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terça-feira, 15 de novembro de 2011

UMA GRANDE E FANTÁSTICA HISTORIA DE AMOR E AVENTURA

UMA GRANDE HISTÓRIA DE AMOR INTEIRAMENTE VERDADEIRA


Obviamente, algumas pessoas irão pensar que até mesmo devido ao título esse texto seja mais uma daquelas histórias romanescas que se vê aos montes pela vida afora. Não lhes tiro o direito de pensar assim, mas afirmo diante de Deus e de minha honra que os fatos são realmente verdadeiros. O ano de 1966 me encontrou realizando um de meus grandes sonhos na vida, e mal sabia eu, esse abençoado ano também me traria outro sonho bom e o que era melhor ainda a possibilidade de realização também desse.
Estava trabalhando na enfermagem em um hospital. Sonho há muito tempo acalentado e que agora eu vivia.
Nesse mesmo hospital trabalhava uma enfermeira que me chamou a atenção e o fato é que eu estava enamorado e vou poupar a paciência de meus caridosos amigos leitores abstendo-me de contar em detalhes como ela era linda e perfeita e tudo o mais que a gente sente nesse momento de extrema realização que é estar amando.
Tanto maior se fez minha felicidade quando soube que era correspondido em meus sentimentos. Mas devido ao espírito da época ser muito conservador com relação à imagem de respeitabilidade do estabelecimento o diretor do hospital onde trabalhávamos e também morávamos proibia terminantemente o envolvimento amoroso entre seus funcionários, fossem esses quais fossem. Então estávamos em situação realmente difícil porque éramos dependentes de nosso local de trabalho até mesmo em questão de moradia.
Mas como Deus deu à minha amada graça de ser bastante corajosa, entramos em acordo de que sairíamos do hospital para podermos casar, e ela voltou para a casa de seus pais e eu para a dos meus.
Já nesse tempo funcionários da saúde não eram bem renumerados e por esse motivo, tanto eu quanto ela não tinha muita coisa, na realidade nada já que nem para a roupa que seria usada para o casamento tínhamos dinheiro. Motivo que nos levou a nós socorrermos com nossos pais.
Decorridos uns trinta dias me pus a caminho da casa do pai de minha amada para pedir-lhe oficialmente em namoro diante de seus progenitores, como mandava o costume muito salutar que hoje já não se usa. E para aproveitar a ocasião e economizar outra viagem de trinta e cinco quilômetros que eu havia feito a pé pelo fato de estar caindo um temporal que impedia o tráfego de ônibus naquelas estradas de terra, acabei por pedir também sua mão em casamento. Com tudo acertado junto ao futuro sogro, fomos ao local chamado Cristo Rei onde providenciamos os trâmites necessários para a realização do casório que ficara acertado
para o dia nove de maio no ano de 1966. Fomos de jipe que era o único meio de transporte que conseguia transitar naquele lamaçal, e para manter a escrita da boa sorte que parecia estar me sorrindo, aproveitei para deixar acertado com o condutor do veículo também o transporte no dia do casamento. Meu futuro sogro mantinha velhas e boas relações com uma família da localidade, e acertou junto a estes que minha futura esposa usaria sua casa para se aprontar no dia do casamento, já que viria de longe por uma via de tráfego difícil e seria muito desconfortável e até mesmo desaconselhável vir pronta de sua própria casa. Já quanto a mim não haveria problema devido ao fato de que naquele tempo existiam muitos matagais dos quais poderia perfeitamente me servir para a troca de roupas.
Tudo vinha se acertando maravilhosamente bem apesar de pesares e da situação em que entraríamos para a nossa vida de casados. Mas o destino sempre nos traz algumas lições que devemos aprender querendo ou não. Uma das maiores lições nesse período foi o surgimento de um sujeito que se dizia ex-namorado de minha querida e bela noiva. Namoro que ela garantia nunca ter existido a não ser na cabaça dele. E a cabeça dele aparentemente não funcionava direito porque esse sujeito achou que se amedrontasse minha noiva ela cederia se casando com ele. Ameaçou me matar caso tentássemos realizar o casamento. Coisa que tentou fazer disparando uma arma contra mim uma vez, mas que graças a Deus não chegou a me atingir. O tempo foi passando mesmo que se arrastando e estava chegando a tão esperada data do casamento. a trato é que eu me dirigiria à casa de meu sogro para partir daí até a comunidade em que nos casaríamos, e eu parti três dias antes da data, um tanto por pressa mesmo, mas outro tanto por necessidade. Eu morava em Santa Catarina e ela no Paraná naquele tempo. Quando cheguei a Capanema, que era distante uns trinta quilômetros da casa meu futuro sogro, para confirmar que a vida da gente era um eterno ciclo desandou um temporal que impedia o ônibus de transitar e eu me pus a caminhar novamente. Ainda assim acabei chegando dois dias antes da data, no dia 7 de maio de 1966.
No dia marcado, estávamos todos esperando o jipe para nos levar ao casamento quando para nossa surpresa apareceu o motorista sem o carro. Viera para nos avisar que não poderia fazer a viagem porque o temporal havia derrubado a ponte e com certeza estava muito forte para se passar.
Confesso que isso teve um efeito negativo no ânimo geral, já que a festa toda estava preparada e eu por meu gosto achava que a coisa estava se complicando demais. Mas, havia uma solução. Temerária, mas havia. Poderíamos seguir para a localidade de barco através do Rio Iguaçu que ficava a uns cinco quilômetros a pé e fazer dentro do rio um trajeto de mais doze quilômetros. Obviamente haveria fatores para complicar a empreitada, sempre há. O fato é que só existia um barco e os dois melhores marinheiros eram pai e filho, dos quais o pai era cego e o filho sofria de ataques de epilepsia. Mas, o coração que ama não sabe medir esforços e nos propusemos a fazer a viagem. Em cada ponta do barco pusemos um grande cabide em forma de cruz para transportar as roupas dos noivos o mais seco possível.
As cinco horas da manhã partimos sob uma forte neblina que dificultava a visão do caminho e tivemos que seguir com muito cuidado para não encalhar nas pedras e mesmo assim encalharíamos várias vezes até chegar, fora o fato que enfrentamos muitos perigos descendo quedas d’água O Rio Iguaçu as margens do Parque Nacional próximo as Ilhad duas irmãs na região do Alto Faradai.  Cascatas e também não foram poucas as vezes que tivemos que carregar o barco nas costas nos trechos em que não se podia navegar. Depois de todo o tipo de sacrifício e cansaço chegamos à beira do rio onde desembarcaríamos para enfrentar mais cinco quilômetros de estrada à pé até o local de Cristo Rei Distrito de Capanema onde o juiz
poria fim a minha angústia de esperar. Chegando, minha noiva foi correndo para a casa dos amigos de seus pais, com quem se acertou que ela ficaria para se arrumar, enquanto que eu me dirigi ao cartório para apresentar nossas desculpas pelo atraso que até o momento era de mais de uma hora. Para coroar ainda mais o rosário de minhas decepções, ao chegar ao cartório fiquei sabendo através da família do juiz que este achando que não viríamos mais, havia se deslocado para atender outro compromisso no interior da localidade. E eis que tinha mais um motivo para me desesperar com aquele casamento que parecia se negar a acontecer. Mas como sempre que resolvíamos um problema surgia outro, também sempre que surgia outro surgia uma solução para ele, e surgiu uma solução também para este. Havia um ônibus velho que
 estava já fora de circulação, mas que me garantiram que funcionava, e eu o contratei para que fôssemos atrás do bendito juiz. E depois de vários quilômetros em que minha ansiedade e meu desespero só aumentavam, encontramos o meritíssimo no lombo de seu cavalo andar tranqüilamente, este quando nos viu até se surpreendeu porque já julgava que havíamos desistido e nos casar e ele desistiram de nos esperar devido a ter que atender este outro compromisso, para o qual estava se dirigindo agora.
Depois de alguns acertos ele finalmente aceitou amarrar seu cavalo no mato e nos acompanhar de volta deixando bem claro que a cerimônia deveria ser bem rápida porque ele tinha hora marcada com aquelas outras pessoas que estava indo ver e não poderia faltar. Mas, era isso que eu queria mesmo, uma cerimônia bem rápida para aquietar meu espírito depois de tantos sobressaltos. E é claro que eu concordei até em pagar para que o carro voltasse para levar o juiz ao seu compromisso.
E creiam ou não ao chegar ao povoado e me dirigir rapidamente a casa onde deveria estar já pronta a minha noiva, recebi a notícia de que ela estava atendendo um parto no local onde se aprontava, a gestante estava a dias sofrendo. Ambos a mãe e o bebê corriam riscos de vida e sendo minha futura esposa uma enfermeira e ainda por cima com grande experiência em partos, não poderia de maneira alguma se negar a prestar esse socorro. Obviamente essa notícia não teria um reflexo muito positivo no espírito do juiz a quem eu garantira a estar com tanta pressa quanto a ele mesmo. Certamente minha pressa era até maior. Mas, nesse caso não havia nada que pudesse ser feito. De um lado a pressa, mais que justa do juiz, e do outro o risco de vida de uma mãe e seu bebê. A opção era mais que óbvia para qualquer um. Meu casamento via
seu futuro ameaçado novamente. Depois de algumas horas quase explodi de felicidade ao ouvir o choro do recém nascido. Soltei um grito no nome de minha amada acompanhado de um soco no ar, bem ao estilo dos filmes sobre o velho oeste, vendo a seguir a beleza de mulher que eu esperava tanto e de tantas maneiras, aparecer desabotoando o avental que estivera preso sobre seu vestido de noiva. E corremos para os braços um do outro para logo a seguir descer correndo e de mãos dadas à rua que levava ao cartório, cinco quadras distante dali. Só depois de chegar lá que eu percebi a mancha de sangue no vestido, bem à altura de seu ventre. Isso é claro intrigou o juiz e então, antes de nos casarmos, ainda tivemos que explicar tudo ao perplexo e bondoso senhor. Enfim, casados. Retornamos à casa dos senhores em que nos aprontamos para a cerimônia uma eternidade atrás. Voltaríamos a trocar de roupas para seguir para a casa de meu sogro aonde iríamos finalmente e com muita alegria festejar o acontecimento, que muitas vezes quase que deixou de realmente acontecer. Meu sogro providenciou algumas lingüiças para comermos na viagem de volta para sua casa onde a festa estava armada, e nos pusemos no caminho, pois agora depois de quase não conseguir se casar, só nos faltaria não poder festejar o acontecimento, que a esta altura já tinha motivos quase incontáveis para ser festejado.
As tais lingüiças acabaram por nos dar ainda mais um susto. E que quando estávamos com muita fome e cansados, paramos à margem do rio Iguaçu no lado do Parque Nacional para descansar e aproveitaríamos
para assar algumas delas e comermos. Não sei se foi o cheiro da lingüiça ou o nosso, o fato é que nossa presença atraiu um conviva que não fora convidado: um tigre que vinha se aproximando mais e mais e nos pôs em desabalada carreira em direção ao barco. Se sua intenção era nos comer se deu mal porque todos conseguimos escapar, agora se o que ele queria eram as tais lingüiças, se deu muito bem porque ninguém se importou em deixá-las para trás na fuga. Agora a solução seria comer na festa. Fato que poderia até ser contestado, do jeito que estávamos indo era bastante possível que nossa festa já tivesse acabado quando chegássemos cansados, mas de minha parte, mesmo assim, muito feliz. Depois de algumas horas chegamos quase ao nosso destino, ainda teríamos que andar um bom tanto até a casa, mas isso parecia agora de pouca importância; e fomos nos trocar novamente para chegarmos como recém casados mesmo.
Quando estávamos nos dirigindo para a casa, tivemos mais surpresas, uma delas muito boa; do meio do mato que rodeava a estrada saíram os convidados a tocar em gaita e violão a valsa dos noivos, valsa mais que merecida em minha opinião. E fomos conduzidos até a casa em forma de cortejo. Tudo muito bonito. Mas, como eu já contei as surpresas eram duas, e a segunda era o fato de que entre os convidados estava o rapaz que jurara me matar e até atentara contra minha vida. Era ele que tocava a gaita me olhando de maneira muito estranha como quem tem algum plano que lhe parece muito bom. A coisa voltava se complicar e eu tinha de dar um jeito, novamente, e bolei um plano, poderia funcionar, fingi que não percebia suas atitudes com relação a mim e fiz-lhe um grande elogio a respeito de como ele tocava e cantava muito bem. Eu conhecia uma pessoa em uma gravadora que talvez pudesse ajudar-lhe a gravar um disco e que assim que eu estivesse com tudo acertado voltaria ali para buscá-lo. Não sei bem como, mas funcionou e ele ficou entusiasmado. O resto da festa transcorreu muito bem e em seguida viajamos em lua-de-mel.
Após uns seis meses soubemos a notícia de que esse desafortunado rapaz havia sido assassinado barbaramente, com sessenta tiros e umas trinta facadas. Havia realmente muita gente querendo sua morte pelas mortes que ele teria feito. Comentava-se inclusive que a própria polícia era interessada em que ele morresse. Dentro de seu bolso encontraram uma foto ensangüentada de minha esposa.
Passaram-se agora quarenta e dois anos de um feliz casamento que me deu quatro filhos e sete netos.
Construimos o nosso lar fruto de nosso trabalho, onde moramos confortavelmente esofruindo de nossa aposentadoria envelhecendo com saúde aguardando o dia em paz para partir para outra vida. Tudo pelo que passei para conseguir realizar esse casamento, apesar dos sustos e atropelos valeu a pena e eu faria tudo de novo se preciso fosse. Porque Deus me concedeu a graça de ter como esposa uma criatura maravilhosa que vem fazendo parte da minha vida e de mim mesmo, também como minha mãe e amiga. Disso posso me orgulhar, tenho o privilégio de amar uma pessoa que viveu comigo todos os momentos de felicidade e também de dificuldades. Não me vejo sem ela ao meu lado e quero ficar sempre assim, junto dela. Motivo pelo qual posso dizer que meu casamento enfim deu certo.

Esta história é verdadeira, todos os seus personagens também o são e os que sobreviveram ao tempo podem confirmá-la.

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