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segunda-feira, 6 de junho de 2011

MUITOS CAPÕES - A TRAGETÓRIA DE UM GRANDE TROPEIRO

MUITOS CAPÕES (RIO GRANDE DO SUL)

HISTÓRIA DA CIDADE ONDE NASCI:
Muitos Capões, a pequena localidade fica às margens da BR 285, entre Vacaria e Lagoa Vermelha. Município recém-instaurado, formada por campos e pinheirais, na área preserva muitos papagaios e outros animais em seu habitat natural. É um traço marcante do cenário a força das tradições gaúchas. É uma cidade que as crianças brincam nas ruas sem perigo e o chimarrão é tomado despreocupadamente nas calçadas sem ter o cuidado com marginais ou assaltantes. Muitos Capões chamava-se, primitivamente, Raia da Capoeira. A Capela de Santo Antônio dos Muitos Capões foi inaugurada no dia 13 de junho de 1901, pelo Vigário PE. Mário Deluy, por cuja iniciativa foi construída, tendo o fazendeiro Manuel Martins de Barros e sua esposa Polidora Barros feito doação do terreno para a capela, praça e povoado. Nesse mesmo ano de 1901, foi construída uma casinha, no início da raia e, nela, funcionou a 15ª Escola Pública de Vacaria. Nesta escola tive o privilégio de me matricular pela primeira vez ao completar os meus sete anos, a minha professora lembro ainda o seu nome, professora Cloer, só não tenho lembrança se era o seu nome ou sobrenome e teve como regente o professor José Rodrigues Padilha. Entre os primitivos povoadores do Distrito de Muitos Capões, destacam-se os fazendeiros: Manuel Galvão dos Santos, falecido em 1923;


Anastácio Antônio da Costa, falecido em 1922, pai de D. Adelaide Moreira Nery, esposa do Sr. Dinarte Nery dos Santos; Antônio Maria do Sacramento; Manuel Cabral; Pedro de Sousa Godinho; Vilardo Moreira a Senhora Seluta, viúva proprietária de uma fazenda próxima a Muitos Capões aproximadamente 6 (seis) Kilometros em direção da localidade de Extrema, o meu pai Belarmino Monteiro da Silva administrou a sua fazenda de sua mão a fazenda de sua propiedade que era da senhora Seluta. Por muito tempo foi nesta fazenda que o meu pai perdeu um dedo arrancado por uma armadilha do laço, na ocasião ele apartava um boi para levar para a cidade de Muitos Capões na época um vilarejo, solicitação da proprietária da fazenda Sra. Seluta. O meu pai foi atendido no hospital de Vacarias, na ocasião só tinha uma farmácia em muitos Capões na frente da igreja no outro lado da rua. Anos depois o meu pai vendeu uma fazenda de sua propriedade para a família Roveda por 600 contos de reis
Em 1908, Muitos Capões receberam a visita de Dom João Antônio Pimenta, Bispo Auxiliar de D. Cláudio José Ponce de Leão, Bispo de Porto Alegre. Outro Bispo, que visitou Muitos Capões, foi D. João Becker, em 19/03/1933, tendo como secretário o PE. Alfredo Vicente Scherer, seu sucessor e primeiro Cardeal de Porto Alegre. O meu pai nasceu em 25 de novembro de 1909 o meu avô Atanásio Monteiro da Silva Nasceu em 1879 ambos em Muitos Capões.
Em 1918, entrava, em Muitos Capões, o primeiro automóvel, de propriedade de Narciso Maccari, forte comerciante da Extrema. Em 1936, tendo à frente da comissão Ramiro Hoffmann Godinho e Pedro Guagnini, foi construída a nova capela, que serviu para o culto até 1960, quando foi inaugurado o novo templo, de alvenaria. Desde alguns anos, residem, na vila, as Irmãs de São José, que lecionam no Ginásio Santo Antônio, inaugurado, em 1968, e auxiliam no culto religioso, atendido pelos Padres da Paróquia da Catedral. O Distrito de Muitos Capões foi criado, em 18/10/1917, por ato nº 52, sendo intendente Severiano Borges Pereira. O Distrito possuía uma área de 400 Km2. Graças à rodovia BR 285 e ao Ginásio Santo Antônio, Muitos Capões era a única vila da região que progredia. A sede do atual Município está a 985 metros de altitude. Em 1939, Muitos Capões inauguravam a primeira usina hidrelétrica do Município, com grandes festejos, missa campal celebrada por D. Cândido Bampi, discurso do Prefeito Dr. Sátiro Dorneles de Oliveira Filho, estando presentes outras autoridades municipais. A usina de 18 quilo vates estava instalada no arroio da fazenda de Raimundo Nery dos Santos, a 1.300 metros da então vila. Em 1978, a vila passou a receber energia elétrica da Companhia Estadual de Energia Elétrica - CEEE. As reuniões sociais realizam-se, no Clube União Capoense, que foi destruído por um incêndio, em 1976, sendo construído um novo prédio de alvenaria, sob a direção de Adelgides Teixeira Borges (falecido em 1977), Luiz Roveda, Osvaldo Hoffmann Nery e Alcides Moreira.
O Ofício Distrital de Muitos Capões foi criado, em 1917, tendo como escrivão Claro João Pereira, até 1938, seguido de Francisco José dos Santos, até 1944, de José Alves da Costa, até 1974 e daí, Rita E. Stoffel Mondadori. Em 1977, o Estado encampou o Ginásio Santo Antônio, que vinha sendo mantido pela comunidade. O Grupo Escolar Dom Frei Vital de Oliveira, que funcionava, no antigo prédio, passou a ser integrado ao Ginásio Santo Antônio. Por volta do mês de Março de 1993, numa tarde ensolarada, reuniram-se, nas dependências do Clube União Capoense, um grupo de amigos que residiam aqui na comunidade para tratar da ampliação dos telefones e formar a Comissão da Associação de Moradores de Muitos Capões. Depois da reunião, este grupo de amigos ficou jogando conversa fora, foi então que o Dr. Herculano Leoni Rahde teve uma brilhante idéia: Emancipar esta pequena e simples vila de Muitos Capões, alguns riram e ficou por isso mesmo. Depois de alguns dias, reuniram-se novamente e aquela idéia foi um pouco mais adiante, e já envolvia um número maior de pessoas.
Dr. Herculano Leoni Rahde juntamente com os demais amigos, Srs. Orestes Roveda, Wolnei Teodoro de Oliveira Tschoepke, Dr. Itamar Bento Neri Duarte, João Almir de Oliveira, Valdir Xavier Bilhar, Telmo Borges Rossi, Osmar Oliveira, Mara Lúcia do Amarante Padilha e outros foram se organizando. Esta idéia


foi se concretizando, pois foram realizadas reuniões em todas as localidades que faziam parte ou queriam ser emancipadas. O município de Muitos Capões que conquistou sua independência político-administrativa, independência econômica, vem agora conquistar uma identidade cultural própria através da Festa do Pinhão. A festa tem ainda o objetivo de fortalecer economicamente o município além de proporcionar lazer à comunidade de Muitos Capões e aos visitantes. A partir de 1996, Muitos Capões começou a escrever uma nova história. Uma história que está sendo escrita com muito trabalho, seriedade e comprometimento.
- Aproveitei as histórias contada nesta página da internet escrita pelos gaúchos de Muitos Capões para da brilhantismo e inspiração a minha história, se o meu umbigo está enterrado nesta cidade, eu me sinto o dever de dizer com muito orgulho, que também fiz história em Muitos Capões.
O meu nome é Antonio \monteiro da Silva nascido nesta terra, dei inicio em minha vida respirando os ares destes pampas, não só eu, mas também cuaze toda a minha geração. A minha permanência nesta terra foi assim. Até aos oito anos de idade meus lugares prediletos foi no campo onde moravamos na fazenda da Dona Seluta na cidade de Muitos Capões no Rio Grande do Sul, a nossa diverção era explorar os caminhos entre o as árvores e as planície verdejante dos campos. Uma vasta área em que papai cuidava do gado de corte e de produção de queijo e leite, durante uma boa parte do ano papai se dedicava em fazer laço e arriames para aperos de animais. Na fazenda existiam muitas criações, era lindo de se ver, o gado pastando, lambendo sal nas coxilhas.
 Os animais deixavam trilhas por baixo daqueles arbustos e em alguns lugares formava-se uma clareira. As trilhas eram caminho com terra batida pela passagem dos animais assim como galinhas, pássaros, e demais animais domésticos, alguns animais selvagens como pequenos veados, gatos do mato, jaguatiricas, entre outros. Aquelas trilhas eram cheias de encruzilhadas e sempre dava em alguma clareira lugares agradáveis para se brincar. Muitas vezes eu e meus irmãos Orlando e a Maria Olivia tinha-mos que nos abaixar para passar, pois as trilhas em forma de túneis eram baixas mas em boa parte nós podia-mos caminhar quase sempre de pé, mas sempre abaixando a cabeça. Nos bassorais fasía-mos casas enfeitadas com flores do campo e ali nós passava-mos horas brincando, ora observando os pássaros que ali vinham compartilhar daquela suave sombra ora explorando aqueles caminhos já prontos ou até mesmo construindo pelos cascos do gado. O tempo corria depressa até que nosso pais percebendo nossa ausência ao redor da casa chamavam por nós. Aos poucos fomos perdendo o receio e explorando os locais mais acidentados que ficava abaixo do curral, um verdadeiro precipício, nós depois de escalar os lugares mais alto gritávamos bem alto só para ouvir o eco de nossas vozes se perder nos ares.
Havia dois trechos um antes do penhasco mais profundo e outro que ficava abaixo da casa em que morava e este era mais perigoso, margeado de bastante árvores e vegetação. Depois do despenhadeiro a campina se estendia até a casa onde morávamos. As grandes mangueiras era cercada de lascão de pinheiro lascas e com varas de bem grossa fechava os grandes portões onde papai levava o gado para as banheiras que ficava anexado aos mangueirões,as vezes ainda tinha outras serventia trenos de tiro de laços e tiros de revolve ao alvo muito usado naqueles tempos, mais la na sede da fazenda da viúva Da Seluta teve momentos que nunca esqueci, mesmo passando tanto tempo, pois já se foram cuaze 60 anos, os mandarovás que caíram no meu braço ao cortar uma vara em um pé goiabeira que ficava próximo a casa vara essa para atropelar o meu cavalo, um tombo que levei do cavalo ao se assustar de um tatu que saia da
toca, dois dentes que quebrei ao me bater nas varas de porteira quando corria de uma porca que recém tinha criado, e do susto que levei quando uma pinha caiu no ombro de meu pai ao cutucar com uma taquara a pinha que se encontrava presa no galho e do acidente que meu pai sofreu quando o laço que ele usava no laçar um boi uma armadilha correu sobr o laço lhe arrancando o seu dedo minguinho em uma laçada traiçoeira, lembro também do perigo que eu passei ao me deparar com uma enorme cobra na ocasião que me banhava em um lago onde o gado tomava água,
essas águas em alguns trechos possuía a margem limpa e como suas águas eram claras me aventurava entrar onde não fosse profundo,o cachorro acostumado e treinado para a lida do campo nos
acompanhava e muitas vezes servia de alerta, seus latidos me avisavam da presença de serpentes as margens. Após nós refrescar na águas do riacho íamos a um capão de mato que por lá tinha muitos talvez também deu origem ao nome de Muitos Capões a essa cidade. Deslizavas-mos pelos capins do campo da fazenda da Dona Seluta passava-mos por galhos verdes e carregados de amoras das quais aproveitava pra deliciar-mos com aquelas frutinhas frescas e com os guamirins tingias-mos de azul os nossos lábios que mais parecia uns fantasmas do que gente normal.
As vezes íamos a cavalo engarupados para ficar na beira da estrada que ligava Extrema a Muitos Capões aproveitava o mormaço e tornavas-mos a nos refrescar com uma água límpida e fria sentavas-mos numa pedra e ficava a observar os pássaros e outros pequenos animais que por ali buscavam refúgio do sol quente. Não raro encontrava alguma serpente em busca de alimento, geralmente pequenos pássaros... Mas parece que ambos eu e meus irmãos e elas tomávamos sempre caminhos opostos e jamais procurávamos qualquer aproximação.
O local era exuberante em flora e animais por isso era muito bom estar ali, uma pena que não havia ninguém a compartilhar aqueles momentos a não ser nós e de longe os olhares de nossos pais.
Quando cansava de ali ficar adentrava no vasto pomar em busca de alguma fruta "temporona".
Dali ouvia-se toda a lida da fazenda, o som das galinhas cacarejando,um tiro de revolver disparado pelo revolve de Belarmino nosso pai ao alvejar uma carijó para aumentar o almoço, de vez em quando um latido do cão perdigueiro.
Belarmino o nosso papai, tinha como costume horar quando o ponteiro do relógio assinalasse seis horas ou 18 horas, neste momento, parece
Que toda a bicharada respeitava esta hora, até os pássaros pareciam silenciar em respeito a evocação da das palavras dirigida ao Deus criador e protetor da humanidade. Após as orações, que o nosso pai fazia questão de estarem todos reunidos,
Saiamos pelo pomar entre laranjeiras, macieiras, e outras espécies frutíferas em busca de alguma fruta madura, sempre que encontrava alguma fruta "temporão" nós colhíamos-mos com todo cuidado e corria a presentear mamãe e papai que estava lá na cozinha preparando o jantar.
- Mãe ! Olha que nós trouxemos para a senhora e para o papai?
Ah, gostava de subir a colina que no seu topo havia uma pedreira em forma de laje e de lá se avistava longe! Ficamos ali por muito tempo às vezes até o entardecer quando o sol começava a beijar o horizonte nós ouvia as vozes de nosso pai nos chama no para o jantar. Lá do alto da pedreira ouvia-se tudo, as vozes misturando-se aos outros sons, os pássaros já se preparando para seus aposentos. E o céu já numa transição de cor começava a mudar suas nuanças. Meu pai exigia que todos
estivéssemos junto a mesa na hora das refeições.
Acontece que nas minhas andanças pela fazenda as vezes era atraído pelo cheiro da comida de minha mãe lá na casa, então costumava me aproximar da casa e logo a minha mãe carinhosa que era uma peculiaridade dela chamava vem menino, come um pouco! Eu dizia não obrigado, mamãe nas esperava que ele me convidasse novamente ao mesmo tempo caminhando em direção da cozinha e discretamente me sentava a mesa . Eu em seguida era servido pelas mãos de minha querida mamãe. Eu não resistia a esta gula e assim freqüentemente eu repetia tal façanha.
Gostava muito de subir em árvores e havia muita árvore frondosa naquela época lá na fazenda da Mata. Aproveitava a ausência de papai, pois eles não gostavam de me ver arriscando subir nas maiores árvores.
Geralmente eu conseguia escalar os mais altos galhos, ah, mas a descida! Ai era uma coisa, eu ficava longo tempo lá no alto com medo de descer e não podia pedir ajuda
Mas sempre consegui subir e depois descer. É que os galhos eram grossos e as vezes longos e por ser ainda criança minhas pernas não alcançavam os galhos. Para subir era sempre mais fácil mas a descida era sempre mais preocupante.
Fim da década de cinqüenta, início da década de sessenta papai vendeu a nossa fazenda como já salientei para família Roveda e fomos morar na Capela Muitos Capões) na primeira casa ao chegar em Muitos Capões quem vem da Extrema, a Senhora Seluta que morava no canto da praça da Igreja nos fundos não ficou contente mesmo porque a intenção de papai era ir embora para Lagoa Vermelha , com a ida de meu pai a fazenda ficava sem capataz.Em meados de 1951 papai levou todos nós para a terra que ele comprou em fomos embora viver uma nova vida, vivência que poderia ser bem diferente e melhor se tivéssemos ficado em Muitos Capões.
Hoje nos meus 66 anos de vida bem vivido graças a Deus resolvi contar esta história que em toda a minha juventude sempre tinha alguém da família lembrando dessa passagem, de um homem que deu de tudo para honrar a sua família, e que a sorte não colaborou com ele. Meu pai hoje falecido, mas vivo na lembrança com um bom exemplo a ser seguido. Veja como foi o passado deste homem.
Belarmino meu pai começa sua história de maneira trágica quando perdeu sua mãe aos sete anos de idade.
Se começa triste mais triste ainda sempre foi a sina que o acompanhou por este mundo que não soube o quanto ele mereceu ser lembrado nessa pequena história.
Acontece que no período em que sua mãe estava doente, seu pai Atanásio (meu avô)o velho tropeiro assim conhecido popularmente, esse apelido que deram ao meu avô foi pelas grandes tropeadas que fazia e se deslocando do Distrito de Vacarias Muitos Capões cidade de Vacarias passando por Lagoa Vermelha com destino a cidade de Palmas no estado do Paraná se deslocando posteriormente até Clevelândia na época Clevelândia era um pequeno reduto dos tropeiros onde se encontrava com outros viajantes, nestes encontros de tropeiros muitos negócios era realizada, troca de produtos, aperos, laços, pelego tudo era cambiado, só dinheiro corriam pouco devidos os assaltos dos forasteiros assaltantes.
A ultima tropeada foi um dia antes da guerra do contestado. O tropeiro Atanásio por sinal é meu avô, era devoto do Monge João Maria, pois foi ele, que lhe recomendou que se retirasse daquele território o nome verdadeiro de João Maria segundo o meu avô era Atanaz Marcaf traduzindo em português Atanaz é o mesmo que Atanásio o nome de meu avô. A recomendação era que saísse o mais rápido possível daquele lugar, porque ali ia se desenrolar uma grande guerra, e como ele Jõao Maria tinha previsões recomendou o Sr. Atanásio que salvasse o seu couro enquanto era tempo, foram essas palavras que prevaleceu nos tempos e foi contada por muitos até que chegou a minha historia. O velho tropeiro Atanásio Monteiro gastou todo o dinheiro que a família possuía para que a esposa tivesse o melhor tratamento médico possível. Conta-se que esse dinheiro não foi pouco, mas o fato é que seu pai ficou sem condições para criar Belarmino o( meu pai) e seus irmãos; motivo pelo qual ele sendo o caçula e menos apto para o trabalho foi cedido para que servisse de companhia a um casal de velhos fazendeiros da região da cidade de Vacarias no Rio Grande do Sul.
meu pai Belarmino se deslocava de fazenda em fazenda prestando o seu trabalho, com o passar dos tempo se tornou um grande Vaqueiro. E sua realidade foi se deslocar de fazenda em fazenda, na região de muitos capões na época chamava-se Raia da Capoeira popularmente as pessoas chamava de Capela. Belarmino campeiro e bom de laço, maneira pela qual se criou. Interessando-se sempre pelo que ocorria ao seu redor, a cada ano que passava ele se tornava mais apto e afeito às lidas do campo, sendo muito bom no laço e principalmente num tipo de esporte muito praticado naquele tempo esporte que aprendeu com seu pai Atanásio o tiro ao alvo com revólver. Belarmino e o delegado Michael, que morava perto da praça da igreja eram os melhores atiradores. E aqui se apresenta o grande divisor de águas na vida de Belarmino, de tanto rolar de fazenda em fazenda acabou, aos vinte e dois anos indo trabalhar na fazenda de propriedade do casal Alexandre até pouco tempo morava em pedaço da fazenda que herdou João Alexandre propicio que ainda tem a propriedade em muitos Capões.
A família do senhor Paulo Alexandre tambem meu avô pai de minha mãem, era composta de sua esposa, dona Inês Alexandrina propicia e seus oito filhos, sendo três moças e cinco rapazes uma da filha ainda mora neste local, quem vai de Lagoa Vermelha fica a direita ao chegar à cidade, um dos filhos, que é neto de Paulo Alexandre também mora neste lugar. O Sr. João Alexandre propicio.
Demonstrando-se sempre muito trabalhador e honesto, Belarmino facilmente foi aceito no convívio com a família, principalmente com os rapazes que muito o admiravam. Era sempre convidado por estes para acompanhá-los às festas à que iam.
Numa destas festas em que compareceria o Alexandre é que tudo começou a dar errado para nosso herói.
A festa seria para comemorar o aniversário de um rapaz duma fazenda vizinha e os convidados haviam combinado fazer uma surpresa a este. Entrariam todos atirando para o alto com seus revólveres para suprir a falta dos fogos de artifício que só se podia comprar a uma distância de cinqüenta quilômetros dali.
Acontece que, apesar de ser muito bom com revólveres, ninguém sabe explicar como Belarmino acabou ferido no pé durante a salva de tiros. E teve que se tratar como era o costume naquela época em que por falta de recursos médicos tudo era feito à base de remédios caseiros.
O fazendeiro, por estimá-lo muito, designou a sua filha caçula para que cuidasse do ferido aplicando os curativos diários. E a caçula foi fazer o que lhe fora ordenado, com toda a bondade que sempre lhe foi característica. Chamava-se Sebastiana, e era uma menina muito meiga, fato que chamou a atenção tanto a Belarmino naqueles dias, quanto o faz hoje a todos com quem este ser divino convive. Então todos os dias ela fazia três curativos de remédio caseiro no acidentado pé dele.
E este, de tanto a ver começou a gostar dela.
Fato o deixou muito mais que apreensivo, pois sabia que não deveria jamais sequer pensar em ousar fazer qualquer coisa a respeito, pois mesmo os familiares da moça tendo muita afinidade com ele, certamente ninguém iria esquecer que ele era um empregado e nesse tempo quase esquecido no próprio temo, isso tomava qualquer romance quase que impossível.
E ardiam em seu ser sentimentos confusos e contraditórios como o desejo e o dever, ou o querer e o poder. Até que não agüentando mais teve que ao menos revelar à criatura que amava o quanto sonhava com ela. Em princípio a reação da moça foi de surpresa absoluta, já que ela nunca imaginara que isso fosse possível, seja por sua inocência, seja pela situação social em que estava imerso esse sentimento. E ambos sabiam que os irmãos da moça eram muito severos com relação aos relacionamentos das irmãs. Era uma família de alemães e tinham uma dificuldade muito grande em aceitar relacionamentos amorosos de pessoas que fossem de nacionalidades diferentes entre si.
Mas, o tempo foi passando e o sentimento quando é realmente verdadeiro tende sempre a aumentar com o passar do tempo, aumentando assim a aflição do jovem casal.
E Belarmino sabendo que não teria mais paz se não o fizesse, depois de muito penar por isso, convidou Sebastiana para fugir, o que era a única solução para o caso. Uma solução complicada, mas mesmo assim era uma solução. De tanto insistir acabou conseguindo convencer a jovem que tinha muito medo e sabia que isso era muito perigoso, não só pelo fato de ter que começar uma vida sem muitas perspectivas, mas também porque seu amado passaria a correr risco de vida.
Belarmino marcou o dia e o local, e nesse dia e local ambos se encontraram receosos e ansiosos por começar essa nova vida.
Quando os familiares da moça descobriram o que havia acontecido moveram céus e terra para encontrá-los; em vão porque o rapaz havia planejado muito bem o que sabia ser o passo mais importante de sua vida. Como acontece nesses casos, quando viram que não poderiam fazer nada para impedir um casamento que já se consumara, os pais dela acabaram tendo que aceitar o fato depois de algum tempo. E decidiram que deviam tentar fazer menos dura a vida de Sebastiana, dando-lhe um dote em terras. Decisão que nunca foi aprovada pelos irmãos da moça.
Destinaram setecentos e cinqüenta “milhões” de campos para o casal. Terreno onde estes construiriam sua casa e de onde tirariam seu sustento.
E onde vieram ao mundo seus primeiros filhos, Manoel Orlando, Maria Olívia, e Antônio que recebera este nome em homenagem ao único dos irmãos de Sebastiana que aceitava o casamento deles, mesmo tendo se passado doze anos de casamento quando do nascimento de Antônio. Então foi merecida a homenagem prestada ao rapaz que também foi o padrinho de batizado.
Mas, os outros irmãos além de não aprovar, mesmo depois de tanto tempo, pareciam ter um prazer quase mórbido em tomar o casamento dos dois um verdadeiro inferno.
Motivo pelo qual o casal resolveu que deveria vender sua propriedade e tentar a vida longe desses parentes que acreditavam estar com sua honra manchada pela presença do casal. A fazenda foi vendida para a família Roveda.
Foram para Lagoa Vermelha, onde se estabeleceram em uma área de pinheiro nativo. Se a área era menor pelo menos eles teriam um dinheiro para começar com a venda desses pinheiros. E Belarmino pôs à venda essa madeira, não demorando muito para aparecer um senhor querendo fazer negócio. Este ofereceu um bom preço e depois de ter ido com ele até sua serraria em Lagoa Vermelha, o agora feliz e sonhador Belarmino fechou o negócio, voltando da cidade com o contrato assinado.
Nesse contrato constava que o pagamento seria feito quando da retirada da última carga de madeira. Clausula que chegou a preocupar o vendedor, mas essa preocupação demonstrou-se infundada quando depois de retirar a última carga, como havia prometido o homem da serraria apareceu com uma mala cheia de dinheiro para efetuar o pagamento. E uma mala que não era nada pequena, pois foram quinze dias de trabalho quase ininterruptos onde quatro caminhões rodavam sem parar. Depois que Belarmino conferiu o dinheiro que estava certo, o comprador foi embora. E naquela noite ninguém dormiu, porque estavam alegres por ter feito tão bom negócio e também por ter tanto dinheiro em casa. Isso daria para comprar mais terras e ficar em Lagoa Vermelha com a mesma quantidade que possuíam quando estavam com os pais de Sebastiana em Vacarias.
No dia seguinte bem cedo toda a família já estava em atividade. Belarmino que era uma pessoa muito precavida com relação aos cuidados que se deve ter com o dinheiro ordenou a seu filho Manoel Orlando que enchesse uma carroça de lenha e colocando a tal mala de dinheiro por debaixo da lenha se dirigiu à cidade, onde depositaria este grande motivo para sonhar em um banco, e assim se garantir.
O gerente quando o viu com tanto dinheiro dedicou-lhe mil amabilidades. E sentado confortavelmente, Belarmino sonhava, conversando com o gerente enquanto esperava o recibo da transação bancária, foi quando entraram vários policiais de arma em punho ordenando-lhe que ficasse parado e informando-o que ele estava preso. Surpresa total para ele. O gerente havia chamado a polícia.
Só depois de preso é que soube o que estava acontecendo; o dinheiro que ele havia recebido e que tentava depositar era falso. E o delegado queria saber onde ele arranjara aquela quantidade enorme de notas falsas. Ele contou toda a história e para confirmar propôs que eles fossem à serraria para a qual vendera sua madeira. E nova surpresa chegando lá. O dono da serraria afirmou que não conhecia Belarmino, e que comprara a madeira de outra pessoa, mostrando o contrato de compra e venda para confirmar. Com efeito; o dono da serraria era outro senhor e comprara a madeira do homem que havia enganado o antes tolo e sonhador, agora desiludido e enrascada Belarmino.
E só conseguiu depois de muito explicar, ser solto porque os policiais acreditaram que ele fora mais uma vítima de uma quadrilha que estava agindo na região.
Com mais esta desventura em sua vida o infeliz se sentiu desorientado, seu terreno valia bem pouca coisa com todos aqueles tocos de pinheiro que teriam de ser retirados se quisesse plantar. E como ele não tinha nem dinheiro nem ânimo para tal tarefa, resolveu vender sua propriedade e se lançou numa série de atividades, também sem sucesso algum.
E eis que um dia chegou à vida do casal um jato de luz, contraditoriamente, com a morte da mãe de Sebastiana; fato que a fazia herdeira de uma quantia em dinheiro que daria novo alento à suas combalidas vidas. Enquanto estava na casa de sua família, para os funerais de sua querida mãe, a mulher recebeu a proposta de seu irmão mais novo Antônio.O seu irmão que sempre fora bondoso com o casal, de que se Sebastiana quisesse poderia assinar uma procuração em nome dele e este lhe resolveria a questão da herança, evitando assim mais desgastes com os outros irmãos que não a aceitavam na família. Ela ficaria esperando e quando ele tivesse acertado a questão da venda das terras lhe passaria o dinheiro.
Pobre e desafortunada Sebastiana, a fazenda foi vendida......?? Mais que querido irmão.
Para que ela se sentisse pior ainda, levou logo em seqüência outro grande choque.
Só que desta vez foi a vida que lhe aplicou o golpe. Perdeu seu companheiro em um acidente de trânsito, e este desafortunado como sempre fora, não deixou nada além de boas lembranças, seu bom e honesto nome, e nove filhos para criar.
Deixou também sua estimada lembrança e a certeza confortadora de que está junto ao criador zelando pelos seus. Um homem que em sua vida desfavorecida pela sorte, sempre viveu honestamente, nunca matou ninguém, jamais esteve em prisão alguma, não roubou nada, deixa certamente nos deixa também uma coisa muito valiosa: seu bom exemplo. A quem sempre procurou ser fiel. Obrigado, pai. Por tudo.
Fonte de informações:
Pagina da Internet de Muitos Capões e
De minha lembrança.
21 de Fevereiro de 2010-02-21
Antonio Monteiro da Silva.
HOTMAIL: antoniomonteirodavies@hotmail.com.