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sábado, 6 de março de 2010

A LENDA DE SÃO JOÃO MARIA (RS)

Fala-se, aqui no Rio Grande do Sul, da história do Monge conhecido pelo nome de João Maria, um homem santo que possuía o poder de curar através de ervas e seus poderes divinos. Ele era um andarilho que vivia só e não costumava visitar as casas. Sempre acampava ao ar livre e cravava no chão seu cajado de pastor. Quando partia, o cajado ficava lá e mais cedo ou mais tarde criava folhas, galhos e frutos e em seus ramos pássaros costumavam residir.
Aqui nos pampas do sul o monge ficou conhecido em Rio Pardo, Candelária, Soledade e em muitos outros rincões, mas foi em Lagoa Vermelha que sua lembrança ficou mais viva. No centro da cidade, ele tocou com o cajado em uma pedra e nasceu uma fonte, a Fonte de São João Maria, que abasteceu a cidade de água durante muito tempo e que ainda existe até hoje.

Era, porém um tempo de guerras e revoluções, no fim do século passado e algum caudilho mandou matar o Santo do século passado alegando que era espião. Os degoladores foram até o lugar onde acampava São João Maria e, chefiados pelo famoso Neco Rengo, degolaram o santo homem. Voltaram os degoladores para a cidade e lá ficaram sabendo que São João Maria estava vivinho da silva, no seu lugar de sempre. Foram atrás dele, novamente, encontraram-no e degolaram-no outra vez, voltando então à cidade para beber e festejar. Aí ficaram sabendo, de novo, que o santo permanecia vivo...Pela terceira vez os degoladores foram à sua procura e lhe cortaram a garganta, outra vez.
Mas São João Maria não morreu. Ficou ali o tempo que quis, até que partiu, no rumo de Santa Catarina. No lugar em que ele foi por três vezes, assassinado, o povo humilde começou a fazer pedidos e promessas, a acender velas e a trazer flores. Com o tempo, mãos piedosas ergueram uma cerca de ferro resguardando o "túmulo de São João Mria", que está até hoje, enfeitado de flores, iluminado por velas, bordado de placas e "ex-votos", quase dentro do perímetro urbano de Lagoa Vermelha.

Antonio Augusto Fagundes, acrescenta em nota que:
"Fidelis Dalcin Barbosa é que dá o apelido de Neco Rengo = Barba Azul e entrevistou em 1974, um velinho de 95 anos que conheceu pessoalmente São João Maria. O entrevistado confirmou tudo a respeito do Santo Monge, até o seu sotaque estrangeiro e nomeia os seus amigos, na região, como Henrique Boeira. Um neto deste, o barbeiro Pedro Boeira, recebeu na década de 50 a visita do Santo Monge ou de alguém igual a ele. A lenda de São João Maria continua...
Demétrio Dias de Moraes conta que o profeta foi degolado por Neco Rengo na revolução de 1893, em obra citada."
No Paraná, na cidade de Prudentópolis também o nome São João Maria é citado como um santo fazedor de chuva. Também dizia-se que quando alguém, sentia alguma dor e ele falava o incomodo passava. Procurava sempre acampar em lugares próximos da água.
Em Prudentópolis, existem locais próximos da sede da cidade como Linha Ronda, Linha Ivaí, São João do Rio Claro e bairro Pousinhos, com inúmeros olhos d’água. A crendice popular acredita ser possível a cura de determinadas doenças, através da água ou do barro dos olhos-d’água de São João Maria, existentes nesses locais. Ainda nos dias de hoje, muitas crianças são batizadas nesses olhos-d’águas.
Como profeta predisse que um dia haveria uma estrada preta que iria tirar a vida de muitas pessoas. Na época associaram a tal estrada como sendo aquelas em que trafegavam as carroças, mas hoje sabemos que as estradas pretas são as que conhecemos como asfaltadas e matam muito mais do que câncer ou aids e acarretam tristeza e desespero para inúmeras famílias que perdem seus entes queridos em trágicos acidentes.

O São João Maria é mais um dos homens santos que veio para essa terra para ajudar os seres humanos e, como a maioria deles foi mal interpretado e degolado por três vezes. Mas ele não perdeu a fé nos homens e continuou sua jornada e conseguiu seu intento, pois ele é lembrado por sua humildade e amor pela humanidade ainda hoje.
João e Maria, imitando Cristo, empreendeu sua missão na terra, como um homem entre os homens. Sua mensagem sempre foi de otimismo e fez o homem acreditar que não é um brinquedo nas mãos de forças cegas e de que não está condenado à sustentar uma guerra fraticida de todos contra todos, mas sim uma criatura de Deus, um ser livre, que está destinado a viver sobre a terra até que o germe da perfeição divina que nele permanece possa crescer e tornar-se forte.
João Maria é lembrado como um profeta, um líder carismático, um curandeiro, um milagroso, benzedor, monge, um peregrino, um João de Deus. É lembrado também como apóstolo, um enviado de Deus, um santo, como alguém que não morreu, continua vivo, encantado...!

Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO
Bibliografia:
Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul - Antonio Augusto Fagundes

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