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domingo, 15 de maio de 2011

TUDO PELO SOCIAL

TUDO PELO SOCIAL



Para ser um bom Agente de Saneamento precisamos primeiramente gostar do tipo de trabalho voltado para a coletividade, e nos contentamos em saber que esse trabalho é muito compensador por esse lado, e somente por esse lado. É um trabalho que não “aparece” porque a nossa produção é não permitir que apareçam moléstias que possam ser evitadas. Nossa recompensa maior é muitas vezes, não haver motivo para que nosso trabalho seja comentado, porque se ele o é, isto quer dizer que alguma coisa vai mal, ou seja, apareceu algo sempre indesejável, como um surto de alguma doença. Além disso, esse trabalho não se contenta com um esforço de nossa parte empreendido menor que o de corpo e alma.
Do Agente de Saúde é exigido ainda pela prática diária, um ‘jogo de cintura” muito grande para que se consiga atingir os objetivos e metas traçadas. Eu fiz vários cursos para facilitar minhas atividades; desde enfermagem, socorrista, parteiro, e todos os que tiveram acesso na área de saúde, até cursos bíblicos, e de psicologia, além de coisas aparentemente disparatadas como o de vendedor. Tudo isso, para poder prestar o melhor atendimento possível.
Há trinta e cinco anos atrás, quando fiz meu curso específico de Auxiliar de Saneamento não se exigia uma escolaridade mínima, e eu que tinha somente a quinta série, pude me sair bem. Mas, isso nunca me foi motivo para acomodação, sendo que quando tive a oportunidade me formei a nível médio no curso de Magistério; também visando o que o curso me daria em conhecimento para me ajudar na abordagem de meu público, e sua conscientização. Isso já aos quarenta e seis anos de idade.
Mas, certamente o que mais me ensinou foi às lições que a vida me aplicou ao longo de minha existência, no labor de todo dia.
Para ilustrar melhor isso, vou contar brevemente o que me aconteceu há pouco tempo atrás, quando em 1996 abriram-se trinta vagas para o Paraná em um curso de Técnico de Vigilância Sanitária. Fomos em quatro pessoas de minha cidade para prestar os exames de admissão, ambos os quatro bem preparados para tal, e chegando lá a concorrência e a pressão aumentaram sensivelmente ao sabermos que enfrentaríamos concorrentes formados a nível de terceiro grau. Fizemos as provas que eram compostas de duas etapas; uma escrita e outra uma entrevista com dois psicólogos, e se conto agora que eu estava entre os trinta selecionados, faço isso para deixar bem claro que o que me valeu diante de concorrentes tão mais preparados academicamente, foram certamente os anos que dediquei ao meu trabalho.
E se hoje, me proponho a querer passar algumas das coisas que aprendi, creiam-me que não o faço para me exibir e sim por que acredito que posso contribuir com alguma coisa para os profissionais da minha área. E acredito que essa contribuição não precise ser direta, já que sei que até os futuros profissionais dessa atividade, ao chegarem á minha idade de serviços certamente irão acumular tanto ou mais conhecimentos e experiências em suas vidas. Acredito sim, que com simples fato de se expor pequenos fragmentos de nosso trabalho diário, esse passe a ser mais conhecido, melhor entendido e até que isso possa ajudar na colaboração que os cidadãos precisam prestar; porque o nosso trabalho só tem razão de ser por eles, e depende de que eles colaborem. Sozinhos, nos Agentes Sanitários não conseguiríamos nada.
Para as pessoas que estão de fora da realidade de meu trabalho, é até comum acreditarem que meu salário seja, alto devido à penetração que tenho na sociedade, mas eu garanto que isso eu consegui com a dedicação ao meu trabalho, coisa que realmente amo fazer; e garanto também que até gostaria de que o meu salário fosse o que algumas pessoas me creditam, pois depois de passarem dois exames vestibulares, a minha atual maior frustração é não ter podido pagar o curso.
Sempre me identifiquei com o quanto a questão cultural tem influência no sanitarismo, e por esse motivo cheguei a fazer algumas incursões na área de comunicação de massa para melhor difundir os esclarecimentos tão necessários à nossa população. Nessa tarefa, aparentemente a sorte me sorriu, pois criei um programa de rádio onde se faziam comparações entre o antes e o depois de se implantar as regras de: higiene no lar, a grosso modo uma comparação entre a civilidade e a ignorância. O que seria atrasado e o que seria esclarecido. E nunca, até hoje, tive notícia da existência de algo parecido. Quando falo em cultura, não estou necessariamente glorificando essa deusa a que se vai buscar em bancos de escolas, mas sim que ela está à nossa volta no nosso cotidiano; basta prestarmos atenção ao que acontece em nosso meio social e nos surpreenderemos com o quanto se pode aprender. Costumo dizer que a minha profissão é muito “espinhento”, mas que se a gente tiver paciência para achar o meio mais criativo e simpático de praticá-la, esta nos dará como colheita as mais belas flores.
Digo isso porque, baseado em meu trabalho obtive honrarias das quais acredito ser justo me orgulhar: fui por duas vezes vereador de minha cidade, e há pouco tempo o Poder Legislativo Municipal me honrou com a oferta de um título de Cidadão Honorário, pelos relevantes serviços prestados na área social. Confirmando assim minha crença de que, se fazemos nosso trabalho com entrega e amor, da melhor maneira que nos for possível, seja qual for esse trabalho, sempre haveremos de ter orgulho dele.







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