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sábado, 28 de agosto de 2010

ENTRE LÁGRIMAS E SANGUE

LAGRIMAS E SANGUE SANGUE
Historia real

Batendo o martelo nas coxas, já calejados pelos anos, Valdemar com aparência jovem apesar dos seus 50 anos, sorriu a me ver, reconhecendo-me como irmão de Orlando, seu funcionário.
O Sapateiro Valdemar era morador na cidade de Lagoa Vermelha no Rio Grande do Sul, na Rua Benjamim constante entre o correio e principal colégio onde eu concluo o 5° ano primário, sapateiro é porque bate sapato. Valdemar tinha duas grande paixão, o seu filho de 7 anos, e o Esporte Clube Internacional de Porto Alegre e sua esposa é claro. Apesar dos meus 10 anos de idade, pergunto a ele, querendo puxar conversa só para ouvir a sua voz otimista, falar do Colorado e de seu filinho Pedrinho que no momento estava ao seu lado na banca Um menino lindo, esperto e que pela sua graciosidade conquistou a admiração de todos os seus funcionários da sapataria, e de todos que o conhecia, Pedrinho era o seu encanto, quando Valdemar precisava ir ao Banco ou a outra atividade fora ,Pedrinho lhe acompanhava, Valdemar mais brincava com seu filho Pedrinho do que trabalhava, mais que de amor paterno, materno.
O meu irmão Orlando já há muito tempo trabalhava com ele, eu admirava o seu trabalho, queria também trabalhar de sapateiro, por este motivo lhe procurei e pedi que me contratasse também.
Valdemar ao ouvir a solicitação daquele menino franzino correndo os olhos por cima dos óculos viu em meus pés um par de chuteiras, perguntou-me se eu jogava futebol, mais que depressa lhe respondi que sim, foi aí que seu Valdemar me perguntou qual era o meu time de Porto Alegre, não respondi, balanceei a cabeça assinalando que não sabia responder a sua pergunta. Valdemar energicamente me perguntou se eu torcia pelo Internacional ou Crêmio pensei um pouco e arrisquei em falar que torcia pelo Internacional, bruscamente Valdemar falou está empregado aqui na minha sapataria, na minha empresa só contrato se for torcedor do Internacional. Valdemar me alcançou um martelo e um coro cru para bater até ficar bem compactado, na época solado de calçado era assim na base do martelo que montava solado.
O tempo passava, eu já estava me garantido em muitas coisas na sapataria, mas o meu esporte de jogar futebol eu não desistia. Valdemar um belo dia foi-me ver jogar futebol no campo das Caveiras em Lagoa Vermelha na época era o estádio oficial. Valdemar se admirou do meu futebol, entrou em contato com a diretoria do Internacional da capital lá fui fazer um teste, fui escolhido para ir para Porto Alegre na escola. Mas os meus pais não aceitaram, imaginando uma criança com apenas 10 de idade ir para tão longe jogar futebol? Na época o esporte não era tão valorizado como hoje em dia, eu também não fiz muito esforço de ir, mesmo por que não tinha a dimensão da importância daquela proposta.
Lá pelos anos de l953 bem me lembro, era um sábado aproximadamente 05h00minh da tarde todos os funcionários faziam uma faxina na oficina onde confeccionava calçados enquanto o seu Valdemar atendia um freguês mostrando lhe um revolve só que ninguém imaginava que estávamos próximos em presenciar uma tragédia, até hoje nunca vi outra igual, não só abalou todos os funcionários como também a população da cidade de Lagoa Vermelha. O velho sapateiro Valdemar depois de retirar todas as munições do cilindro do revolve, assim ele achava, ficou um Project, e ao apertar o gatilho detonou a bala que estava no canhão ad arma atingindo a cabeça de Pedrinho. Valdemar vendo o seu filho gravemente ferido jorrando sangue desesperadamente aos gritos e berros, pedindo socorro agarrou o seu filho Pedrinho em uma velos disparada com uma das mão tentando estancar a hemorragia da cabeça do pobre menino, todo ensopado de sangue corria pelas ruas da cidade em direção do hospital Lagoense que ficava a uns 1500 metros do local da tragédia. Na época era muito difíceis as pessoas terem carros ou ambulância, corpo de bombeiro, mesmo que tivesse o desespero era tão alarmante que pelo impulso da situação de um pai desesperado vendo o seu filho a beira da morte, não tinha condições de raciocinar, era correr em direção de recurso o mais rápido possível. Ao ver aquele homem com o seu filho banhado de sangue correndo, todos os funcionários seguiram atrás, se revezando no transporte daquela criança a beira da morte. Ao chegar ao hospital logo foi atendido pelos médicos, mas nada podia ser feito uma grande parte do cérebro tinha se perdido no caminho, só restou à dor de um sofrimento que penetrava cada vez mais profundo de quem observava a quela tragédia. A sapataria foi coberta de luto por muito tempo, a oficina ficou fechada, os pais de Pedrinho entraram em uma de preção violenta, na época todos que as conheciam achava que eles tinham ficado loucos por tanto sofrimento, somente hoje se sabe que ambos entraram em depreção. Até hoje pelo que sei não foi explicado como foi que a casa dos pais do Pedrinho pegou fogo queimando tudo, ficou intacta a oficina onde funcionava a sapataria. Pelo meu conhecimento depois de muito tempo aos poucos foi voltando a vida normal da família. Este trauma eu ainda carrego na minha lembrança, com 10 anos apenas, eu nunca tinha presenciado uma tragédia desta envergadura ainda mais com respingo de sangue na minha roupa, de vês enquanto eu sonhava me vinha na mente aquela sena horrível com aquela terrível tragédia, aos poucos fui esquecendo, hoje só me resta a lembrança desta terrível sena de dor e de sofrimento. No meio dessa tão grande tristeza alguém partiu sem se despedir; foi triste! Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval, uma pessoa se perda da outra, procura por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito, depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Pedrinho e o seu pai não se despediram, Eles não se despediram, porque a vida é que os despediu, cada um para seu lado.
Permitimos que eles guardassem a sua tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de culpa se for Deus me em parará. Apesar da minha pouca idade senti que eu tinha morrido um pouquinho de ver uma criança tão bem amada partir deste mundo de uma forma tão trágica pelas pro pias mãos do pai, acidentalmente, mas aconteceu.
Chore a perda de seu querido, mas não deixe que morra também no único lugar em que deve permanecer vivo. Dentro de você era a frase que todos os seus amigos lhe diziam. Neste momento palavras perdem o sentido diante das lágrimas contidas nas saudades que iremos sentir. A dor é tão necessária como a morte. Por isso sabemos Pedrinho que você tem que ir, mas ficaremos aqui torcendo pelo seu sucesso hoje e sempre. Que você faça mais histórias maravilhosas e intensas como foi a nossa.
Hoje é apenas a última vez que você verá as pessoas que conviveu no trabalho, na escola, na Igreja na rua, lá na nossa sapataria onde você pretendia seguir a profissão do pai, agora daqui para frente terá outros amigos será o início de uma vida de convivência de amigos eternos, nos aguarde, porque um dia todos nós iremos nos encontrar em um mesmo lugar, isso se tivermos o teu espírito de criança como você, o corpo envelhece mas o espírito tem que conservar criança, Jesus Cristo falou. “Venha a mim as criancinhas.
Esta triste historia e verdadeira, vivenciada e escrita pelo próprio historiador Antonio Monteiro.
Talvez fosse aí que nasceu a minha vontade de estudar a medicina, diante de tanta agonia do pai, entregando o seu filho nas mãos dos médico, com os olhos banhado de lágrimas pedindo pelo amor de Deus que o salvasse, e não foi possível, na minha inocência, o médico não se esforçou em salvá-lo
Somente quem conhecia a gravidade tinha condições de avaliar o destroça mento da massa cefálica deixada no calçamento de pedra irregulares das ruas da cidade.
Estudar para médico? Quem leu um dos meus livros principalmente escalada do destino que Às vezes eu me pergunto será que foi devido este acontecimento que eu optei em querer eu escrevi em 1991 lançados pela fundação Cultural de Curitiba, sabe o que estou tentando explicar.
Historiador: Antonio Monteiro da Silva