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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O CABOCLO PIONEIRO

O CABOCLO PIONEIRO


Hoje existe um grande interesse pela história da Região. Há 10 mil anos aqui existiam os índios e no século passado vieram os caboclos, os escravos, os portugueses e os espanhóis. Só apartir da década de 40 que os imigrantes alemães, italianos e poloneses, vindo do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, começaram a
povoar a região. Todavia existe um personagem desconhecido e pouco valorizado que é o caboclo. As etnias são estudas e agora surge o caboclo o “brasileiro”, ou “o luso-brasileiro”, Na região de Palmas e Guarapuava, antes de 1836, só existia is indígena ocupando esta terra. Mas apartir do fim da guerra do contestado, em 1912 os caboclos chegara a região. O caboclo é o resultado do escravo e do índio. Os caboclos se localizavam em Lagoa Vermelha, Vacarias, Lages, Palmas e Joaçaba. Com entrada das firmas colonizadoras na região, tornou-se difícil a vida dos caboclos. Cada vez mais foram empurrados para o interior. Dede 1940, chegaram às serrarias onde os caboclos eram aproveitados para os trabalhos mais humildes outros trabalhavam na extração na erva mate ou na criação de porcos “soltos” Chamavam também, nessa época, de safra dos porcos.
Com a crise da erva mate,em 1931, recomeçou a criação de porcos soltos e pequenas roças ocupavam o tempo dos caboclos. A safra de roças consistia nas derrubadas das mortas, queima da ária e plantio. De milho, arroz e abóbora. Com a entrada dos colonizadores de origem italianos e alemães tornou-se inviável a criação de porcos soltos. Para os italianos os caboclos eram intrusos e eram retirados pelos colonizadores. Os caboclos iam adiante e via as suas tradições religiosas serem destruídas. Como os caboclos não tinham dinheiro, vendiam as suas posses por qualquer quantia. Cada caboclo tinha um cavalo encilhado, um facão e dois revolver. Suas principais festas eram a de São Sebastião E da bandeira do Divino Espírito Santo. Para isto se preparava o ano todo, preparavam poços, preparava doces e compravam roupas especiais. Com a entrada das capelas os caboclos se desestruturaram na vida da fé simples e o clima de então desapareceu, o papel de promessas acabou. Havia também a mesada dos inocentes, realizado no dia Santo Protetor, como pagamento da graça alcançada. Mas, como as festas nas capelas visavam obter fundos para a igreja ou escola, com uma centralização dos recursos sem nem uma redistribuição, as participações dos caboclos era insignificante nestas festas oficiais.
Havia entre os caboclos a alegria, a fartura e a solidariedade, este aspecto impõe ao presente, onde é cada um por si, onde os serviços são cobrados, e a terra ninguém sede. Estes fatos fizeram com que os brasileiros, os caboclos, fossem considerados estrangeiros em sua própria terra. Cultivava a fé no profeta João Maria (ou São João Maria), monge João Maria Agostini, um profeta que caminhava pelo mundo. Para os caboclos existem muitos conflitos com a igreja católica, mas eles não falam por serem muito humildes. Com a chegada das cidades, e do progresso, os caboclos foram se retirando para o Mato Grosso, Rondônia e outros para o Paraguai. Alguns continuaram resistindo em regiões de difícil acesso, nas margens dos rios, nas favelas e até nos assentamentos. Alguns se tornaram pequenos proprietários e não admitem serem chamados de caboclos. Aqueles que conseguiram estudar e se formar nas faculdades, hoje pensam diferente dos seus ancestrais. Alguns residem nos assentamentos dos sem terras.
Sua memória merece ser recuperada por ser um pioneiro esquecido e porque foi um desbravador regional.
Monsenhor Natalício José Weschenfeder
Livro: Nossa Terra Nossa Gente - Clevelândia

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