparei para fugir. Pensava em me esconder na mudança, pois era o único jeito de eu ir com eles. No dia da viagem, arrumei minha pequena mala, e sem ser visto me escondi na mudança e o caminhão partiu. Depois de um dia de viagem o motorista percebeu algo estranho que se movimentava na carga, indo verificar, acabou por me descobrir. Eu fiquei sem jeito e a família muito preocupada sem saber o que fazer comigo, pois já estávamos muito longe e não havia meio de avisar meus pais. A única maneira era continuar a viagem. Depois de 10 dias chegamos em Francisco Beltrão. Deixaram-me lá e seguiram viagem, até hoje não sei para onde. E lá estava eu, às duas horas da tarde de um dia qualquer de 1958, em Francisco Beltrão, com fome e sem saber o que fazer. Resolvi procurar um hotel, onde pudesse comer. Sentei num banco em frente ao hotel, fazia frenye com o hospital do Dr. Valter era um hotel de madeiramuito humilde porem com muita freguesia. Enquanto admirava a quela cidade fantasma, pois há poucos anos atraz tinha acontecido a revolta dos colonos havia muitas casas queimadas e destruídas. E nesse instante cruzou por mim um homem magro com vários sacos nas costas, cheios de latas, a me ver perguntou se eu não queria ir com ele ajudá-lo a pintar um hospital e eu mais que depressa respondi que não sabia pintar, não me toquei estava desesperado, com fome e muito medo eu trimia, me senti abandonado e perdido no mundo, pensava eu que Francisco Beltrão fica ali pertinho se eu quesece podia voltar até mesmo apé. Ele virou-se o pintor e continuou seu caminho. Eu pensei? Se eu for trabalhar com aquele homem pintor, depois de terminada a pintura eu poderia ficar trabalhando no hospital e me tomar médico. Corri atrás do pintor que já tinha se distanciado umas duas quadras e aos gritos pedia que parasse, prontamente aquele homem parou e atentamente escutou o meu pedido que aceitaria trabalhar com ele. Ele, então me ordenou que eu fosse até o hotel onde eu me encontrava sentado e trouxesse umas latas de tinta que se encontravam lá nos fundo daquela casa de hospedagem, com algumas dificuldades encontrei a latas e tão rápido nas costas corri para alcançá-lo. Ao chegarmos ao local onde seria feita a pintura, percebi que era um velho hotel próximo o armazém do Osmar Brito ali ia ser transformado em um hospital. Perguntei ao velho pintor, cujo apelido era Kubicheque, como era o nome do dono do hospital e ele me disse que era o médico Dr. Kit Abdala. Médico do hospital Santo Antonio. Naquele mesmo dia, começamos a pintura do velho hotel. Mas como o pintor era alcoólatra, trabalhava quase bêbado e o doutor Kit Abdala não gostou do trabalho dele e acabou por dispensá-lo. Dos meus 14 anos, cheio de esperaça e ilusões característico de um jovem inexperiente e mal orientado pelos pais e amigos, não por maldades, mas por falta de conhecimentos como lidar com jovens, na época era normal, os meios culturais eram distantes e poucas pessoas tinham acesso á educação e estes poucos se valiam do seu poder aquisitivo para manter atualizados os seus conhecimentos que as universidades ofereciam, estaladas nos grandes centros de capitais. Uma das ocorrências que surgiu em nossas atividades se assim posso classificar, ocorreu no primeiro dia de trabalho com a pintura no hospital. “De tão dramática a situação que envolveu a dita pintura do velho casarão, onde funcionava um hotel e cujo estabelecimento ia se transformar em um hospital” Não desista caro leitor o pior esta para acontecer”.A história começa assim; O hospital era de três andares o pintor, meu patrão, depois várias tentativas por onde começa a pintura resolveu começar pelas soleiras do prédio, não havia escada que alcançasse o local onde ia ser feita a pintura. O pintor construiu um andaime, como o referido não era suficiente para alcançar a soleira, ele colocou uma escada encima dos andaimes para atingir o local da pintura. Esta tarefa de pintar a soleira coube a mim, diante dos fatos o risco era bem menor de sofrer um acidente, devido a altura e a má construção dos andaimes. Para dar mais segurança, o meu patrão cujo pintor, amarrou-me uma corda na cintura e prendeu na perna de uma cama pelo lado de dentro do prédio, e o pintor depois de ter me alcançado a lata de tinta e uma brocha, na época não existia rolo de pintar, o pintor saiu e foi tomar uma pinga num boteco na frente da casa do colono perto do hotel onde estávamos pintando, do alto do andaime eu observava o dito pintor saboriar a caninha marca tatu. Confesso que até demorei em dar início na pintura, as minhas pernas tremiam, as rajadas de vento que não era tanto, mas diante da situação e da altura qualquer obstáculo era motivo de medo. À medida que eu me movimentava para pintar, a corda cedia, em um determinado momento percebi que não podia alcançar a ripa do degrau da escada, percebi que olhando pela vidraça do quarto onde a corda estava amarrada no pé da cama, aquele objeto de descanso não era pesado o suficiente para suportar o peso do meu corpo, mal calculado pelo meu patrão, reconhece que eu era magricela, mas não tanto para comparar com uma cama marca patente e assima de tudo sem os forros que poderia se houvesse dar mais peso. Após uma hora, fui socorrido pelo médico Dr. Kit Abdala que chegou ao momento que o Kubicheque se aproximou da corda para desamarrar, com certeza a minha queda era fatal, pois eu já estava somente com as pontas dos pés no degrau da escada sem apoio o espaço não permitia que eu alcançasse a escada. No mesmo dia quando pintávamos uma parede o Dr. Kit atropelou o pinguço, e mandou ele se internar em clinica para um tratamento de alcoolismo.
Então o pintor convidou-me para irmos pintar uma usina na seção Jacaré. Peguei a mochila do pintor e como estávamos no terceiro andar, fui descendo as escadarias, quando encontrei o Dr. Kit que ia subindo, parei por um instante com vontade de pedir um emprego a ele, mas faltou-me coragem, Continuei descendo pelas escadas abaixo, quando ouvi o uma voz do médico, perguntando-me se eu queria trabalhar com ele. Fiquei arrepiado de emoção, pois era tudo o que eu queria. O médico perguntou-me quanto eu ganhava como pintor e eu falei que trabalhava de graça para ele, pois eu queria aprender para ser médico. O médico vendo minha inocência, falou-me que eu teria que trabalhar por um ano em serviços gerais, pois havia muitas coisas a serem organizadas, para transformar aquele velho hotel em um belo hospital. Nesse instante eu pensei que estava começando a realizar o meu grande sonho de ser médico.
Eu dezempenhava os serviços mais sujo que havia no hospital, lidando com porcos e galinhas as vezes eu não conseguia comer, parecia que a comida era esterco de galinha ou de porcos. Depois de uns dois meses longe de casa foi que eu consegui dar notícias minhas aos meus pais que já estavam desesperados. Imaginavam que eu tinha ido embora para o Paraná com os vizinhos, mas não tinham certeza.
Depois de uns três meses, o hospital começou a funcionar e internar doentes e foi aí que aconteceu um fato interessante. Uma senhora foi operada lá no hospital e como não tinha dinheiro para pagar as despesas hospitalares, deixou uma filha de 11 anos como garantia até poder pagar o restante do tratamento. Confesso que fiquei com muita pena dessa menina. Ela era bonitinha e muito trabalhadeira. Ficamos amigos, e às vezes chorávamos a saudade que sentíamos de nossos pais. Eu levava remédio para ela quando ela ficava doente e também lhe comprava uns docinhos para conforta-¬la. Mais do que ninguém, eu sabia como era duro ficar longe dos pais. Eu estava com 14 anos e ela com 11.
Tornamo-nos grandes amigos. Amizade esta que mais tarde se consolidou em um grande amor.
O tempo foi passando, até que um dia os pais de Zelinda vieram para pagar a dívida deles no hospital e lavá-la embora. Mas o médico não deixou que a Zelinda fosse embora, pois ela havia conquistado o coração do médico assim como o meu. Ele falou para o pai dela, o Sr. Luiz, que queria fazer dela uma grande enfermeira. Seu Luiz concordou e ela ficou. Eu havia feito a maior torcida porque éramos muito amigos, quase irmãos.
O tempo foi passando, eu e a Zelinda cada vez mais firmes na enfermagem. Depois de uns três anos já éramos bons enfermeiros e continuávamos grandes amigos. Ela tomou-se uma mocinha muito bonita e uma excelente auxiliar de cirurgia, e eu às vezes fazia anestesia, às vezes instrumentava as cirurgias. Infelizmente chegou o dia de nos separarmos.
Fui chamado para o exército, e tive que deixar lá a Zelinda e meu sonho de ser médico. Já havia me dado conta que para ser um médico, não bastava eu trabalhar em um hospital, mas sim estudar. E muito. E para isso havia que se ter condições que eu não tinha. Lembro muito bem de que no dia em que eu parti para me preparar para servir o exército, nós nos Abraçamos e choramos muito.
NO LIMITE DA VIDA
NO LIMITE DA VIDA
Na época em que eu comecei a trabalhar na Casa de Saúde do Dr. Kit Abdala, o acordo que firmei com ele foi de que eu trabalharia no hospital de graça durante um ano, a troco de cama, comida e da assistência médica que viesse a necessitar. O meu trabalho seria cuidar do chiqueiro dos porcos, do galinheiro, conservar uma caixa d’água sempre cheia, bombeando água do poço, já que na época não havia água encanada e nem energia elétrica. Também era de minha responsabilidade pegar os pães da padaria todos os dias às 5 horas da manhã. Além disso, eu teria que rachar a lenha para o fogão do hospital e efetuar pequenos consertos que se fizessem necessários, pintar as paredes e os móveis, cortar a grama, conservar a horta do hospital e qualquer outra atividade que pudesse surgir. O meu entusiasmo era tão grande em aprender enfermagem que eu não reclamava de nada, levantava às 5 horas da manhã e só deitava depois que tudo estivesse pronto, ou,,seja até a última tarefa do dia estar pronta, e esta tarefa era deixar a caixa d’água cheia. Isso era feito de noite, mil litros tirados através da manivelam levava geralmente umas 3 horas, além da lenha que deveria ficar empilhada atrás do fogão, que também era feito durante a noite, porque no dia não daria tempo, e era preciso que tudo estivesse pronto. Quando o hospital abrisse pela manhã. Após uns 6 meses que eu estava afastado de meus pais, recebi a visita de meu irmão Orlando, que veio mandado por para saber como eu estava. Ao chegar ao hospital por minha procura, ele foi recebido por um senhor muito idoso que estava internado no hospital há uns 3 meses. Este senhor tinha uma doença muito grave e o Dr. Kit Abdala prestava o atendimento médico sem cobrar. Isto sempre foi uma particularidade do médico; prestava esses atendimentos gratuitos em certos casos em que o paciente não podia pagar, mas realmente necessitava de atendimento. Este senhor, ao conversar com meu irmão, recomendou que ele me levasse embora, falando que eu estava sofrendo muito ali, e que como ele estava internado há algum tempo, via meu sofrimento, e que aquilo era para ele, um crime.
Meu irmão depois de conversar bastante comigo contou-me o que aquele senhor lhe havia dito e eu mais do que depressa inventei uma desculpa mentirosa de que este senhor vendo o meu futuro estaria pleiteando colocar um neto seu em meu lugar, e por esta razão estaria querendo me tirar dali. Meu irmão acreditou na minha mentira e, após uns dois dias ele despediu-se e foi embora levando para meus pais boas impressões. As melhores que pude inventar. Após algumas semanas ou meses, não sei bem o tempo em que decorreu, tinha apenas uma calça, uma camisa, um par de sapatos e um de meias. Nessa época o Dr. Abdala contratou um trator para fazer uma terraplanagem, no terreno do hospital, e eu tinha como incumbência ajudar o tratorista no que fosse preciso, então como eu tinha só um par de sapatos e um de meias eu tirei dos pés e coloquei em uma sombra para não estragar. Após umas 2 horas de trabalho da máquina já havia um grande volume de terra por toda a parte. Foi nesse momento que eu me eu me lembrei do meu sapato e ao olhar na direção em que havia deixado-o, vi somente um monte de terra, corri naquela direção e percebi que o meu único par de sapatos estava sob aquele imenso aterro, e confesso que chorei. Como é que eu ia fazer sem calçado? Eu não tinha o hábito de andar descalço, mas o jeito foi começar a me acostumar com a idéia de andar sem proteção nos pés, já que pedir calçado para alguém não me passou pela minha cabeça, pois eu sempre tive esta mania que conservo até hoje de não ser pedinchão, não por orgulho, e sim por não chatear as pessoas, pois sempre tive para mim que tudo o que a gente adquire é sempre mais gostoso dizer que foi com o nosso
trabalho honrado que se conquistou. Após uma semana o serviço de terraplanagem terminou, e meus pés estavam muito feridos, até com algumas inflamações, mas eu à noite lavava-os com água e sabão para retirar tudo que pudesse piorar seu estado e ao amanhecer do dia tinha a responsabilidade de ir a padaria buscar 4 sacos de pães. Naquele tempo eu tinha uma grande satisfação de que isso acontecesse de madrugada e que ninguém me visse na rua de pés descalços. Quando acabou o serviço de terraplanagem foi me dada a ordem pelo gerente do hospital, o Sr. Isaias Barbosa, de que eu teria que limpar um grande galinheiro, onde havia umas cem galinhas que não poderiam ser retiradas durante a limpeza. Eu lá dentro a as galinhas se empoleirando em mim, de quando em vez, me “cuspindo” do alto. Ao chegar perto do meio dia eu estava coberto de titica de galinha, o meu cabelo estava grudando, e muitas vezes tive ânsias de vômito só de pensar em almoçar. O jeito era mesmo terminar o trabalho primeiro, mas para isso eu precisaria ir até à tarde. A crosta de fezes envolvia o assoalho uns 5 centímetros. Quando terminei o trabalho, pedi a lavadeira do hospital que me fizesse um favor: lavar as minhas roupas enquanto eu esperava nu dentro de uma pipa. E ela teria que lavar e secar a roupa o mais depressa possível porque o lugar era meio incômodo. Não dava para ficar muito tempo, sei que parece ficção, mas Deus é testemunha de que estou falando a verdade. Depois que eu estava novamente vestido, ofereci a lavadeira uma mala que era uma das poucas coisas que eu tinha, porque se ela pudesse me comprar a mala eu poderia comprar um par de sapatos - uma Conga.
Ela ficou com a mala; pude novamente calçar meus pés e até hoje acredito que ela não queria realmente comprar aquela mala. O Sr. Isaias tomou conhecimento da minha situação através da lavadeira e levou o caso até a dona Marli Abdala, esposa do Dr. Kit e essa senhora por sua vez foi até o comércio para me comprar uma calça de brim-coringa e uma camisa. Eu fiquei tão emocionado que até chorei. Embora eu nunca antes tivesse sido um chorão ultimamente andava muito sensível, principalmente quando recebia cartas de meus pais, demorava a lê-Ias de tanto chorar em sua leitura. Nunca antes tinha dado tanto valor a eles como naqueles meses em que eu estava fora de sua casa. Lembrava de muitas coisas que eram simples, mas que faziam muita falta agora que eu estava distante. Quantas vezes minha mãe, à noite vinha ver como eu estava, colocava mão em minha testa para ver se eu não estava com febre, agitava a coberta e, às vezes me dava um beijo na testa, fazendo isto também com todos os meus irmãos. O café da manhã sempre prontinho, a roupa limpa e a pasta arrumada para ir à escola, e palavras carinhosas nos abençoando. Caminho certo para darmos o real valor a nossos pais é passar pelo que eu passei, como eu passei. A dona Marli, quando me entregou as roupas foi áspera comigo dizendo que eu era muito orgulhoso e se eu não tinha boca para falar, deixando que a situação chegasse neste estado de miséria em que parecia escravidão. Comentando como, se seu marido ficasse sabendo, me daria bons puxões de orelha. Eu tentei explicar, mas não deu. As palavras não saiam pela emoção. O que eu queria dizer e não pude é que o trato com o doutor era de que eu trabalharia um ano sem salário, pela cama e comida, e que por isso não tinha o direito de exigir mais. E que quando se passasse o ano eu passaria a trabalhar na enfermagem e então teria salário. Desse mesmo dia em diante eu passei a ter um salário por mês, graças à interferência de meus colegas que levaram o caso até a dona Marli. Após um ano de serviços externos, o Dr. Abdala ordenou à enfermeira Marika Oliboni que começasse a me ensinar enfermagem. E já se passaram 40 anos, sendo que eu continuo dentro da área da saúde, um pouco curativa, outra pouco preventiva, mas na área. Não existem obstáculos que interrompam o caminho de alguém, quando este alguém tem um objetivo.
Na época em que eu comecei a trabalhar na Casa de Saúde do Dr. Kit Abdala, o acordo que firmei com ele foi de que eu trabalharia no hospital de graça durante um ano, a troco de cama, comida e da assistência médica que viesse a necessitar. O meu trabalho seria cuidar do chiqueiro dos porcos, do galinheiro, conservar uma caixa d’água sempre cheia, bombeando água do poço, já que na época não havia água encanada e nem energia elétrica. Também era de minha responsabilidade pegar os pães da padaria todos os dias às 5 horas da manhã. Além disso, eu teria que rachar a lenha para o fogão do hospital e efetuar pequenos consertos que se fizessem necessários, pintar as paredes e os móveis, cortar a grama, conservar a horta do hospital e qualquer outra atividade que pudesse surgir. O meu entusiasmo era tão grande em aprender enfermagem que eu não reclamava de nada, levantava às 5 horas da manhã e só deitava depois que tudo estivesse pronto, ou,,seja até a última tarefa do dia estar pronta, e esta tarefa era deixar a caixa d’água cheia. Isso era feito de noite, mil litros tirados através da manivelam levava geralmente umas 3 horas, além da lenha que deveria ficar empilhada atrás do fogão, que também era feito durante a noite, porque no dia não daria tempo, e era preciso que tudo estivesse pronto. Quando o hospital abrisse pela manhã. Após uns 6 meses que eu estava afastado de meus pais, recebi a visita de meu irmão Orlando, que veio mandado por para saber como eu estava. Ao chegar ao hospital por minha procura, ele foi recebido por um senhor muito idoso que estava internado no hospital há uns 3 meses. Este senhor tinha uma doença muito grave e o Dr. Kit Abdala prestava o atendimento médico sem cobrar. Isto sempre foi uma particularidade do médico; prestava esses atendimentos gratuitos em certos casos em que o paciente não podia pagar, mas realmente necessitava de atendimento. Este senhor, ao conversar com meu irmão, recomendou que ele me levasse embora, falando que eu estava sofrendo muito ali, e que como ele estava internado há algum tempo, via meu sofrimento, e que aquilo era para ele, um crime.
Meu irmão depois de conversar bastante comigo contou-me o que aquele senhor lhe havia dito e eu mais do que depressa inventei uma desculpa mentirosa de que este senhor vendo o meu futuro estaria pleiteando colocar um neto seu em meu lugar, e por esta razão estaria querendo me tirar dali. Meu irmão acreditou na minha mentira e, após uns dois dias ele despediu-se e foi embora levando para meus pais boas impressões. As melhores que pude inventar. Após algumas semanas ou meses, não sei bem o tempo em que decorreu, tinha apenas uma calça, uma camisa, um par de sapatos e um de meias. Nessa época o Dr. Abdala contratou um trator para fazer uma terraplanagem, no terreno do hospital, e eu tinha como incumbência ajudar o tratorista no que fosse preciso, então como eu tinha só um par de sapatos e um de meias eu tirei dos pés e coloquei em uma sombra para não estragar. Após umas 2 horas de trabalho da máquina já havia um grande volume de terra por toda a parte. Foi nesse momento que eu me eu me lembrei do meu sapato e ao olhar na direção em que havia deixado-o, vi somente um monte de terra, corri naquela direção e percebi que o meu único par de sapatos estava sob aquele imenso aterro, e confesso que chorei. Como é que eu ia fazer sem calçado? Eu não tinha o hábito de andar descalço, mas o jeito foi começar a me acostumar com a idéia de andar sem proteção nos pés, já que pedir calçado para alguém não me passou pela minha cabeça, pois eu sempre tive esta mania que conservo até hoje de não ser pedinchão, não por orgulho, e sim por não chatear as pessoas, pois sempre tive para mim que tudo o que a gente adquire é sempre mais gostoso dizer que foi com o nosso
trabalho honrado que se conquistou. Após uma semana o serviço de terraplanagem terminou, e meus pés estavam muito feridos, até com algumas inflamações, mas eu à noite lavava-os com água e sabão para retirar tudo que pudesse piorar seu estado e ao amanhecer do dia tinha a responsabilidade de ir a padaria buscar 4 sacos de pães. Naquele tempo eu tinha uma grande satisfação de que isso acontecesse de madrugada e que ninguém me visse na rua de pés descalços. Quando acabou o serviço de terraplanagem foi me dada a ordem pelo gerente do hospital, o Sr. Isaias Barbosa, de que eu teria que limpar um grande galinheiro, onde havia umas cem galinhas que não poderiam ser retiradas durante a limpeza. Eu lá dentro a as galinhas se empoleirando em mim, de quando em vez, me “cuspindo” do alto. Ao chegar perto do meio dia eu estava coberto de titica de galinha, o meu cabelo estava grudando, e muitas vezes tive ânsias de vômito só de pensar em almoçar. O jeito era mesmo terminar o trabalho primeiro, mas para isso eu precisaria ir até à tarde. A crosta de fezes envolvia o assoalho uns 5 centímetros. Quando terminei o trabalho, pedi a lavadeira do hospital que me fizesse um favor: lavar as minhas roupas enquanto eu esperava nu dentro de uma pipa. E ela teria que lavar e secar a roupa o mais depressa possível porque o lugar era meio incômodo. Não dava para ficar muito tempo, sei que parece ficção, mas Deus é testemunha de que estou falando a verdade. Depois que eu estava novamente vestido, ofereci a lavadeira uma mala que era uma das poucas coisas que eu tinha, porque se ela pudesse me comprar a mala eu poderia comprar um par de sapatos - uma Conga.
Ela ficou com a mala; pude novamente calçar meus pés e até hoje acredito que ela não queria realmente comprar aquela mala. O Sr. Isaias tomou conhecimento da minha situação através da lavadeira e levou o caso até a dona Marli Abdala, esposa do Dr. Kit e essa senhora por sua vez foi até o comércio para me comprar uma calça de brim-coringa e uma camisa. Eu fiquei tão emocionado que até chorei. Embora eu nunca antes tivesse sido um chorão ultimamente andava muito sensível, principalmente quando recebia cartas de meus pais, demorava a lê-Ias de tanto chorar em sua leitura. Nunca antes tinha dado tanto valor a eles como naqueles meses em que eu estava fora de sua casa. Lembrava de muitas coisas que eram simples, mas que faziam muita falta agora que eu estava distante. Quantas vezes minha mãe, à noite vinha ver como eu estava, colocava mão em minha testa para ver se eu não estava com febre, agitava a coberta e, às vezes me dava um beijo na testa, fazendo isto também com todos os meus irmãos. O café da manhã sempre prontinho, a roupa limpa e a pasta arrumada para ir à escola, e palavras carinhosas nos abençoando. Caminho certo para darmos o real valor a nossos pais é passar pelo que eu passei, como eu passei. A dona Marli, quando me entregou as roupas foi áspera comigo dizendo que eu era muito orgulhoso e se eu não tinha boca para falar, deixando que a situação chegasse neste estado de miséria em que parecia escravidão. Comentando como, se seu marido ficasse sabendo, me daria bons puxões de orelha. Eu tentei explicar, mas não deu. As palavras não saiam pela emoção. O que eu queria dizer e não pude é que o trato com o doutor era de que eu trabalharia um ano sem salário, pela cama e comida, e que por isso não tinha o direito de exigir mais. E que quando se passasse o ano eu passaria a trabalhar na enfermagem e então teria salário. Desse mesmo dia em diante eu passei a ter um salário por mês, graças à interferência de meus colegas que levaram o caso até a dona Marli. Após um ano de serviços externos, o Dr. Abdala ordenou à enfermeira Marika Oliboni que começasse a me ensinar enfermagem. E já se passaram 40 anos, sendo que eu continuo dentro da área da saúde, um pouco curativa, outra pouco preventiva, mas na área. Não existem obstáculos que interrompam o caminho de alguém, quando este alguém tem um objetivo.
UM GRANDE GOLPE
UM GRANDE GOLPE
Quando jovem era meu desejo meu servir ao exército, e mesmo estando eu trabalhando na enfermagem, que era meu grande sonho, eu achei que existiam maneiras diversas de se conseguir o que se quer. E que mesmo que a estrada tenha muitas voltas, o que mais vale é termos a chance de chegar.
Motivo pelo qual eu abandonei o meu trabalho de enfermagem para seguir uma grande barca furada para uma aventura meio louca, mas que de repente até que foi válida, dependendo do ângulo que se olhe.
Acertei minhas contas no hospital e fui para o novo trabalho e minha vida nova. Minha vida nova; porque de trabalho eu não sei o que pensar até hoje. O caso é que eu deixaria tudo acertado com o proprietário, o Sr. Arlindo, segundo o qual eu começaria a trabalhar como vendedor em sua loja, tão logo chegasse à cidade.
E tão logo cheguei à cidade me dirigi ao endereço que ele me havia dado, e fui ter com ele. Encontrei logo a loja que ficava bem em frente à estação de trens mas, qual não foi a minha surpresa quando ao chegar para contar-lhe que eu estava pronto para começar quando ele quisesse, ele me disse que eu estava sendo inconveniente e que ele sequer me conhecia e que muito menos me oferecera ou garantira emprego.
O pior foi o jeito como ele me tratou dizendo que eu deveria sair de seu estabelecimento ou ele chamaria a polícia. E eu tive que fazer isso mesmo. Com todo o meu ódio daquele homem saí tentando imaginar que graça ele poderia achar em brincar com a vida de uma pessoa daquela maneira.
Pus-me à rua com toda a minha indignação. E sem um tostão.
E estava eu numa cidade que não era a minha, apenas com uma mala de roupas e sem ao menos dinheiro para voltar, pois já que eu acreditara que iria trabalhar em uma loja havia gasto todo o dinheiro que recebi no hospital para comprar as tais roupas, e assim me apresentar melhor para o trabalho. Estava desesperado com a situação sentado à beira do Rio do Peixe que divide as cidades de Joaçaba e Erval d’Oeste, quando percebi um grande letreiro que anunciava o Hotel Erval d’Oeste.
Talvez isso tenha acontecido pela inspiração divina, e muito provavelmente pela situação desesperadora em que eu me encontrava, o fato é que eu resolvi arriscar e me dirigi até o hotel. Apresentei¬-me ao senhor de óculos que estava lá e contei a história toda, oferecendo-lhe a título de penhora um temo de linho que eu havia trazido para meu maravilhoso trabalho de vendedor na loja do Sr. Arlindo. Ele me arrumaria um dinheiro ficando com o terno como garantia e eu usaria este dinheiro para me alimentar enquanto tentava dar um jeito na minha situação. Mas, eu me batia pelas ruas da cidade e nada de conseguir o bendito trabalho, enquanto isso ia ajudando como podia no hotel para que pelo menos o dono desses, que se mostrou tão bondoso, não ficasse irritado comigo. E depois de algum tempo a sorte me valeu mais uma vez na pessoa do dono do hotel, que me arrumou um trabalho com um genro que fabricava carrocerias. E eu fiquei muito agradecido, apesar de ter um salário que mal dava para me manter. Nada parecido com a maravilha que eu estava esperando quando fui para a cidade, mas pelo menos, já me dava dignidade de poder sobreviver através de meu próprio esforço. E o tempo foi passando até que faltavam apenas 10 dias para que eu me apresentasse no quartel e me aconteceu um acidente no trabalho.
Coisa engraçada quando contada para meus amigos hoje em dia, mas que naquele tempo não teve graça nenhuma. Imagine a situação: toda vez que as coisas pareciam estar entrando nos eixos acontecia alguma desgraça na minha vida. E dessa vez a desgraça se apresentou num dente quebrado, quando caí e bati a boca. Ora, mas um dente quebrado não deveria ser encarado como uma calamidade. Em situação comum, até que não. Mas, lembro-lhes que eu já citei anteriormente ser de meu desejo servir ao exército e com dente quebrado seria quase impossível que eu fosse aceito.
Motivo pelo qual decidi gastar minhas mirradas economias e o dinheiro que consegui vendendo mais alguns objetos dos poucos que ainda tinha, na reposição do dente perdido naquela verdadeira calamidade. E isso acabou me deixando sem o dinheiro para pagar a passagem. Calamitosa tragédia.
Quando chegou o dia da véspera da minha apresentação no quartel, eu me dirigi até a estação rodoviária para com o dinheiro que havia conseguido, comprar a tal passagem, mas, faltou um tanto que eu hoje não saberia precisar.
E de nada adiantou o quanto eu expliquei meus infortúnios e pedi descontos, e até o fato de que eu tivesse compromisso com e exército não sensibilizou o senhor que vendia as passagens. Eu garantia que pagaria tudo quando chegasse a Francisco Beltrão, pois o dinheiro que faltava não era muito e eu tinha conhecidos naquela cidade que certamente não se negariam a emprestar-me o dinheiro.
Mas, como disse de nada adiantou. Aí, me veio uma nova inspiração, que nem era tão nova assim. Seria novamente uma penhora, só que agora com um detalhe que me deixa envergonhado até hoje. E que eu afirmo ter feito tal coisa somente porque minha situação não deixava antever uma única possibilidade.
Dirigi-me até um local que vendia bijuterias e comprei um bonito anel com uma pedra vermelha. Como já disse sobre a passagem eu não saberia dizer quanto paguei no tal anel, mas, me lembro muito bem que o dinheiro que eu tinha e que fora insuficiente para pagar a passagem daria para comprar 5 desses anéis. Dirigi-me ao motorista do ônibus e contei-lhe uma história bastante triste sobre o tal anel, que segundo a história passou a ter mais de 60 anos, e que teria sido presente de meu pai, tendo assim muito valor para mim; muito mais valor do que ouro de que era feito ou que o rubi que tinha incrustado. Dar-lhe-ia o anel para que pudesse viajar e quando chegasse à cidade eu emprestaria o dinheiro da passagem e o procuraria parar resgatar o anel de “tão grande valor”. E é aqui que, em minha opinião esta história começa ficar realmente interessante. Eu afirmo e garanto que tinha a intenção de voltar para pagar a passagem e resgatar o anel, continuando a farsa e me mantendo íntegro, mas o que o destino nos ensina tem sempre um valor
muito maior do que qualquer anel de ouro: verdadeiro ou falso. O motorista era uma destas pessoas que se achavam muito espertas e quando viu a suposta chance que tinha na mão, tratou de aproveitar. Disse-me que eu somente poderia fazer da seguinte maneira: como ele não acreditava que eu fosse voltar para recuperar o anel, ele me daria um valor que julgava justo pelo anel e que poderia pagar a passagem, com dinheiro e ainda ficar com algum, mas que o anel era propriedade do motorista partir daquele momento. E me lembro com vergonha que apesar de a proposta dele ser melhor que a minha fiz uma grande choradeira que terminava com pesar que eu sentia em ter que lhe vender o anel
já que não havia outro jeito. E aquele senhor deve ter se sentido muito constrangido quando descobriu o tipo de ouro que era feito o anel. O tolo de ouro. Eu não sei se dessa história pode se aprender algo mais do que eu já sabia antes de ela ter acontecido, e que me ensinaram meus pais desde minha mais tenra infância: não se devem enganar nossos semelhantes. Nem tentar se aproveitar deles, tomara que o motorista tenha aprendido.
Quando jovem era meu desejo meu servir ao exército, e mesmo estando eu trabalhando na enfermagem, que era meu grande sonho, eu achei que existiam maneiras diversas de se conseguir o que se quer. E que mesmo que a estrada tenha muitas voltas, o que mais vale é termos a chance de chegar.
Motivo pelo qual eu abandonei o meu trabalho de enfermagem para seguir uma grande barca furada para uma aventura meio louca, mas que de repente até que foi válida, dependendo do ângulo que se olhe.
Acertei minhas contas no hospital e fui para o novo trabalho e minha vida nova. Minha vida nova; porque de trabalho eu não sei o que pensar até hoje. O caso é que eu deixaria tudo acertado com o proprietário, o Sr. Arlindo, segundo o qual eu começaria a trabalhar como vendedor em sua loja, tão logo chegasse à cidade.
E tão logo cheguei à cidade me dirigi ao endereço que ele me havia dado, e fui ter com ele. Encontrei logo a loja que ficava bem em frente à estação de trens mas, qual não foi a minha surpresa quando ao chegar para contar-lhe que eu estava pronto para começar quando ele quisesse, ele me disse que eu estava sendo inconveniente e que ele sequer me conhecia e que muito menos me oferecera ou garantira emprego.
O pior foi o jeito como ele me tratou dizendo que eu deveria sair de seu estabelecimento ou ele chamaria a polícia. E eu tive que fazer isso mesmo. Com todo o meu ódio daquele homem saí tentando imaginar que graça ele poderia achar em brincar com a vida de uma pessoa daquela maneira.
Pus-me à rua com toda a minha indignação. E sem um tostão.
E estava eu numa cidade que não era a minha, apenas com uma mala de roupas e sem ao menos dinheiro para voltar, pois já que eu acreditara que iria trabalhar em uma loja havia gasto todo o dinheiro que recebi no hospital para comprar as tais roupas, e assim me apresentar melhor para o trabalho. Estava desesperado com a situação sentado à beira do Rio do Peixe que divide as cidades de Joaçaba e Erval d’Oeste, quando percebi um grande letreiro que anunciava o Hotel Erval d’Oeste.
Talvez isso tenha acontecido pela inspiração divina, e muito provavelmente pela situação desesperadora em que eu me encontrava, o fato é que eu resolvi arriscar e me dirigi até o hotel. Apresentei¬-me ao senhor de óculos que estava lá e contei a história toda, oferecendo-lhe a título de penhora um temo de linho que eu havia trazido para meu maravilhoso trabalho de vendedor na loja do Sr. Arlindo. Ele me arrumaria um dinheiro ficando com o terno como garantia e eu usaria este dinheiro para me alimentar enquanto tentava dar um jeito na minha situação. Mas, eu me batia pelas ruas da cidade e nada de conseguir o bendito trabalho, enquanto isso ia ajudando como podia no hotel para que pelo menos o dono desses, que se mostrou tão bondoso, não ficasse irritado comigo. E depois de algum tempo a sorte me valeu mais uma vez na pessoa do dono do hotel, que me arrumou um trabalho com um genro que fabricava carrocerias. E eu fiquei muito agradecido, apesar de ter um salário que mal dava para me manter. Nada parecido com a maravilha que eu estava esperando quando fui para a cidade, mas pelo menos, já me dava dignidade de poder sobreviver através de meu próprio esforço. E o tempo foi passando até que faltavam apenas 10 dias para que eu me apresentasse no quartel e me aconteceu um acidente no trabalho.
Coisa engraçada quando contada para meus amigos hoje em dia, mas que naquele tempo não teve graça nenhuma. Imagine a situação: toda vez que as coisas pareciam estar entrando nos eixos acontecia alguma desgraça na minha vida. E dessa vez a desgraça se apresentou num dente quebrado, quando caí e bati a boca. Ora, mas um dente quebrado não deveria ser encarado como uma calamidade. Em situação comum, até que não. Mas, lembro-lhes que eu já citei anteriormente ser de meu desejo servir ao exército e com dente quebrado seria quase impossível que eu fosse aceito.
Motivo pelo qual decidi gastar minhas mirradas economias e o dinheiro que consegui vendendo mais alguns objetos dos poucos que ainda tinha, na reposição do dente perdido naquela verdadeira calamidade. E isso acabou me deixando sem o dinheiro para pagar a passagem. Calamitosa tragédia.
Quando chegou o dia da véspera da minha apresentação no quartel, eu me dirigi até a estação rodoviária para com o dinheiro que havia conseguido, comprar a tal passagem, mas, faltou um tanto que eu hoje não saberia precisar.
E de nada adiantou o quanto eu expliquei meus infortúnios e pedi descontos, e até o fato de que eu tivesse compromisso com e exército não sensibilizou o senhor que vendia as passagens. Eu garantia que pagaria tudo quando chegasse a Francisco Beltrão, pois o dinheiro que faltava não era muito e eu tinha conhecidos naquela cidade que certamente não se negariam a emprestar-me o dinheiro.
Mas, como disse de nada adiantou. Aí, me veio uma nova inspiração, que nem era tão nova assim. Seria novamente uma penhora, só que agora com um detalhe que me deixa envergonhado até hoje. E que eu afirmo ter feito tal coisa somente porque minha situação não deixava antever uma única possibilidade.
Dirigi-me até um local que vendia bijuterias e comprei um bonito anel com uma pedra vermelha. Como já disse sobre a passagem eu não saberia dizer quanto paguei no tal anel, mas, me lembro muito bem que o dinheiro que eu tinha e que fora insuficiente para pagar a passagem daria para comprar 5 desses anéis. Dirigi-me ao motorista do ônibus e contei-lhe uma história bastante triste sobre o tal anel, que segundo a história passou a ter mais de 60 anos, e que teria sido presente de meu pai, tendo assim muito valor para mim; muito mais valor do que ouro de que era feito ou que o rubi que tinha incrustado. Dar-lhe-ia o anel para que pudesse viajar e quando chegasse à cidade eu emprestaria o dinheiro da passagem e o procuraria parar resgatar o anel de “tão grande valor”. E é aqui que, em minha opinião esta história começa ficar realmente interessante. Eu afirmo e garanto que tinha a intenção de voltar para pagar a passagem e resgatar o anel, continuando a farsa e me mantendo íntegro, mas o que o destino nos ensina tem sempre um valor
muito maior do que qualquer anel de ouro: verdadeiro ou falso. O motorista era uma destas pessoas que se achavam muito espertas e quando viu a suposta chance que tinha na mão, tratou de aproveitar. Disse-me que eu somente poderia fazer da seguinte maneira: como ele não acreditava que eu fosse voltar para recuperar o anel, ele me daria um valor que julgava justo pelo anel e que poderia pagar a passagem, com dinheiro e ainda ficar com algum, mas que o anel era propriedade do motorista partir daquele momento. E me lembro com vergonha que apesar de a proposta dele ser melhor que a minha fiz uma grande choradeira que terminava com pesar que eu sentia em ter que lhe vender o anel
já que não havia outro jeito. E aquele senhor deve ter se sentido muito constrangido quando descobriu o tipo de ouro que era feito o anel. O tolo de ouro. Eu não sei se dessa história pode se aprender algo mais do que eu já sabia antes de ela ter acontecido, e que me ensinaram meus pais desde minha mais tenra infância: não se devem enganar nossos semelhantes. Nem tentar se aproveitar deles, tomara que o motorista tenha aprendido.
sábado, 16 de julho de 2011
Isso aconteceu comigo"
"Isso aconteceu comigo"
1º Soldado Gambim – 2º Soldado Monteiro – 3º Soldado Amantino. Em meados de 1962 apresentei-me na 5ª Companhia de Infantaria em Francisco Beltrão.Nesse dia, compareceram muitos jovens para fazer a última seleção, onde seriam escolhidos os que iriam incorporar no exército brasileiro. Todos nós estávamos em um grande salão e nos foi ordenado que tirássemos á roupa, que seríamos examinados pelo Capitão Médico Dr. Arizona Mendes de Araújo, auxiliado por um sargento chamado Campos. Aquele que depois de examinado, Quando estávamos tirando a roupa, ouvi alguém me dizendo que não precisava tirar a roupa. Era um dos candidatos à seleção e ele disse com ares de gozação que o quartel não pegava criança para cuidar. Esse comentário foi feito porque eu, na verdade, pesava 45 quilos, era muito franzino. Fiquei encabulado, mas levei na brincadeira. Ao entrar na sala de exames fui examinado pelo Capitão e fui aprovado. Recebi a letra A. Fiquei muito contente. Em seguida, o jovem que havia feito aquela gozação comigo, entrou na sala de exames e saiu de lá com a letra R, apesar de sua estrutura forte. Curioso, procurei saber o porquê da reprovação e descobri que ele tinha pé chato. Então, cheguei à frente dele e falei que o quartel pegou uma criança para cuidar, o que não pegou, foi um doente para curar. O rapaz veio para cima de mim para me surrar. Fui protegido por uns colegas, mas alguém falou para o Zibete, nome de guerra de um soldado, que íamos servir ao exército juntos e ele ia acertar o meu passo. Depois de algum tempo incorporamos e seguimos as instruções militares, mas por incrível que pareça, eu vivia sendo perseguido pelos colegas e era sempre motivo de gozação da turma que se unia com o Zibete com o objetivo de me arruinar. Eu sempre conduzia a situação com paciência, mas às vezes, não conseguia. Certo dia houve uma seleção de atletas, bons corredores, para participar de uma corrida de faixa, onde o exército teria que terem representantes. Fui escolhido e depois de muito preparo houve a disputa e nós fomos os campeões, nosso conceito melhorou e já éramos um pouco mais respeitados. No dia 25 de agosto, dia do soldado, eu caminhava pelos corredores do quartel quando vi no assoalho uma nota de um milhão, isto na época era mais que o salário de um soldado que era 750 mil. Procurei o sargento do dia e entreguei o dinheiro a ele. Logo depois apareceu um soldado reclamando que havia perdido seu dinheiro. O sargento ouvindo o soldado entregou-lhe o dinheiro e mandou que ele fosse agradecer o soldado Monteiro (que era meu nome de guerra), e ele veio me agradecer, pois aquele dinheiro era para as despesas pessoais dele. Passado algum tempo, um dia em que estávamos em forma, depois que o Capitão, nosso comandante, passou revista na tropa, ordenou que o soldado 173 (Monteiro) se apresentasse a ele com urgência. Saí de forma e me apresentei num salto até o palanque em frente à tropa. Eu não sabia por que estava ali e depois que o capitão me fez continência, começou a elogiar-me. Foram tão fortes os elogios que eu chorei copiosamente, principalmente quando ele falava de minha mãe. Os elogios eram devidos eu ter devolvido o dinheiro que eu havia encontrado O meu conceito foi crescendo entre os meus superiores e entre os meus colegas e aqueles que viviam pegando no meu pé, foram aos poucos me deixando em paz que era o que eu mais queria. Daí por diante parece que as coisas tornaram¬-se mais favoráveis para mim. Um tenente teve que se afastar do quartel para tratamento de saúde. Despediu-¬se da tropa e viajou, mas esqueceu de assinar um documento de dispensa. O Capitão ordenou que o sargento Campos escolhesse um soldado para ir até o Rio Grande do Sul para pegar a assinatura do Tenente. Porém eles não sabiam ao certo qual cidade para onde ele tinha ido. Ou era Porto Alegre, Passo Fundo ou Tapejara. Eu fui escolhido para encontrar o Tenente. Apresentei-me ao Capitão que já estava com as passagens compradas. Assim que fosse determinada a missão eu tinha sete dias para cumpri-Ia. Se eu conseguisse, teria elogios no boletim interno, mas se não conseguisse, seriam sete dias de cadeia. No dia marcado parti de Francisco Beltrão para Tapejara no Rio Grande do Sul. Depois de dois dias de viagem, cheguei ao meu destino. Ao me aproximar da rodoviária, vi dois soldados encostados na parede da estação. Retirei da minha pasta a foto do Tenente para perguntar aos militares se eles não o tinham visto, mas quando eu estava bem em frente aos soldados, ouvi um barulho de um jipe, que parecia com o jipe do Tenente. E ao olhar para rua, vi que era mesmo o tenente que eu estava procurando. Corri desesperadamente atrás do jipe e os soldados correram atrás de mim, eles não sabiam o que eu estava procurando porque não deu tempo de explicar para eles o que eu pretendia com o Tenente. Ficaram desconfiados da minha atitude, e resolveram me pedir explicação sobre o que estava acontecendo. Consegui alcançar o jipe porque estava andando lentamente, e ao me apresentar para o tenente que me reconheceu, tudo foi explicado aos soldados. O Tenente assinou os papéis e eu retornei a Beltrão com a missão cumprida e com três dias de vantagem. Apresentei-me ao Capitão, e com isso, no próximo boletim interno do Exército houve homenagens pela minha bem sucedida missão. A partir daí, a minha convivência no quartel melhorou e eu fiz um curso para Cabo e ia me engajar no Exército como cabo-enfermeiro. Todos deram baixa e eu fiquei no quartel. Mas uns 5 dias depois, um boletim interno anunciava a minha baixa. Meio decepcionado, acabei sabendo que o causador da minha baixa foi o Dr. Kit, que sabendo da minha decisão de engajar, ficou muito triste, pois tinha grande consideração comigo e ele pretendia me ajudar, e como ele era muito amigo do Capitão, eles ajeitaram a minha baixa. Outro motivo do médico não querer que eu continuasse no Exército, era que naquele tempo o Brasil estava a beira de uma guerra, durante todo o tempo em que eu servi o Exército tive o desprazer de ficar um bom tempo em pronidão não somente eu mas também todos os soldados encorporados. Abaixo relatarei alguns conflitos que perdurou durante o tempo que vesti a farda do Exécito brasileiro.Após esse período voltei para o hospital onde fui recepcionado muito bem, principalmente pela Zelinda que me beijou na boca, me deixando perturbado com seu jeito meigo e seus lábios quentes. Retomei ao trabalho no hospital e à medida que o tempo passava, eu sentia que alguma coisa estava acontecendo comigo. Acabei percebendo que estava apaixonado pela Zelinda. Pedi-a em namoro e ela depois de pensar um pouco acabou por concordar. Eu não pensava em mais nada, a Zelinda era minha razão de viver. Não podia imaginá-la nos braços de outro. Era amor mesmo. Polarização conduz ao golpeRenato Cancian*Especial para a Página 3 Pedagogia & ComunicaçãoJango toma posse em 7 de setembro de 1961.Com a renúncia de Jânio Quadros, a presidência caberia ao vice João Goulart, popularmente conhecido como Jango. No momento da renúncia de Jânio Quadros, Jango se encontrava na Ásia, em visita a República Popular da China. O presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu o governo provisoriamente.Porém, os grupos de oposição mais conservadores representantes das elites dominantes e de setores das Forças Armadas não aceitaram que Jango tomasse posse, sob a alegação de que ele tinha tendências políticas esquerdistas. Não obstante, setores sociais e políticos que apoiavam Jango iniciaram um movimento de resistência.Campanha da legalidade e posseO governador do estado do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, destacou-se como principal líder da resistência ao promover a campanha legalista pela posse de Jango. O movimento de resistência, que se iniciou no Rio Grande do Sul e irradiou-se para outras regiões do país, dividiu as Forças Armadas impedindo uma ação militar conjunta contra os legalistas. No Congresso Nacional, os líderes políticos negociaram uma saída para a crise institucional. A solução encontrada foi o estabelecimento do regime parlamentarista de governo que vigorou por dois anos (1961-1962) reduzindo enormemente os poderes constitucionais de Jango. Com essa medida, os três ministros militares aceitaram, enfim, o retorno e posse de Jango. Em 5 de setembro Jango retorna ao Brasil, e é empossado em 7 de setembro. O retorno ao presidencialismo Em janeiro de 1963, Jango convocou um plebiscito para decidir sobre a manutenção ou não do sistema parlamentarista. Cerca de 80 por cento dos eleitores votaram pelo restabelecimento do sistema presidencialista. A partir de então, Jango passou a governar o país como presidente, e com todos os poderes constitucionais a sua disposição. Porém, no breve período em que governou o país sob regime presidencialista, os conflitos políticos e as tensões sociais se tornaram tão graves que o mandato de Jango foi interrompido pelo Golpe Militar de março de 1964. Desde o início de seu mandato, Jango não dispunha de base de apoio parlamentar para aprovar com facilidade seus projetos políticos, econômicos e sociais, por esse motivo a estabilidade governamental foi comprometida. Como saída para resolver os freqüentes impasses surgidos pela ausência de apoio político no Congresso Nacional, Jango adotou uma estratégia típica do período populista, recorreu a permanente mobilização das classes populares a fim de obter apoio social ao seu governo. Foi uma forma precária de assegurar a governabilidade, pois limitava ou impedia a adoção por parte do governo de medidas antipopulares, ao mesmo tempo em que seria necessário o atendimento das demandas dos grupos sociais que o apoiavam. Um episódio que ilustra de forma notável esse tipo de estratégia política ocorreu quando o governo criou uma lei implantando o 13º salário. O Congresso não a aprovou. Em seguida, líderes sindicais ligados ao governo mobilizaram os trabalhadores que entraram em greve e pressionaram os parlamentares a aprovarem a lei.As contradições da política econômica As dificuldades de Jango na área da governabilidade se tornaram mais graves após o restabelecimento do regime presidencialista.
Atos públicos e manifestações de apoio e oposição ao governo eclodem por todo o país. Em 13 de março, ocorreu o comício da estação da Estrada de Ferro Central do Brasil, no Rio de Janeiro, que reuniu 300 mil trabalhadores em apoio a Jango. Uma semana depois, as elites rurais, a burguesia industrial e setores conservadores da Igreja realizaram a “Marcha da Família com Deus e pela Liberdade”, considerada o ápice do movimento de oposição ao governo.Em 31 de março de 1964, tropas militares lideradas pelos generais Luís Carlos Guedes e Olímpio Mourão Filho desencadeiam o movimento golpista. Em pouco tempo, comandantes militares de outras regiões aderiram ao movimento de deposição de Jango. Em 1 de abril, João Goulart praticamente abandonou a presidência, e no dia 2 se exilou no Uruguai. Essa é uma questão importante, pois os pesquisadores do tema ainda não apresentaram explicações satisfatórias, no sentido de entender porque a sociedade brasileira, que na época atravessava um período de dinamismo com o surgimento de movimentos sociais de variados tipos, manteve-se paralisada sem oferecer resistência ao movimento golpista. Rumo à ditadura. Por razões óbvias, os militares chamam o movimento que depôs Jango de Revolução Redentora. Por outro lado, na historiografia brasileira, o movimento de março de 1964 é justificadamente denominado de Golpe Militar. O golpe pôs fim a primeira experiência de regime democrático no país e encerrou com a fase populista. O regime que se instaurou sobre a égide dos militares foi se radicalizando a ponto de se transformar numa ditadura altamente repressiva que avançou sobre as liberdades políticas e direitos individuais. Os generais se sucederam na presidência e governaram o país por 21 anos.
DE FILHO PARA PAI OU DE PAI PARA FILHO
DE FILHO PARA PAI OU DE PAI PARA FILHO
Quando dei baixa do exército e voltei a trabalhar no hospital do Dr. Kit, andava muito preocupado com os meus pais que estavam morando em Passo Fundo no Rio Grande do Sul. Meu pai tinha um pequeno armazém. Numa sexta-feira o armazém foi assaltado e os ladrões levaram todo o estoque em um caminhão e desapareceram. Meu pai foi à falência. Meu irmão Orlando arrumou um serviço para meu pai na construção de uma barragem no Salto Lili no rio Jangada, onde mais tarde construíram uma fábrica de papel da firma Níquel Forte com sede em Porto União.
Fui visitar meus pais e aproveitei para ver onde ele trabalhava e como era o seu trabalho. Ao chegar à pedreira, vi meu pai com sessenta anos carregando uma padiola cheia de pedras tendo como companheiro um homem escuro, forte e bem jovem. Ambos subiam e desciam andaimes para jogar as pedras no concreto para a barragem que ia represar as águas, vendo meu pai com o rosto e a camisa molhados de suor debaixo de um sol quente, eu não me contive e chorei.
Sem que ele me visse, fui para casa e no mesmo dia fui procurar o Sr. Ari, encarregado da obra e falei-¬lhe que queria trabalhar lá. Como estava faltando gente, ele contratou-me. Só que fiz um pedido a ele: queria ser companheiro de meu pai no transporte de pedras e ele concordou. Voltei a Francisco Beltrão, acertei minhas contas no’ hospital e fui assumir meu novo emprego. Com esta atitude, fiquei mais aliviado. Não teria paz de espírito, sabendo que meu pai estava trabalhando no pesado e eu no serviço leve.
Ele não aprovou minha idéia, mas acabou concordando, pois não havia outra solução e eu já havia decidido. Na obra havia um armazém que fornecia alimentos para os funcionários e todos os meses antes que meus pais fizessem o rancho, eu ia ao armazém e comprava tudo o que eles precisavam. Não deixava meus pais gastarem nada. E meu pai com seu salário compraram uma pequena colônia de terra a qual pagava um pouco por mês. Nosso trabalho era muito pesado, até hoje trago uma cicatriz na mão de um calo que inflamou e tive que operar em Porto União onde fiquei quinze dias internado. Quase perdi a mão.
Depois de um ano trabalhando com meu pai, vendo que ele já estava numa situação de vida melhor, voltei a trabalhar em Francisco Beltrão. Ele ainda trabalhou lá por sete anos, ajudou a construir a represa e depois foi trabalhar numa fábrica, onde se aposentou. Aí vendeu a colônia de terra e comprou uma casa em Curitiba perto dos outros filhos, pois o seu sonho era morar lá. Um sonho que eu indiretamente ajudei-o a realizar e me sinto feliz com isso.
Quando dei baixa do exército e voltei a trabalhar no hospital do Dr. Kit, andava muito preocupado com os meus pais que estavam morando em Passo Fundo no Rio Grande do Sul. Meu pai tinha um pequeno armazém. Numa sexta-feira o armazém foi assaltado e os ladrões levaram todo o estoque em um caminhão e desapareceram. Meu pai foi à falência. Meu irmão Orlando arrumou um serviço para meu pai na construção de uma barragem no Salto Lili no rio Jangada, onde mais tarde construíram uma fábrica de papel da firma Níquel Forte com sede em Porto União.
Fui visitar meus pais e aproveitei para ver onde ele trabalhava e como era o seu trabalho. Ao chegar à pedreira, vi meu pai com sessenta anos carregando uma padiola cheia de pedras tendo como companheiro um homem escuro, forte e bem jovem. Ambos subiam e desciam andaimes para jogar as pedras no concreto para a barragem que ia represar as águas, vendo meu pai com o rosto e a camisa molhados de suor debaixo de um sol quente, eu não me contive e chorei.
Sem que ele me visse, fui para casa e no mesmo dia fui procurar o Sr. Ari, encarregado da obra e falei-¬lhe que queria trabalhar lá. Como estava faltando gente, ele contratou-me. Só que fiz um pedido a ele: queria ser companheiro de meu pai no transporte de pedras e ele concordou. Voltei a Francisco Beltrão, acertei minhas contas no’ hospital e fui assumir meu novo emprego. Com esta atitude, fiquei mais aliviado. Não teria paz de espírito, sabendo que meu pai estava trabalhando no pesado e eu no serviço leve.
Ele não aprovou minha idéia, mas acabou concordando, pois não havia outra solução e eu já havia decidido. Na obra havia um armazém que fornecia alimentos para os funcionários e todos os meses antes que meus pais fizessem o rancho, eu ia ao armazém e comprava tudo o que eles precisavam. Não deixava meus pais gastarem nada. E meu pai com seu salário compraram uma pequena colônia de terra a qual pagava um pouco por mês. Nosso trabalho era muito pesado, até hoje trago uma cicatriz na mão de um calo que inflamou e tive que operar em Porto União onde fiquei quinze dias internado. Quase perdi a mão.
Depois de um ano trabalhando com meu pai, vendo que ele já estava numa situação de vida melhor, voltei a trabalhar em Francisco Beltrão. Ele ainda trabalhou lá por sete anos, ajudou a construir a represa e depois foi trabalhar numa fábrica, onde se aposentou. Aí vendeu a colônia de terra e comprou uma casa em Curitiba perto dos outros filhos, pois o seu sonho era morar lá. Um sonho que eu indiretamente ajudei-o a realizar e me sinto feliz com isso.
UM SONHO QUE SE PARTIU
UM SONHO QUE SE PARTIU
Quando dei baixa do exército, tinha planos de preitear serviços no Canal de Suez. Naquela época, quem ia para lá voltava rico. Eu e meu amigo Ari Tártare, do Verê, que serviu comigo, combinamos e fomos nos apresentar no Quartel General de Curitiba.
Chegando lá, após uma série de entrevistas, fomos recebidos por um coronel, que olhando nossos exames físicos e psicológicos constatou que não estávamos com o peso ideal para sermos convocados. Tínhamos que engordar alguns quilos. Um nutricionista nos deu uma tabela de regime e o coronel nos ordenou que voltássemos no próximo ano. Pois o acordo com o Governo Federal e o Canal de Suez, era que todos os anos iriam ser mandadas tropas brasileiras para o canal, substituindo as que lá estavam.
Voltamos para casa e começamos o regime para aumentar o peso. Gastava todo o meu salário em alimentação, mas depois de um ano havíamos alcançado o peso estabelecido. Chegando o prazo para voltarmos, eu e o Luiz fomos para Curitiba, nos apresentamos, pois o prazo para o envio das novas tropas estava se esgotando. Mas ao chegarmos ao quartel, fomos informados que o Governo Federal havia dispensado o 3° exército ao qual pertencíamos e somente o 5° exército ia se alistar para ir para o Canal de Suez. Fomos informados também de que era para continuarmos o regime para o aumento de peso e voltar novamente no próximo ano que seria a nossa vez de se alistar. Voltamos desanimados, porém com o compromisso de voltar, os nossos nomes continuavam na lista de voluntários.
Quando se aproximou a época de irmos novamente a Curitiba, ouvimos pelo rádio que um soldado brasileiro havia morri do no mar, vítima de um ataque terrorista e o Governo brasileiro ofendido com a falta de segurança para com nossos soldados rompeu o acordo com o Canal de Suez e depois daquele incidente nunca mais enviou soldados para lá. E o nosso sonho de ir para o Canal de Suez, para ganhar dinheiro e ganhar o mundo foi por água abaixo.
Quando dei baixa do exército, tinha planos de preitear serviços no Canal de Suez. Naquela época, quem ia para lá voltava rico. Eu e meu amigo Ari Tártare, do Verê, que serviu comigo, combinamos e fomos nos apresentar no Quartel General de Curitiba.
Chegando lá, após uma série de entrevistas, fomos recebidos por um coronel, que olhando nossos exames físicos e psicológicos constatou que não estávamos com o peso ideal para sermos convocados. Tínhamos que engordar alguns quilos. Um nutricionista nos deu uma tabela de regime e o coronel nos ordenou que voltássemos no próximo ano. Pois o acordo com o Governo Federal e o Canal de Suez, era que todos os anos iriam ser mandadas tropas brasileiras para o canal, substituindo as que lá estavam.
Voltamos para casa e começamos o regime para aumentar o peso. Gastava todo o meu salário em alimentação, mas depois de um ano havíamos alcançado o peso estabelecido. Chegando o prazo para voltarmos, eu e o Luiz fomos para Curitiba, nos apresentamos, pois o prazo para o envio das novas tropas estava se esgotando. Mas ao chegarmos ao quartel, fomos informados que o Governo Federal havia dispensado o 3° exército ao qual pertencíamos e somente o 5° exército ia se alistar para ir para o Canal de Suez. Fomos informados também de que era para continuarmos o regime para o aumento de peso e voltar novamente no próximo ano que seria a nossa vez de se alistar. Voltamos desanimados, porém com o compromisso de voltar, os nossos nomes continuavam na lista de voluntários.
Quando se aproximou a época de irmos novamente a Curitiba, ouvimos pelo rádio que um soldado brasileiro havia morri do no mar, vítima de um ataque terrorista e o Governo brasileiro ofendido com a falta de segurança para com nossos soldados rompeu o acordo com o Canal de Suez e depois daquele incidente nunca mais enviou soldados para lá. E o nosso sonho de ir para o Canal de Suez, para ganhar dinheiro e ganhar o mundo foi por água abaixo.
UMA GRANDE HISTÓRIA DE AMOR INTEIRAMENTE VERDADEIRA
UMA GRANDE HISTÓRIA DE AMOR INTEIRAMENTE VERDADEIRA
Obviamente, algumas pessoas irão pensar que até mesmo devido ao título esse texto seja mais uma daquelas histórias romanescas que se vê aos montes pela vida afora. Não lhes tiro o direito de pensar assim, mas afirmo diante de Deus e de minha honra que os fatos são realmente verdadeiros. O ano de 1966 me encontrou realizando um de meus grandes sonhos na vida, e mal sabia eu, esse abençoado ano também me traria outro sonho bom e o que era melhor ainda a possibilidade de realização também desse.
Estava trabalhando na enfermagem em um hospital. Sonho há muito tempo acalentado e que agora eu vivia. Nesse mesmo hospital trabalhava uma enfermeira que me chamou a atenção e o fato é que eu estava enamorado e vou poupar a paciência de meus caridosos amigos leitores abstendo-me de contar em detalhes como ela era linda e perfeita e tudo o mais que a gente sente nesse momento de extrema realização que é estar amando.
Tanto maior se fez minha felicidade quando soube que era correspondido em meus sentimentos. Mas devido ao espírito da época ser muito conservador com relação à imagem de respeitabilidade do estabelecimento o diretor do hospital onde trabalhávamos e também morávamos proibia terminantemente o envolvimento amoroso entre seus funcionários, fossem esses quais fossem.
Então estávamos em situação realmente difícil porque éramos dependentes de nosso local de trabalho até mesmo em questão de moradia.
Mas como Deus deu à minha amada graça de ser bastante corajosa, entramos em acordo de que sairíamos do hospital para podermos casar, e ela voltou para a casa de seus pais e eu para a dos meus.
Já nesse tempo fazia parte das tradições de nosso país receber mal quando se trabalha na área de saúde e por esse motivo, tanto eu quanto ela não tinha muita coisa, na realidade nada já que nem para a roupa que seria usada para o casamento tínhamos dinheiro. Motivo que nos levou a nós socorrermos com nossos pais.
Decorridos uns trinta dias me pus a caminho da casa do pai de minha amada para pedir-lhe oficialmente em namoro diante de seus progenitores, como mandava o costume muito salutar que hoje já não se usa. E para aproveitar a ocasião e economizar outra viagem de trinta e cinco quilômetros que eu havia feito a pé pelo fato de estar caindo um temporal que impedia o tráfego de ônibus naquelas estradas de terra, acabei por pedir também sua mão em casamento. Com tudo acertado junto ao futuro sogro, fomos ao local chamado Cristo Rei onde providenciamos os trâmites necessários para a realização do casório que ficara acertado para o dia nove de maio no ano de 1966. Fomos de jipe que era o único meio de transporte que conseguia transitar naquele lamaçal, e para manter a escrita da boa sorte que parecia estar me sorrindo, aproveitei para deixar acertado com o condutor do veículo também o transporte no dia do casamento. Meu futuro sogro mantinha velhas e boas relações com uma família da localidade, e acertou junto a estes que minha futura esposa usaria sua casa para se aprontar no dia do casamento, já que viria de longe por uma via de tráfego difícil e seria muito desconfortável e até mesmo desaconselhável vir pronta de sua própria casa. Já quanto a mim não haveria problema devido ao fato de que naquele tempo existiam muitos matagais dos quais poderia perfeitamente me servir para a troca de roupas.
Tudo vinha se acertando maravilhosamente bem apesar de pesares e da situação em que entraríamos para a nossa vida de casados. Mas o destino sempre nos traz algumas lições que devemos aprender querendo ou não. Uma das maiores lições nesse período foi o surgimento de um sujeito que se dizia ex-namorado de minha querida e bela noiva. Namoro que ela garantia nunca ter existido a não ser na cabaça dele. E a cabeça dele aparentemente não funcionava direito porque esse sujeito achou que se amedrontasse minha noiva ela cederia se casando com ele. Ameaçou me matar caso tentássemos realizar o casamento. Coisa que tentou fazer disparando uma arma contra mim uma vez, mas que graças a Deus não chegou a me atingir. O tempo foi passando mesmo que se arrastando e estava chegando a tão esperada data do casamento. a trato é que eu me dirigiria à casa de meu sogro para partir daí até a comunidade em que nos casaríamos, e eu parti três dias antes da data, um tanto por pressa mesmo, mas outro tanto por necessidade. Eu morava em Santa Catarina e ela no Paraná naquele tempo. Quando cheguei a Capanema, que era distante uns trinta quilômetros da casa meu futuro sogro, para confirmar que a vida da gente era um eterno ciclo desandou um temporal que impedia o ônibus de transitar e eu me pus a caminhar novamente. Ainda assim acabei chegando dois dias antes da data, no dia 7 de maio de 1966.
No dia marcado, estávamos todos esperando o jipe para nos levar ao casamento quando para nossa surpresa apareceu o motorista sem o carro. Viera para nos avisar que não poderia fazer a viagem porque o temporal havia derrubado a ponte e com certeza estava muito forte para se passar.
Confesso que isso teve um efeito negativo no ânimo geral, já que a festa toda estava preparada e eu por meu gosto achava que a coisa estava se complicando demais. Mas, havia uma solução. Temerária, mas havia. Poderíamos seguir para a localidade de barco através do Rio Iguaçu que ficava a uns cinco quilômetros a pé e fazer dentro do rio um trajeto de mais doze quilômetros. Obviamente haveria fatores para complicar a empreitada, sempre há. O fato é que só existia um barco e os dois melhores marinheiros eram pai e filho, dos quais o pai era cego e o filho sofria de ataques de epilepsia. Mas, o coração que ama não sabe medir esforços e nos propusemos a fazer a viagem. Em cada ponta do barco pusemos um grande cabide em forma de cruz para transportar as roupas dos noivos o mais seco possível.
As cinco horas da manhã partimos sob uma forte neblina que dificultava a visão do caminho e tivemos que seguir com muito cuidado para não encalhar nas pedras e mesmo assim encalharíamos várias vezes até chegar, fora o fato que enfrentamos muitos perigos descendo quedas d’água e cascatas e também não foram poucas as vezes que tivemos que carregar o barco nas costas nos trechos em que não se podia navegar. Depois de todo o tipo de sacrifício e cansaço chegamos à beira do rio onde desembarcaríamos para enfrentar mais cinco quilômetros de estrada à pé até o local onde o juiz poria fim a minha angústia de esperar. Chegando, minha noiva foi correndo para a casa dos amigos de seus pais, com quem se acertou que ela ficaria para se arrumar, enquanto que eu me dirigi ao cartório para apresentar nossas desculpas pelo atraso que até o momento era de mais de uma hora. Para coroar ainda mais o rosário de minhas decepções, ao chegar ao cartório fiquei sabendo através da família do juiz que este achando que não viríamos mais, havia se deslocado para atender outro compromisso no interior da localidade.
E eis que tinha mais um motivo para me desesperar com aquele casamento que parecia se negar a acontecer. Mas como sempre que resolvíamos um problema surgia outro, também sempre que surgia outro surgia uma solução para ele, e surgiu uma solução também para este. Havia um ônibus velho que estava já fora de circulação, mas que me garantiram que funcionava, e eu o contratei para que fôssemos atrás do bendito juiz. E depois de vários quilômetros em que minha ansiedade e meu desespero só aumentavam, encontramos o meritíssimo no lombo de seu cavalo andar tranqüilamente, este quando nos viu até se surpreendeu porque já julgava que havíamos desistido e nos casar e ele desistiram de nos esperar devido a ter que atender este outro compromisso, para o qual estava se dirigindo agora.
Depois de alguns acertos ele finalmente aceitou amarrar seu cavalo no mato e nos acompanhar de volta deixando bem claro que a cerimônia deveria ser bem rápida porque ele tinha hora marcada com aquelas outras pessoas que estava indo ver e não poderia faltar. Mas, era isso que eu queria mesmo, uma cerimônia bem rápida para aquietar meu espírito depois de tantos sobressaltos. E é claro que eu concordei até em pagar para que o carro voltasse para levar o juiz ao seu compromisso.
E creiam ou não ao chegar ao povoado e me dirigir rapidamente a casa onde deveria estar já pronta a minha noiva, recebi a notícia de que ela teria saído para atender um parto difícil em que a gestante vinha sofrendo já há dois dias. Ambos a mãe e o bebê corriam riscos de vida e sendo minha futura esposa uma enfermeira e ainda por cima com grande experiência em partos, não poderia de maneira alguma se negar a prestar esse socorro.
Obviamente essa notícia não teria um reflexo muito positivo no espírito do juiz a quem eu garantira a estar com tanta pressa quanto a ele mesmo. Certamente minha pressa era até maior. Mas, nesse caso não havia nada que pudesse ser feito. De um lado a pressa, mais que justa do juiz, e do outro o risco de vida de uma mãe e seu bebê. A opção era mais que óbvia para qualquer um. Meu casamento via seu futuro ameaçado novamente.
Depois de algumas horas quase explodi de felicidade ao ouvir o choro do recém nascido. Soltei um grito no nome de minha amada acompanhado de um soco no ar, bem ao estilo dos filmes sobre o velho oeste, vendo a seguir a beleza de mulher que eu esperava tanto e de tantas maneiras, aparecer desabotoando o avental que estivera preso sobre seu vestido de noiva. E corremos para os braços um do outro para logo a seguir descer correndo e de mãos dadas à rua que levava ao cartório, cinco quadras distante dali.
Só depois de chegar lá que eu percebi a mancha de sangue no vestido, bem à altura de seu ventre. Isso é claro intrigou o juiz e então, antes de nos casarmos, ainda tivemos que explicar tudo ao perplexo e bondoso senhor. Enfim, casados. Retornamos à casa dos senhores em que nos aprontamos para a cerimônia uma eternidade atrás. Voltaríamos a trocar de roupas para seguir para a casa de meu sogro aonde iríamos finalmente e com muita alegria festejar o acontecimento, que muitas vezes quase que deixou de realmente acontecer. Meu sogro providenciou algumas lingüiças para comermos na viagem de volta para sua casa onde a festa estava armada, e nos pusemos no caminho, pois agora depois de quase não conseguir se casar, só nos faltaria não poder festejar o acontecimento, que a esta altura já tinha motivos quase incontáveis para ser festejado.
As tais lingüiças acabaram por nos dar ainda mais um susto. E que quando estávamos com muita fome e cansados, paramos à margem do rio Iguaçu no lado do Parque Nacional para descansar e aproveitaríamos para assar algumas delas e comermos. Não sei se foi o cheiro da lingüiça ou o nosso, o fato é que nossa presença atraiu um conviva que não fora convidado: um tigre que vinha se aproximando mais e mais e nos pôs em desabalada carreira em direção ao barco. Se sua intenção era nos comer se deu mal porque todos conseguimos escapar, agora se o que ele queria eram as tais lingüiças, se deu muito bem porque ninguém se importou em deixá-las para trás na fuga. Agora a solução seria comer na festa. Fato que poderia até ser contestado, do jeito que estávamos indo era bastante possível que nossa festa já tivesse acabado quando chegássemos cansados, mas de minha parte, mesmo assim, muito feliz. Depois de algumas horas chegamos quase ao nosso destino, ainda teríamos que andar um bom tanto até a casa, mas isso parecia agora de pouca importância; e fomos nos trocar novamente para chegarmos como recém casados mesmo.
Quando estávamos nos dirigindo para a casa, tivemos mais surpresas, uma delas muito boa; do meio do mato que rodeava a estrada saíram os convidados a tocar em gaita e violão a valsa dos noivos, valsa mais que merecida em minha opinião. E fomos conduzidos até a casa em forma de cortejo. Tudo muito bonito. Mas, como eu já contei as surpresas eram duas, e a segunda era o fato de que entre os convidados estava o rapaz que jurara me matar e até atentara contra minha vida. Era ele que tocava a gaita me olhando de maneira muito estranha como quem tem algum plano que lhe parece muito bom. A coisa voltava se complicar e eu tinha de dar um jeito, novamente, e bolei um plano, poderia funcionar, fingi que não percebia suas atitudes com relação a mim e fiz-lhe um grande elogio a respeito de como ele tocava e cantava muito bem. Eu conhecia uma pessoa em uma gravadora que talvez pudesse ajudar-lhe a gravar um disco e que assim que eu estivesse com tudo acertado voltaria ali para buscá-lo. Não sei bem como, mas funcionou e ele ficou entusiasmado. O resto da festa transcorreu muito bem e em seguida viajamos em lua-de-mel.
Após uns seis meses soubemos a notícia de que esse desafortunado rapaz havia sido assassinado barbaramente, com sessenta tiros e umas trinta facadas. Havia realmente muita gente querendo sua morte pelas mortes que ele teria feito. Comentava-se inclusive que a própria polícia era interessada em que ele morresse. Dentro de seu bolso encontraram uma foto ensangüentada de minha esposa.
Passaram-se agora trinta e cinco anos de um feliz casamento que me deu quatro filhos e sete netos. Tudo pelo que passei para conseguir realizar esse casamento, apesar dos sustos e atropelos valeu a pena e eu faria tudo de novo se preciso fosse. Porque Deus me concedeu a graça de ter como esposa uma criatura maravilhosa que vem fazendo parte da minha vida e de mim mesmo, também como minha mãe e amiga. Disso posso me orgulhar, tenho o privilégio de amar uma pessoa que viveu comigo todos os momentos de felicidade e também de dificuldades. Não me vejo sem ela ao meu lado e quero ficar sempre assim, junto dela. Motivo pelo qual posso dizer que meu casamento enfim deu certo.
Esta história é verdadeira, todos os seus personagens também o são e os que sobreviveram ao tempo podem confirmá-la.
Obviamente, algumas pessoas irão pensar que até mesmo devido ao título esse texto seja mais uma daquelas histórias romanescas que se vê aos montes pela vida afora. Não lhes tiro o direito de pensar assim, mas afirmo diante de Deus e de minha honra que os fatos são realmente verdadeiros. O ano de 1966 me encontrou realizando um de meus grandes sonhos na vida, e mal sabia eu, esse abençoado ano também me traria outro sonho bom e o que era melhor ainda a possibilidade de realização também desse.
Estava trabalhando na enfermagem em um hospital. Sonho há muito tempo acalentado e que agora eu vivia. Nesse mesmo hospital trabalhava uma enfermeira que me chamou a atenção e o fato é que eu estava enamorado e vou poupar a paciência de meus caridosos amigos leitores abstendo-me de contar em detalhes como ela era linda e perfeita e tudo o mais que a gente sente nesse momento de extrema realização que é estar amando.
Tanto maior se fez minha felicidade quando soube que era correspondido em meus sentimentos. Mas devido ao espírito da época ser muito conservador com relação à imagem de respeitabilidade do estabelecimento o diretor do hospital onde trabalhávamos e também morávamos proibia terminantemente o envolvimento amoroso entre seus funcionários, fossem esses quais fossem.
Então estávamos em situação realmente difícil porque éramos dependentes de nosso local de trabalho até mesmo em questão de moradia.
Mas como Deus deu à minha amada graça de ser bastante corajosa, entramos em acordo de que sairíamos do hospital para podermos casar, e ela voltou para a casa de seus pais e eu para a dos meus.
Já nesse tempo fazia parte das tradições de nosso país receber mal quando se trabalha na área de saúde e por esse motivo, tanto eu quanto ela não tinha muita coisa, na realidade nada já que nem para a roupa que seria usada para o casamento tínhamos dinheiro. Motivo que nos levou a nós socorrermos com nossos pais.
Decorridos uns trinta dias me pus a caminho da casa do pai de minha amada para pedir-lhe oficialmente em namoro diante de seus progenitores, como mandava o costume muito salutar que hoje já não se usa. E para aproveitar a ocasião e economizar outra viagem de trinta e cinco quilômetros que eu havia feito a pé pelo fato de estar caindo um temporal que impedia o tráfego de ônibus naquelas estradas de terra, acabei por pedir também sua mão em casamento. Com tudo acertado junto ao futuro sogro, fomos ao local chamado Cristo Rei onde providenciamos os trâmites necessários para a realização do casório que ficara acertado para o dia nove de maio no ano de 1966. Fomos de jipe que era o único meio de transporte que conseguia transitar naquele lamaçal, e para manter a escrita da boa sorte que parecia estar me sorrindo, aproveitei para deixar acertado com o condutor do veículo também o transporte no dia do casamento. Meu futuro sogro mantinha velhas e boas relações com uma família da localidade, e acertou junto a estes que minha futura esposa usaria sua casa para se aprontar no dia do casamento, já que viria de longe por uma via de tráfego difícil e seria muito desconfortável e até mesmo desaconselhável vir pronta de sua própria casa. Já quanto a mim não haveria problema devido ao fato de que naquele tempo existiam muitos matagais dos quais poderia perfeitamente me servir para a troca de roupas.
Tudo vinha se acertando maravilhosamente bem apesar de pesares e da situação em que entraríamos para a nossa vida de casados. Mas o destino sempre nos traz algumas lições que devemos aprender querendo ou não. Uma das maiores lições nesse período foi o surgimento de um sujeito que se dizia ex-namorado de minha querida e bela noiva. Namoro que ela garantia nunca ter existido a não ser na cabaça dele. E a cabeça dele aparentemente não funcionava direito porque esse sujeito achou que se amedrontasse minha noiva ela cederia se casando com ele. Ameaçou me matar caso tentássemos realizar o casamento. Coisa que tentou fazer disparando uma arma contra mim uma vez, mas que graças a Deus não chegou a me atingir. O tempo foi passando mesmo que se arrastando e estava chegando a tão esperada data do casamento. a trato é que eu me dirigiria à casa de meu sogro para partir daí até a comunidade em que nos casaríamos, e eu parti três dias antes da data, um tanto por pressa mesmo, mas outro tanto por necessidade. Eu morava em Santa Catarina e ela no Paraná naquele tempo. Quando cheguei a Capanema, que era distante uns trinta quilômetros da casa meu futuro sogro, para confirmar que a vida da gente era um eterno ciclo desandou um temporal que impedia o ônibus de transitar e eu me pus a caminhar novamente. Ainda assim acabei chegando dois dias antes da data, no dia 7 de maio de 1966.
No dia marcado, estávamos todos esperando o jipe para nos levar ao casamento quando para nossa surpresa apareceu o motorista sem o carro. Viera para nos avisar que não poderia fazer a viagem porque o temporal havia derrubado a ponte e com certeza estava muito forte para se passar.
Confesso que isso teve um efeito negativo no ânimo geral, já que a festa toda estava preparada e eu por meu gosto achava que a coisa estava se complicando demais. Mas, havia uma solução. Temerária, mas havia. Poderíamos seguir para a localidade de barco através do Rio Iguaçu que ficava a uns cinco quilômetros a pé e fazer dentro do rio um trajeto de mais doze quilômetros. Obviamente haveria fatores para complicar a empreitada, sempre há. O fato é que só existia um barco e os dois melhores marinheiros eram pai e filho, dos quais o pai era cego e o filho sofria de ataques de epilepsia. Mas, o coração que ama não sabe medir esforços e nos propusemos a fazer a viagem. Em cada ponta do barco pusemos um grande cabide em forma de cruz para transportar as roupas dos noivos o mais seco possível.
As cinco horas da manhã partimos sob uma forte neblina que dificultava a visão do caminho e tivemos que seguir com muito cuidado para não encalhar nas pedras e mesmo assim encalharíamos várias vezes até chegar, fora o fato que enfrentamos muitos perigos descendo quedas d’água e cascatas e também não foram poucas as vezes que tivemos que carregar o barco nas costas nos trechos em que não se podia navegar. Depois de todo o tipo de sacrifício e cansaço chegamos à beira do rio onde desembarcaríamos para enfrentar mais cinco quilômetros de estrada à pé até o local onde o juiz poria fim a minha angústia de esperar. Chegando, minha noiva foi correndo para a casa dos amigos de seus pais, com quem se acertou que ela ficaria para se arrumar, enquanto que eu me dirigi ao cartório para apresentar nossas desculpas pelo atraso que até o momento era de mais de uma hora. Para coroar ainda mais o rosário de minhas decepções, ao chegar ao cartório fiquei sabendo através da família do juiz que este achando que não viríamos mais, havia se deslocado para atender outro compromisso no interior da localidade.
E eis que tinha mais um motivo para me desesperar com aquele casamento que parecia se negar a acontecer. Mas como sempre que resolvíamos um problema surgia outro, também sempre que surgia outro surgia uma solução para ele, e surgiu uma solução também para este. Havia um ônibus velho que estava já fora de circulação, mas que me garantiram que funcionava, e eu o contratei para que fôssemos atrás do bendito juiz. E depois de vários quilômetros em que minha ansiedade e meu desespero só aumentavam, encontramos o meritíssimo no lombo de seu cavalo andar tranqüilamente, este quando nos viu até se surpreendeu porque já julgava que havíamos desistido e nos casar e ele desistiram de nos esperar devido a ter que atender este outro compromisso, para o qual estava se dirigindo agora.
Depois de alguns acertos ele finalmente aceitou amarrar seu cavalo no mato e nos acompanhar de volta deixando bem claro que a cerimônia deveria ser bem rápida porque ele tinha hora marcada com aquelas outras pessoas que estava indo ver e não poderia faltar. Mas, era isso que eu queria mesmo, uma cerimônia bem rápida para aquietar meu espírito depois de tantos sobressaltos. E é claro que eu concordei até em pagar para que o carro voltasse para levar o juiz ao seu compromisso.
E creiam ou não ao chegar ao povoado e me dirigir rapidamente a casa onde deveria estar já pronta a minha noiva, recebi a notícia de que ela teria saído para atender um parto difícil em que a gestante vinha sofrendo já há dois dias. Ambos a mãe e o bebê corriam riscos de vida e sendo minha futura esposa uma enfermeira e ainda por cima com grande experiência em partos, não poderia de maneira alguma se negar a prestar esse socorro.
Obviamente essa notícia não teria um reflexo muito positivo no espírito do juiz a quem eu garantira a estar com tanta pressa quanto a ele mesmo. Certamente minha pressa era até maior. Mas, nesse caso não havia nada que pudesse ser feito. De um lado a pressa, mais que justa do juiz, e do outro o risco de vida de uma mãe e seu bebê. A opção era mais que óbvia para qualquer um. Meu casamento via seu futuro ameaçado novamente.
Depois de algumas horas quase explodi de felicidade ao ouvir o choro do recém nascido. Soltei um grito no nome de minha amada acompanhado de um soco no ar, bem ao estilo dos filmes sobre o velho oeste, vendo a seguir a beleza de mulher que eu esperava tanto e de tantas maneiras, aparecer desabotoando o avental que estivera preso sobre seu vestido de noiva. E corremos para os braços um do outro para logo a seguir descer correndo e de mãos dadas à rua que levava ao cartório, cinco quadras distante dali.
Só depois de chegar lá que eu percebi a mancha de sangue no vestido, bem à altura de seu ventre. Isso é claro intrigou o juiz e então, antes de nos casarmos, ainda tivemos que explicar tudo ao perplexo e bondoso senhor. Enfim, casados. Retornamos à casa dos senhores em que nos aprontamos para a cerimônia uma eternidade atrás. Voltaríamos a trocar de roupas para seguir para a casa de meu sogro aonde iríamos finalmente e com muita alegria festejar o acontecimento, que muitas vezes quase que deixou de realmente acontecer. Meu sogro providenciou algumas lingüiças para comermos na viagem de volta para sua casa onde a festa estava armada, e nos pusemos no caminho, pois agora depois de quase não conseguir se casar, só nos faltaria não poder festejar o acontecimento, que a esta altura já tinha motivos quase incontáveis para ser festejado.
As tais lingüiças acabaram por nos dar ainda mais um susto. E que quando estávamos com muita fome e cansados, paramos à margem do rio Iguaçu no lado do Parque Nacional para descansar e aproveitaríamos para assar algumas delas e comermos. Não sei se foi o cheiro da lingüiça ou o nosso, o fato é que nossa presença atraiu um conviva que não fora convidado: um tigre que vinha se aproximando mais e mais e nos pôs em desabalada carreira em direção ao barco. Se sua intenção era nos comer se deu mal porque todos conseguimos escapar, agora se o que ele queria eram as tais lingüiças, se deu muito bem porque ninguém se importou em deixá-las para trás na fuga. Agora a solução seria comer na festa. Fato que poderia até ser contestado, do jeito que estávamos indo era bastante possível que nossa festa já tivesse acabado quando chegássemos cansados, mas de minha parte, mesmo assim, muito feliz. Depois de algumas horas chegamos quase ao nosso destino, ainda teríamos que andar um bom tanto até a casa, mas isso parecia agora de pouca importância; e fomos nos trocar novamente para chegarmos como recém casados mesmo.
Quando estávamos nos dirigindo para a casa, tivemos mais surpresas, uma delas muito boa; do meio do mato que rodeava a estrada saíram os convidados a tocar em gaita e violão a valsa dos noivos, valsa mais que merecida em minha opinião. E fomos conduzidos até a casa em forma de cortejo. Tudo muito bonito. Mas, como eu já contei as surpresas eram duas, e a segunda era o fato de que entre os convidados estava o rapaz que jurara me matar e até atentara contra minha vida. Era ele que tocava a gaita me olhando de maneira muito estranha como quem tem algum plano que lhe parece muito bom. A coisa voltava se complicar e eu tinha de dar um jeito, novamente, e bolei um plano, poderia funcionar, fingi que não percebia suas atitudes com relação a mim e fiz-lhe um grande elogio a respeito de como ele tocava e cantava muito bem. Eu conhecia uma pessoa em uma gravadora que talvez pudesse ajudar-lhe a gravar um disco e que assim que eu estivesse com tudo acertado voltaria ali para buscá-lo. Não sei bem como, mas funcionou e ele ficou entusiasmado. O resto da festa transcorreu muito bem e em seguida viajamos em lua-de-mel.
Após uns seis meses soubemos a notícia de que esse desafortunado rapaz havia sido assassinado barbaramente, com sessenta tiros e umas trinta facadas. Havia realmente muita gente querendo sua morte pelas mortes que ele teria feito. Comentava-se inclusive que a própria polícia era interessada em que ele morresse. Dentro de seu bolso encontraram uma foto ensangüentada de minha esposa.
Passaram-se agora trinta e cinco anos de um feliz casamento que me deu quatro filhos e sete netos. Tudo pelo que passei para conseguir realizar esse casamento, apesar dos sustos e atropelos valeu a pena e eu faria tudo de novo se preciso fosse. Porque Deus me concedeu a graça de ter como esposa uma criatura maravilhosa que vem fazendo parte da minha vida e de mim mesmo, também como minha mãe e amiga. Disso posso me orgulhar, tenho o privilégio de amar uma pessoa que viveu comigo todos os momentos de felicidade e também de dificuldades. Não me vejo sem ela ao meu lado e quero ficar sempre assim, junto dela. Motivo pelo qual posso dizer que meu casamento enfim deu certo.
Esta história é verdadeira, todos os seus personagens também o são e os que sobreviveram ao tempo podem confirmá-la.
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